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Cidades

Moradores culpam "remendos" por rachaduras

Redação | 03/02/2010 07:50

Na rua Alagoas, no trecho que vai da esquina com a rua Ceará até o cruzamento com a Maranhão, em Campo Grande, moradores sofrem há cerca de cinco anos com crescentes rachaduras nas paredes e no chão das residências. A causa, segundo eles, são os "remendos" no asfalto.

Os moradores contam que o problema se agrava a cada vez que são realizados consertos no encanamento da via, e para isso é aberto novo remendo. Com a passagem de ônibus e veículos pesados, os tremores afetam a estrutura dos imóveis.

Na oficina do comerciante Cedenilson Coelho, de 42 anos, a rachadura que começou pequena há quatro anos tem aumentado a cada dia. "Já dá para ver do outro lado da parede", aponta.

Ele explica que a estrutura não cedeu apenas porque foi chumbado um ferro no telhado, o que acabou firmando as paredes.

Ao procurar um profissional, o comerciante foi informado de que teria que terá de fazer uma amarração e depois chumbar uma tela, a fim de impedir que o problema comprometa parte da estrutura do prédio.

Apesar de acreditar que o transtorno é causado pelo desleixo no reparo do asfalto, o comerciante terá que arcar com o prejuízo sozinho. "A proprietária do imóvel já disse que não vai se responsabilizar", lamenta.

Para ele, o argumento da causa ser o asfalto é comprovado pelo fato de que o lado do prédio que fica na rua Ceará não apresenta nenhuma rachadura. Já na parte que fica na rua Alagoas, a fissura na parede não para de crescer.

Com a casa construída há seis anos, o advogado Roberto Franco Melo, de 43 anos, explica que já teve que fazer reparos emergenciais no telhado por conta do problema. "Só não tem mais rachaduras porque a casa foi bem construída", pontua.

No quintal, vários azulejos estão quebrados e fica claro o desnível no terreno, problema que não existia quando a casa foi feita.

Ele também atribui a situação aos desníveis provocados pelos remendos no asfalto. '"Você tem o peso do ônibus passando em vários cortes", justifica.

A cada seis meses, Roberto conta que têm que passar cimento no vão que se forma entre os pisos e a parte inferior da parede, no rodapé. "Se não faço isso começa a infiltrar", explica.

O advogado afirma que não perdeu a piscina da casa apenas porque ela é feita de vinil, porque se fosse de azulejo não teria resistido aos tremores. O piso ao redor dela está trincado em vários pontos.

Transtorno - Para o funcionário público Edivaldo Alves Vieira, de 54 anos, além de ter que lidar com as rachaduras na casa os retalhos na rua trazem transtorno.

Isso porque cada vez que o ônibus ou um caminhão pesado passa pelo local, o chão treme, fazendo um barulho "ensurdecedor". O morador chegou a gravar o som e os movimentos que podem ser sentidos dentro da casa.

O relato de incômodo é confirmado pelos vizinhos. Para muitos deles, um simples recapeamento do trecho da Alagoas resolveria o problema.

Crea - Segundo o engenheiro civil e assessor técnico do Crea (Conselho Regional de Engenharia, Economia e Arquitetura) de Mato Grosso do Sul, Edson Shimabukuro, a explicação dos moradores é plausível e há várias reclamações semelhantes em outros pontos da cidade.

Ele afirma que os remendos no asfalto podem sim intensificar a força dos tremores provocados pelos veículos, e provocar desnível no chão. "Esse impacto é transmitido para as residências", diz.

Desta maneira, aquelas que não possuem rachaduras podem começar a apresentar o problema, e aquelas que já tem uma tendência para isso têm a situação agravada.

Shimabukuro ressalta que o problema afeta principalmente residências que não tem estruturas resistentes. Mas não descarta que mesmo aquelas bem construídas possam ser prejudicadas.

Segundo ele, a recomendação do Crea para esses casos é que os moradores se reúnam e paguem um perito que elabore laudos comprovando que as rachaduras foram causadas pelas falhas no asfalto.

A partir daí, eles podem mover uma ação conjunta contra a Prefeitura e contra a empresa que faz a manutenção da rede de esgoto e é a responsável pelos remendos no asfalto.

Outra opção é acionar o Ministério Público e solicitar a perícia. Nesse caso, os honorários são cobrados daquele que perder o processo.

"Sem tem reclamações, mas nunca vi as pessoas entrarem com ação porque não se organizam", observa o engenheiro.

Os moradores registraram o problema em vídeo e o incomodo com o barulho provocado pelos ônibus ao passarem pelo desnível no asfalto. Veja as imagens:

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