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Cidades

MS precisa de ações que combatam o contrabando, reforça fórum nacional

Paulo Nonato de Souza | 25/12/2016 08:44
Edson Vismona, presidente do Fórum Nacional Contra a Pirataria e do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Foto: Google)
Edson Vismona, presidente do Fórum Nacional Contra a Pirataria e do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Foto: Google)

O presidente do Fórum Nacional Contra a Pirataria e do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial, Edson Vismona, defende ações em Mato Grosso do Sul contra problemas que potencializam a criminalidade no País. Por fazer fronteira com dois países, Paraguai e Bolívia, é considerado um Estado estratégico, uma área sensível e deve merecer atenção especial e urgente do Programa Integrado de Proteção de Fronteiras, lançado no dia 16 deste mês pelo presidente Michel Temer.

“Precisamos de medidas efetivas e soluções imediatas para coibir a entrada diária de mercadorias ilegais oriundas do Paraguai, e Mato Grosso do Sul, junto com o Paraná, é um dos principais corredores que o crime organizado utiliza para a entrada de produtos ilícitos no Brasil”, disse Edson Vismona em entrevista ao Campo Grande News, por telefone.

Quando o assunto é investimento em segurança de fronteira, ressaltou Vismona, fala-se muito em tráfico de drogas e de armas. “Mas não é só isso. Tem o contrabando de produtos que geram enormes prejuízos ao nosso país, como cigarros, eletrônicos e medicamentos, e para coibir tudo isso só com investimento em mais policiamento, ação de integração das policias e mecanismos de inteligência”, ressaltou.

Vismona se baseia em dados do IDEST (Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras), que mostram Mato Grosso do Sul como rota de distribuição de produtos ilícitos que entram no Brasil vindos do Paraguai e da Bolívia e são distribuídos para os estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal.

Na fronteira com o Paraguai, cigarros, eletrônicos, medicamentos, cosméticos, drogas e armas são as mercadorias contrabandeadas com maior incidência, e na fronteira com a Bolívia as mercadorias mais comuns são cigarros, bebidas, vestuários, pneus e drogas, que entram no país pela BR-267, BR-262, BR-060, BR-163, BR-463, BR-419 e BR-158.

Segundo Vismona, por falta de ações mais efetivas para coibir a entrada diária de mercadorias ilegais, o Brasil está perdendo espaço para o crime organizado nas regiões de fronteira, e no caso de Mato Grosso do Sul com Paraguai e Bolívia o quadro não é diferente.

Com a chamada fronteira seca, um trecho de 1.131 km de estrada de chão que margeia cidades como Mundo Novo, Sete Quedas, Paranhos, Coronel Sapucaia, Aral Moreira, Ponta Porã, Bela Vista e Antônio João Moreira, e passa quase que em sua totalidade por propriedades rurais, sem nenhuma infraestrutura e nenhum policiamento em seu percurso, Mato Grosso do Sul é considerado área favorável ao fluxo do contrabando.

“O Brasil precisa sair da falação e partir logo para a ação. Por enquanto, tudo que é falado vira relatório de intenções, mas temos que sair das boas intenções para as boas ações. O novo plano de segurança nacional do Governo Federal deve ter recursos de R$ 700 milhões para investimento, e parte disso tem que ser aplicado em segurança de fronteira. O Brasil começa pelas fronteiras e é fundamental que as medidas necessárias sejam imediatamente aplicadas”, advertiu.

Estudo realizado pelo IDEST com o título de “O Custo do Contrabando” revela que a primeira atitude de uma criança aliciada pelo crime organizado é abandonar a escola, e na maioria dos casos acaba se perpetuando em um ciclo já traçado pelos próprios pais, que fazem do contrabando sua profissão por falta de expectativa de algo melhor.

Por isso, Edson Vismona considera que ao lado da repressão para coibir o contrabando, o tráfico de drogas e de pessoas, sejam também adotados mecanismos de desenvolvimento econômico e social das regiões de fronteira.

“A fronteira não pode continuar como região de ninguém. Isso exige ações paralelas do governo federal com investimento em geração de empregos, saúde e educação para criar perspectivas e tirar a atração que o crime organizado exerce sobre as pessoas que vivem nessas regiões”, comentou o dirigente do Fórum Nacional Contra a Pirataria e do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial.

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