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Cidades

PM lança policiamento escolar na Capital

Redação | 02/06/2009 19:58

Em estado de alerta vivem professoras da Escola Municipal Ione Catarina Gianotti Igydio no dia-a-dia de trabalho. A violência no bairro Noroeste faz parte da rotina da maioria dos alunos e exige dos educadores mais do que vocação para ensinar, exige habilidade para desfazer a tensão do bairro que é trazida para as salas de aula.

"Atenção constante no ambiente, se ignorarmos os fatos de fora refletem aqui dentro", comenta uma professora que não quis se identificar

Segundo uma de suas colegas, no Noroeste a maioria das famílias tem algum vínculo com os detentos do complexo penitenciário. E qualquer conflito que acontece no bairro acaba, de uma forma ou de outra, gerando tensão na escola.

Diante de tanta reclamação sobre o cotidiano violento, a partir da próxima semana, a PM (Polícia Militar) estará mais presente nas escolas públicas de Campo Grande.

De acordo com o coronel Oscar Rodrigues, comandante do Policiamento Metropolitano, o planejamento da ação será finalizado nesta semana, assim como o treinamento dos policiais que irão atuar no policiamento escolar.

O coronel explica que cada batalhão irá disponibilizar duas viaturas, com dois policiais cada, para as ações. Cada batalhão será responsável pelas escolas da região que atende.

Os policiais também irão conversar com diretores, professores e funcionários das escolas para saber da necessidade naquele dia de policiamento. Se a situação estiver tranqüila, vão para outra escola e fazem o mesmo trabalho. Caso houver situação de risco, será chamado reforço.

A operação será realizada das 6h45 às 23h, de segunda à sexta-feira. Só não haverá policiamento escolar no período de férias dos alunos.

Relatos - "Quando alguém tem um desentendimento, seja aluno ou parente próximo, de alguma forma isso vem parar aqui", conta outra professora do Noroeste. "Começa um boato de que vai ter briga na hora da saída aí agente tem de chamar a guarda municipal para evitar o confronto".

Conforme um das professoras, o cotidiano doméstico de alguns alunos os fazem não saber diferenciar a violência de um convívio saudável. "Chega um e conta que outro bateu nele. A gente vai verificar, chamar a atenção, e ele fala que não, diz que só deu um tapa. Xingam e falam palavrões como se isso fosse normal".

Para as educadoras a falta de opção de lazer e ocupação é um dos principais problemas que a comunidade vive. "Eles são abandonados pelo poder público", comenta outra professora. "Uma tentativa para amenizar é aproximar a escola da comunidade, temos o Projeto Escola Integrada e o Escola Viva, que oferecem cursos profissionalizantes para alunos e pais".

Apesar de sofrer com a violência ao redor, as professoras tem a sensação de que a escola é preservada pela criminalidade que atua no bairro. "Nós somos a única coisa que eles têm, se a escola fechar, não terão nada para fazer".

A violência no Noroeste assusta a diarista Marli Vilerenga (28), que tem quatro filhos na escola. Para evitar que eles passem por problemas, ela vai todos os dias pegá-los. "Aqui [no bairro] uma confusão começa por pouca coisa. Minha filha mais velha já foi agredida por outra aluna dentro da escola, ela levou uma paulada na cabeça. E sempre tem grupinhos do lado de fora esperando as crianças", relata.

Na Escola Municipal Consulesa Margarida Mackssoud Trad, que já passou por um período de grande violência há um ano e meio atrás, a diretora Márcia Domingues Ferreira, conta que hoje a situação mudou. Segundo ele, isso foi possível devido ao envolvimento da escola com a comunidade.

"Nós abrimos os portão para as pessoas. No ano passado disseram que eu era loca por liberar a festa junina para os moradores. Mas foi muito bom, tivemos quatro mil pessoas aqui e nenhum problema", comenta.

Apesar de a diretora dizer que a violência passa longe de sua escola, os muros foram levantados para mais de três metros, e um sargento do 9º Batalhão da Polícia Militar faz regularmente palestras para prevenir o crime.

Ação - Para uma das professoras da escola Ione Catarina Gianotti Igydio a ação da PM é muito positiva e deveria ser realizada com mais freqüência, mas destaca que o resultado, no Noroeste, vai depender de como os policiais fizerem as abordagens aos alunos. "O pessoal do noturno tem horror de polícia. Eles reclamam que sempre são maltratados. Se tem alguém do lado de frota já mandam virar para a parede e sem fazer pergunta já revistam todos", relata. "Tem de ser sem truculência".

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