Polícia Federal investiga preconceito em loja de calçado
A terena Janaina Faustino, de 18 anos, ainda demonstra dificuldade em relatar como foi maltratada em uma loja de calçados de Campo Grande, no dia 04 de abril. Quando começa a contar, o relato é interrompido pelo choro.
Na manhã de hoje, a jovem foi à Polícia Federal denunciar a discriminação e ao delegado teve de detalhar o dia em que tentou fazer um cartão de crédito na loja da Meio Preço, na 14 de Julho, mas o cadastro foi negado pelo fato dela ser índia. A jovem foi acompanhada pelo Centro de Defesa dos Direitos Humanos - Marçal de Souza.
"Antes mesmo de qualquer verificação dos meus documentos, ao ver que a minha carteira de identidade é indígena, a moça disse que era política da loja não dar cartão aos índios", conta Janaina que pouco antes havia conquistado o cartão da Riachuelo.
"Humilhada", em pleno sábado de loja lotada, a moça diz que "baixou a cabeça" e saiu, mas foi advertida por uma amiga que acompanhou a cena constrangedora.
Ao voltar, para questionar o motivo da discriminação, a resposta foi repetida pelo gerente da empresa, conta Janaina. "Ele falou que existe uma ordem para que não fazer crediário para índio, porque índio não é responsável pelos seu atos. Isso é um absurdo".
O caso poderia ser encaminhado à Polícia Civil, como crime de preconceito, mas como a prática da loja é contra qualquer indígena, a Polícia Federal abriu inquérito para investigar a denúncia.
Na tarde de hoje, Janaina será formalmente ouvida.