Professores param e alunos ficam sem aula nesta 3ª feira
O protesto dos professores para pressionar pela aplicação do piso salarial deixou 70% das 369 escolas estaduais de Mato Grosso do Sul sem aula nesta terça-feira. O número de adesão foi divulgado pela Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul).
No colégio estadual Joaquim Murtinho, com 2,8 mil alunos, o cenário era de portões fechados e salas de aulas vazias. No local, a informação é que alguns alunos chegaram a ir para a escola, mas retornaram ao ser informados sobre a manifestação.
A paralisação não foi unânime. No colégio municipal Arlindo Lima, o dia nacional de protesto não mudou a rotina. A direção informou que houve reunião com os professores, que decidiram manter as aulas. O colégio tem 800 alunos.
Diferente de outros anos, quando os professores realizaram passeatas e panfletagens, o foco do protesto será a audiência pública, que acontece a partir das 13h30 na Assembleia Legislativa.
De acordo com o presidente da ACP (Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação Pública), Geraldo Gonçalves, o objetivo é colocar frente a frente os favoráveis e contrários ao piso nacional.
"Vai ter o deputado federal Carlos Abicalil (PT/MT), que defende o piso, além de representantes da Undime [União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação] e da Asomassul [Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul], que são contra".
A expectativa é que o debate lote o plenário da Assembleia. Entre 12h e 13h, ônibus sairão da ACP para levar os professores ao local. De acordo com o presidente da ACP, o dia de hoje será reposto de acordo com o calendário escolar definido por cada colégio. O mais usual é que o dia perdido seja reposto no sábado.
Supremo - A manifestação nacional pretende pressionar o STF (Supremo Tribunal Federal) para que julgue o mérito da Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) contra a remuneração e carreira no magistério.
A Adin foi proposta pelo governador André Puccinelli (PMDB) e mais 4 governadores. Eles questionam, principalmente, as alterações na jornada de trabalho dos professores, que obrigariam a contratação de mais profissionais.
De acordo com o presidente da Fetems, Jaime Teixeira, a remuneração por 40 horas semanais deveria ser de R$ 1.312, mas as prefeituras, diante da falta de definição no STF, conseguem pareceres jurídicos para pagar menos.
Para alguns, o valor só poderá ser corrigido após o julgamento do mérito da Adin pelo Supremo. O Governo estadual e mais 17 cidades pagam mais de R$ 1.312,85, valor considerado o piso ideal pela entidade.