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Cidades

Rede privada tem mesma demanda do SUS com nova classe média

Aline dos Santos | 28/08/2014 13:57
Em palestra no Consaúde, Carlos Figueiredo traçou perfil do setor privado. (Foto: Marcos Ermínio)
Em palestra no Consaúde, Carlos Figueiredo traçou perfil do setor privado. (Foto: Marcos Ermínio)

A ascensão dos segmentos E e D para a classe média pressiona a rede privada de saúde, que convive, cada dia mais, com um problema que aflige o SUS (Sistema Único de Saúde): excesso de pacientes. Para quem paga pelo atendimento médico isso reflete em prazos cada vez mais longos para marcar consultas ou fazer exames.

“Nos últimos 10, 12 anos, vivemos intensamente esse acréscimo de pessoas na classe média. Foi um momento muito favorável da economia do País, que gerou muito emprego. O próprio Mato Grosso do Sul tem praticamente o pleno emprego. Um grande fomentador de acesso aos plano de saúde são exatamente os empregos formais. A gente vem observando a mudança do perfil na classe média”, afirma o diretor executivo da Anahp (Associação Nacional de Hospitais Privados), Carlos Figueiredo. Nesta quinta-feira, ele foi um dos palestrante do Consaúde MS, congresso e feira de negócios que acontece até amanhã no Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo, em Campo Grande.

Segundo ele, os novos usuários buscam mais atendimentos, pois, antes, não conseguiam realizá-los na rede pública. “Busca fazer consultas e exames que antes não conseguia pelo SUS. Gera essa pressão da demanda pelo serviço”, salienta o diretor.

No entanto, o número de leitos e investimentos não cresce no mesmo ritmo. Conforme Figueiredo, até 2016 a rede privada precisa abrir mais 23 mil leitos em todo território nacional. “No Brasil, são aproximadamente 450 mil leitos, sendo 280 mil privados e 170 mil públicos”, diz.

Já os investimentos enfrentam as restrições ao capital estrangeiro e entraves tributários. “Precisa de reforma fiscal urgente para viabilizar os investimentos necessários para a oferta de novos leitos. E se não criar mecanismos para aumentar a oferta, os hospitais ficarão cada vez mais lotados”, alerta.

De acordo com ele, 25% da população brasileira tem plano de saúde. Mas há Estados, como o Rio Grande do Sul, que o percentual de cobertura supera 50%. O diretor executivo da Anahp defende a integração com o setor público.

“O setor privado tem financiamento e modelo de gestão. O setor público não tem financiamento, não tem modelo de gestão, mas tem modelo assistencial, coisa que o setor privado não tem. Praticamente um corpo a procura de uma alma e uma alma à procura de um corpo”, diz Figueiredo.

Segundo o superintendente executivo do Hospital Moinhos de Vento, Fernando Adreatta Torelly, ao menos três fatores simultâneos fazem os custo da saúde amentar: envelhecimento da população, doenças infecciosas e doenças de causas externas, como a violência.

“E 80% dos pagadores dos planos de saúde são as empresas. Mas como as empresas não tem como absorver o custo, o plano de saúde acaba pressionando o médico e o hospital para que tenham padrões de remuneração menores. O que significa dizer que está se criando um mercado de saúde privada de menor qualidade e um mercado de saúde privada de maior qualidade”, afirma o diretor do hospital localizado em Porto Alegre (RS).

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