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Cidades

Sem dinheiro, empresa de bitcoins desativa “mineração” no Paraguai

Para ilustrar que a crise de bitcoins é mundial, a defesa cita máquinas de mineração despejadas nas ruas da China

Aline dos Santos | 09/01/2019 10:32
Em 2017, filiados mantinham local para reunião na 14 de Julho, em Campo Grande. (Foto: André Bittar/Arquivo)
Em 2017, filiados mantinham local para reunião na 14 de Julho, em Campo Grande. (Foto: André Bittar/Arquivo)

Ré em Mato Grosso do Sul por suspeita de pirâmide e calote com criptomoeda, a MinerWorld desligou no último dia 15 de dezembro as máquinas de mineração que mantinha no Paraguai, sede da empresa. O motivo alegado para suspender a atividade-fim, que é justamente a "mineração" de bitcoins, foi financeiro, com mais despesas do que receita.

Ao informar à Justiça de Campo Grande sobre o desligamento temporário de suas máquinas, a defesa da empresa ainda cita a falta de saldo para depósito judicial em “razão dos altos custos de mineração, gastos operacionais básicos, do pagamento de passivo decorrente da demissão de funcionários e da drástica redução da rentabilidade do processo de mineração”.

No nascimento do bitcoin, chamado de “mineração”, os computadores conectados à rede competiam entre si na resolução de problemas matemáticos. 

De acordo com o advogado Rafael Echeverria Lopes, que atua na defesa da MinerWorld, é aguardado desbloqueio de capital nos Estados Unidos para efetuar os pagamentos em aberto no mundo todo.

Ele narra a derrocada da empresa desde o ano passado. A sequência inclui a ação judicial, que resultou na deflagração da operação Lucro Fácil; a ação de hacker nas contas da Poloniex, uma corretora de criptomoedas dos Estados Unidos; e a proibição judicial de obter novos clientes com o marketing multinível.

“Foi desativando, desligando funcionários, reduzindo a estrutura mínima para manter sua atividade. Em razão desse fenômeno, a gente tem a paralisação total”, afirma.

Para ilustrar que a crise de bitcoins é mundial, a defesa cita links sobre a China, maior mercado, com máquinas de mineração despejadas nas ruas, fechamento das “mineradoras” e venda de equipamentos de “mineração” por quilo.

A MinerWorld não tem previsão de quando as máquinas serão reativadas. “A gente depende de fatores externo, não tem controle sobre a cotação do bitcoin, flutua conforme o mercado”, afirma Rafael Lopes.

Juiz David fará audiência dia 24 de janeiro. Processo tem 8.468 páginas. (Foto: Paulo Francis)
Juiz David fará audiência dia 24 de janeiro. Processo tem 8.468 páginas. (Foto: Paulo Francis)

Varredura - No próximo dia 24, a Justiça fará audiência para rastrear contas em busca de dinheiro. A medida foi determinada pelo juiz da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos de Campo Grande, David de Oliveira Gomes Filho.

A ação tem 8.468 páginas e mais de 300 pessoas que cobram prejuízo. A suspeita de pirâmide foi denunciada à CVM (Câmara de Valores Imobiliários), que acionou o MP/MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). A Câmara de Valores Mobiliários concluiu que a MinerWorld aparenta dispor proposta fraudulenta com características de pirâmide financeira.

Foi citada a Lei 1.521/51, sobre crimes contra a economia popular. A legislação estabelece que é crime “obter ou tentar obter ganhos ilícitos em detrimento do povo ou de número indeterminado de pessoas mediante especulações ou processos fraudulentos”.

A MinerWorld negou irregularidades e afirmou ter sido vítima de uma fraude que rendeu prejuízo, em abril, na ordem de R$ 23,8 milhões – e que teria ocasionado as reclamações dos investidores que, desde 2017 alegam não conseguirem realizar saques de seus investimentos.

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