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Cidades

Senadora culpa soja e cana por problemas de índios em MS

Redação | 24/03/2010 17:20

A senadora Marina Silva (PV-AC) culpou o avanço do plantio de soja e da cana-de-açúcar, juntamente com o crescimento da pecuária, pelos problemas com os índios Guarani-Kayowá em Dourados.

O tema foi debatido na reunião da CDH (Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa) do Senado na tarde de ontem. A senadora Marina Silva (PV-AC) foi autora do requerimento para a reunião e voltou a cobrar do governo federal solução para os problemas dos indígenas.

Estavam presentes na reunião representantes do governo federal, especialistas, autoridades do Estado e lideranças indígenas.

A senadora também informou que os conflitos fazem com que muitos Guarani-Kaiowás abandonem suas terras, o que causa desagregação cultural, dificuldades de emprego e sobrevivência. De acordo com o site da Agência Senado, Marina também relacionou o problema de alcoolismo, suicídios e desnutrição com a questão das terras.

O procurador federal de Dourados, Marco Antonio de Almeida, afirmou que o problema é de difícil solução, já que as terras tiveram valorização com a expansão das fronteiras da cana-de-açúcar, para produção de etanol, e da soja. A maioria dos empreendimentos, conforme salientou, recebeu recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

O procurador ressalta que os empreendimentos são legais. No entanto, ele defendeu que recursos do banco sejam priorizados para os índios.

Já o antropólogo Rubens de Almeida sugeriu a realização de um profundo estudo técnico antropológico para identificar as origens das terras reivindicadas pelos indígenas e sua extensão, entre outros aspectos.

José Antonio Roldão, presidente da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), garantiu que o governo do estado está empenhado em resolver a situação dos índios, "respeitando a cultura e resgatando a dignidade de cada comunidade".

Roldão disse que o governo vem colocando em prática programas de atendimento a várias comunidades indígenas, com distribuição de alimentos, fortalecimento da produção agrícola e construção de casas e de escolas.

O relatório do Comitê para Eliminação da Discriminação Racial da Organização das Nações Unidas (ONU), elaborado pela ONG Survival International, informa que há registro de casos de assassinato, suicídio, desnutrição e alcoolismo entre os Guarani-kaiowá.

Oferta - Ainda não há produtor rural em Dourados que esteja disposto a vender suas terras para o governo federal. No final de fevereiro o presidente Luis Inácio Lula da Silva pediu ao deputado federal Dagoberto Nogueira (PDT) que providenciasse terras para que a União comprasse e cedesse aos índios, para acabar com disputas agrárias.

Um mês depois, nenhum produtor de Dourados quer vender as terras. O vice-presidente da Acrissul (Associação de Criadores de Mato Grosso do Sul), Jonathan Barbosa, disse que ainda não enviou o relatório com as terras à presidência da República por causa desse fato. "O presidente ressaltou que o problema de Dourados, onde a situação é pior, é prioridade. E ninguém se ofereceu, ainda", contou.

Um fazendeiro que tem terras ao lado da aldeia disse que pode vender dois mil hectares, mas ainda não confirmou. Barbosa disse que o produtor está na Bolívia e volta no fim do mês para tomar uma decisão.

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