Sonho do "carro próprio" aumenta casos de estelionato, alerta delegado
Um círculo formado pelo consumismo, vaidade, ganância e a facilidade nas vendas tem alimentado o tráfego de veículos ilegais no Estado e nos países vizinhos e ampliado os casos de estelionato. É o argumento do delegado Valmir Moura Fé, da 6° Delegacia de Polícia, no bairro Tijuca, em Campo Grande.
Nos últimos três anos, afirma o delegado, os casos de estelionato originados de vítimas que adquirem veículos é de 70%.
“São vários fatores que levam a isso. O comprador vai a concessionária para comprar um carro popular, cai no papo do vendedor, que promete por tantos mil a mais, um veículo de mais luxo e a partir daí começa essa cadeia”, explica o delegado.
Ele lembra que, além do valor do veículo, o comprador não pensa na hora da compra, que ainda tem mais gastos, como a gasolina, IPVA, seguro, entre outros que o deixa sem alternativa a não ser se desfazer do veículo.
“O estrago já está feito, como existe um vínculo com o banco, na maioria dos casos, no desespero os proprietários passam o veículo para a frente com um contrato verbal. O novo proprietário mantém o ciclo e passa para outra pessoa e por aí vai até chegar as mãos de bandidos e traficantes”, descreve o delegado.
A instrução da polícia é de que os consumidores saibam o quanto podem gastar. Se tiver uma quantidade de dinheiro guardada, que tente adquirir o veículo a vista e não entrar em financiamentos ou compromissos a longo prazo.
O delegado recomenda ainda que se acontecer e não existir outra alternativa, que passar a frente, que seja feito um contrato escrito e registrado em cartório. “Em diversos casos, só para não ter problema com o banco, a pessoa passa pra frente de qualquer jeito, sem ganhar nada em cima e aí começa esse troca-troca que pode chegar até o tráfico e crimes”.
O que fazer? - Se você já fez tudo isso que o delegado não recomendou acima e não tem mais o paradeiro do veículo, algumas instruções devem ser seguidas.
Primeiramente, ir até a delegacia mais próxima registrar um boletim de ocorrência de “Preservação de Direito”.
“Não adianta achar o carro, ir com uma chave escondido e levar o carro de volta, pois se configura um novo crime e agora contra você”, salienta o delegado.
No Detran (Departamento Estadual de Trânsito) é possível fazer um registro de restrição ao veículo, assim ele será impossibilitado de ser passado a frente e caso caia em qualquer tipo de blitz constará a pendência a ele.
Ir ao banco tentar explicar sua história pode ser outra atitude a ser tomada para evitar problemas maiores.
“O carro é como uma arma, se você não cuida, mesmo que acidentalmente pode matar”, avisa o delegado.
Após recuperados os veículos, se ele não foi usado em nenhum crime, é entregue a justiça e leiloado nos famosos leilões populares. Caso tem sido apreendido em alguma ocorrência, pode ser doado a polícia para ser utilizado como viatura a paisana, geralmente aplicado a veículos mais novos.
O delegado do 6° DP ressalta que após o veículo ter ultrapassado a fronteira com a Bolívia, não há mais ações legais a serem tomadas pela polícia e a justiça brasileira.