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Em Pauta

"Solução" para a heroína nos EUA: deixar viciados morrer

Mário Sérgio Lorenzetto | 26/07/2017 07:11
"Solução" para a heroína nos EUA: deixar viciados morrer

Nada de Cracolândia, nada de internação, nada de socorro. Alguns Estados e cidades norte-americanos enveredaram pelo caminho de não socorrer quem tem overdose de heroína. Só no ano passado, mais de 60.000 pessoas perderam a vida por causa da epidemia. Foi a principal causa de mortalidade para aqueles que têm menos de 50 anos de idade. Mais que o câncer, as armas ou acidentes de carro. Cerca de 35.000 dessas mortes foram devidas à heroína comprada de traficantes. As outras 25.000 foram devidas a derivados do ópio prescritos por médicos, as receitas triplicaram. Há mais de 2 milhões de dependentes de heroína. Uma praga legal que começou a crescer nos anos 1990 e que agora, depois de décadas de imensos negócios - legais ou ilegais - romperam os diques de contenção.

Há muitas prefeituras que estão se negando a fornecer o Narcan (naloxona), um antagonista da heroína que reverte de modo fulminante a overdose. Esse tratamento, que custa um pouco mais de US$40, representa a salvação diária de milhares de toxicômanos. Somente 38 Estados estão atendendo os dependentes, os 12 demais aguardam posição e dinheiro federal. O Congresso aprovou um plano extraordinário de US$1,1 bilhão para o tratamento de overdoses, mas é dinheiro insuficiente. Em Maryland declararam estado de emergência. Em Ohio, a promotoria processou os cinco maiores fabricantes de derivados opiáceos por "fomentar o vício". Mas nenhuma dessas ações têm surtido nem mesmo o mais diminuto efeito. O maior debate que ora ocorre nos EUA é se abandonam os dependentes à própria sorte ou se continuam a lhes administrar Narcan.

"Solução" para a heroína nos EUA: deixar viciados morrer

Leis bizarras no Brasil

Éramos o país do futebol, passamos a ser o país dos juristas. Em pouco tempo, todos passaram a "entender" de leis. Não existe mais a necessidade de estudar direito, basta ter vontade e um computador para criar leis ou entendimentos. Criamos até um "Tribunal" constituído por jornalistas, o canal Globonews converteu-se em uma sala de decisões dos não togados, um ótimo canal de comediantes. Mas, tal como no futebol, somos campeões em produção de leis, só nos falta uma máquina de criar leis atendendo a alguma lei mercantil como o "Taylorismo", "Fordismo" ou "Toyotismo" - leis criadas em uma esteira industrial. Mas é pouco, "só" temos 100 mil leis em vigência. As campeãs brasileiras (por enquanto):

1. Em "Defeza do Purtuguêis". Em Pouso Alegre (MG), os donos de outdoors com erro de ortografia, regência e concordância são multados em R$500. Para banners e faixas a multa é de R$100.
2. Fruto proibido. A inofensiva melancia, quem diria, foi proibida em Rio Claro (SP), acusada de ser agente transmissor de tifo e de febre amarela.
3. Preguiça de ecologistas. É o velho jeitinho brasileiro. Como os fiscais não trabalham aos sábados e domingos, a lei "resolveu" o problema: as multas para crimes ambientais, quando praticados em finais de semana, aumentam para desestimular as agressões ecológicas.
4. Mas a campeã das campeãs é a lei de Barra do Garças (MT). Criaram um aeroporto para os discos voadores com 5 hectares na Serra do Roncador, tradicional reduto de ufólogos. Como os ETs são azarados por natureza, o "Discoporto", como ficou conhecido o projeto, ainda não saiu do papel.
5. Proibido usar minissaia. A cidade de Aparecida (SP) proibiu o uso de minissaia, mas teve de voltar atrás após a revolta das moradoras.
6. Proibido pílula e camisinha. Bocaiúva do Sul (PR) proibiu a venda de pílula anticoncepcional e de camisinha devido à redução dos repasses de impostos por causa da diminuição da população da cidade.

"Solução" para a heroína nos EUA: deixar viciados morrer

Os pequenos exemplos e os primeiros passos

Sabem quais os três países que mais exportam musica no mundo? O primeiro são os Estados Unidos, e o segundo é a Inglaterra, dados que não trazem surpresa. Mas o terceiro é a Suécia. O pequeno país europeu além do terceiro posto é o líder destacado em exportação per capita. Há muitas tentativas de explicação para o sucesso sueco. Quase todas contêm um ponto em comum: o papel do ABBA e de seu imenso sucesso. Qualquer história da musica traz a importância que eles construíram para os jovens músicos de seu país. Sucesso verdadeiro está diretamente atrelado a inspiração.

Esse fenômeno não é único. A indústria do cinema em outro pequeno país do norte europeu começou com Lars Von Triers, na Dinamarca. Tal como na musica sueca, a Dinamarca tornou-se um polo revelador de criativos cineastas.
O Brasil tentou forjar seus "campeões nacionais" na indústria de alimentação, incentivar com muito dinheiro e proteger da concorrência internacional. Um plano prá lá de demagógico, mal concebido e usando despreparados. Regra geral, não passam de açougueiros de terno. Sucesso mesmo fazemos nos campos de futebol. Mas há algo que poucos conhecem. Nosso futebol de exportação não começou agora e nem contou com participação governamental.

uem deu o primeiro passo foi Paulo Innocenti, um lateral do Club Athletico Paulistano que, em 1925, foi jogar na Bolonha (Itália). Gaúcho de nascimento, Pippone, apelido que ganhou por causa do nariz, é até hoje lembrado na "Bota". Mas o primeiro astro do futebol brasileiro na Europa foi Yeso Amalfi. Começou a jogar no São Paulo, foi para o Boca Juniors, da Argentina e em seguida, para o Peñarol, do Uruguai. Yeso conta que saiu fugido do país vizinho por causa da relação que manteve com a esposa de um político. Foi para Nice, na França. Na terra dos francos, suas histórias aproximam-se do realismo fantástico. Teria apresentado a atriz norte-americana, Grace Kelly ao príncipe Rainier, de Monaco. Façanha maior teria acontecido à partir de sua amizade com Pablo Picasso. Yeso conta que o Picasso teria pintado uma tela em sua homenagem.

Os verdadeiros campeões são líderes e não jogadores de roleta russa. Inspiram. Constroem. Por razões que os economistas não compreendem completamente, há um enorme custo inicial em tempo e esforço para aqueles que se dispõem a conquistar mercados internacionais. Mas esses sucessos em mercados altamente competitivos, muitas vezes produzem mais em termos de conhecimento que outros, depois, poderão usar. O sucesso só existe quando conquistado passo a passo, mas se torna mais fácil se alguém deu os primeiros passos, sem mancar ou triturar os ossos das pernas.

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