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Em Pauta

A campanha Lula Presidente começa em Curitiba

Mário Sérgio Lorenzetto | 10/05/2017 07:10
A campanha Lula Presidente começa em Curitiba

Milhares de petistas estavam acampados nas imediações de Curitiba desde ontem. Sem-terra desfraldaram suas bandeiras entre Curitiba e Campo Largo. Professores e MST montaram um acampamento em um terreno ao lado da Rodoferroviária, na região central. O local dos acampamentos foi definido pela prefeitura curitibana.

Lula chegará hoje a Curitiba sem uma agenda oficial, além do depoimento ao juiz Moro. A expectativa de seus adeptos é se, após o depoimento, comparecerá a algum dos comícios que estão por lá programados - todos serão sustentados por deputados e senadores petistas até a chegada de seu líder maior.

Inicialmente, a programação petista afirmava que Lula estaria no comício programado para a Praça Santos Andrade, às 18 horas. Todavia, segundo o Instituto Lula a presença não está confirmada.

É muito difícil acreditar que Lula deixe passar em branco a chance de transformar o depoimento ao juiz no lançamento extraoficial de sua candidatura à presidência. Uma das estratégias de sua defesa advocatícia é justamente propagar a tese de que é alvo de uma perseguição política.

Dono de uma das mais fortes retóricas no Brasil de hoje, Lula deverá subir no palanque e discursar para uma claque previamente preparado para aplaudi-lo com entusiasmo aos gritos de: "Lula, guerreiro, do povo brasileiro".

Um fato que colabora para acreditar que Lula começará sua campanha em Curitiba é o que ocorreu no ano passado, quando ele foi conduzido coercitivamente ao Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Saindo do aeroporto, Lula compareceu à sede do PT e, em seguida, na quadra do Sindicato dos Bancários para falar a seus partidários. O interrogatório começará às 14 horas e, creem os petistas, Lula estará fora do Tribunal por volta das 18 horas.

A campanha Lula Presidente começa em Curitiba

Quem é o grande fascista brasileiro?

No Brasil, se pedirmos a um pessoa medianamente esclarecida que defina o fascismo, ela, provavelmente, responderá apontando os regimes italiano de Mussolini e o alemão de Hitler. Isso é insatisfatório. Mesmo os pretensos Estados fascistas diferem muito um do outro. Como encaixar na mesma "prateleira" o governo de Mussolini que fez uma das mais extensas reformas agrária do mundo, uma transformação radical de sua industrialização e deu aos trabalhadores as leis que foram pelo Brasil copiadas, e até em vigor, com uma Alemanha de Hitler que fez uma reforma agrária dando aos alemães terras da Bielo Rússia e da Polônia, transformou a indústria pacífica em armamentista e não fez progresso algum nas leis trabalhistas? A rigor, a Itália de Mussolini nada tem a ver com a Alemanha de Hitler.

Com frequência, supõe-se, por exemplo, que o fascismo é inerentemente belicoso, que pensa em armar a todos e a tudo para qualquer fim, que ele só prospera em um clima de histeria bélica e só pode resolver seus problemas econômicos mediante preparativos para alguma guerra -contra outros países, contra as drogas ou outra qualquer... Mas isso nada tinha a ver com o Portugal de Salazar, com o Brasil de Vargas ou a Argentina de Perón. Ou, ainda, o antissemitismo é tido como uma marca distintiva do fascismo. Mas Mussolini só chegou ao poder com o claro e irretorquível apoio de judeus. Só bem depois, virou-se contra eles para se acertar com Hitler.

Controvérsias eruditas que reverberam anos a fio foram capazes nem mesmo de determinar se o fascismo é ou não uma forma de capitalismo. E mais, se examinarmos a imprensa ao longo dos anos, veremos que que não existe grupo de pessoas que não foi acusada de fascismo. Em geral, esse rótulo é pregado em conservadores, mas já foi usado para determinar os trotskistas, socialistas, os que apoiam guerras e nacionalistas.

Constatamos que, do modo como é usada, a palavra "fascismo" é quase desprovida de significado. Mas todo aquele que lança indiscriminadamente a palavras "fascista" em todas as direções está agregando a ela algum significado emocional. Por fascismo eles estão se referindo a algo cruel, arrogante, obscurantista, antiliberal e contra os trabalhadores. "Troglodita", para eles, seria o melhor sinônimo de "fascista". Essa é uma palavra que se tornou palavrão. Escolham seu fascista "adorado" e "idolatrado". Quem ganha a contenda, quem é o grande fascista brasileiro: Moro, Bolsonaro, Doria ou Lula?

A campanha Lula Presidente começa em Curitiba

A pinguela da transição e o futuro da política

Os próximos meses mostrarão o fim de um ciclo político, iniciado há mais de 30 anos, com a redemocratização do país. Naquela época alguns dos atuais políticos tiveram de realizar a transição política de uma ditadura que caia de podre e devolvia o poder aos civis sem que sangue fosse jogado nas ruas, mas também sem que uma transição bem organizada estivesse criada. Foi uma correria dantesca. Muito improviso e ânsia de mudar comandavam as ações dos novos líderes nacionais. Voamos sem um plano de voo estabelecido, como tudo é feito neste país. Os políticos foram obrigados a trocar os quatro pneus do carro-Brasil com ele em movimento. E o pior: sem o motorista desejado por quase todos - a exceção era o PT - Tancredo Neves havia falecido.

Nestas condições o governo Temer e os principais líderes do país, sob imensa pressão dos meios de comunicação, terão que rapidamente criar um sistema de transição que nos permita chegar às eleições de 2018. Temer terá de assumir o papel que Tancredo teve em 1983 na construção da pinguela da transição. Essa pinguela não é somente válida para o governo Temer, e sim para todos os políticos. Afinal, as próximas eleições serão realizadas sem acesso a recursos legítimos e com escassos ilegítimos, isto vale para todos. Se os marqueteiros, os dráculas que sugaram parte do dinheiro do país e das esperanças, souberem agir corretamente, com poucos recursos, estabelecerão a verdadeira e necessária comunicação entre eleitores e candidatos.

O PT conclama seus militantes a derrubarem o governo Temer. Como sempre, apostam no pior caminho para o país, postulam a anarquia. O governo Temer não pode falecer. A luta política entre situação e oposição não faz qualquer sentido no momento em que o bafo da morte atinge todos os atores relevantes da cena política. Como o governo é refém da recuperação econômica e esta precisa de uma agenda de reformas, os políticos terão de encontrar um ponto em comum.

Da fase da revolta da sociedade, como sempre acontece no Brasil, emergirá um debate sobre como reconstruir o sistema político com bases democráticas e de controle social mais eficiente. Basta passar o período das reformas econômicas para que ingressemos nas políticas. Preparem-se.

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