ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MARÇO, SEXTA  29    CAMPO GRANDE 22º

Em Pauta

A história, o sexo, e a ciência de uma vida sem carne

Mário Sérgio Lorenzetto | 24/11/2018 09:00
A história, o sexo, e a ciência de uma vida sem carne

Com a idade de 14 anos, um jovem chamado Donald Watson assistiu como um porco aterrorizado foi abatido na fazenda de sua família. Nos olhos do garoto britânico, o porco gritando estava sendo assassinado. Watson parou de comer carne e, logo a seguir, desistiu também dos laticínios.
Mais tarde, quando adulto, em 1944, Watson percebeu que outras pessoas compartilhavam de seu interesse por uma dieta só de vegetais. E assim o veganismo - termo que ele cunhou - nasceu.

A história, o sexo, e a ciência de uma vida sem carne

Novembro é o mês mundial do veganismo.

Avancemos para hoje. O legado de Watson atravessa nossa cultura. Mesmo que apenas 3% da população se identifique como os veganos, a maioria das pessoas parece ter uma opinião - a favor ou contra - muito forte sobre essa dieta. Eles, indubitavelmente, estão fazendo barulho e despertando emoções.
É interessante tentar entender no mês dos veganos porque eles podem inspirar tanta irritação e porque muitos dos comedores de carne poderão, um dia, juntar-se a suas fileiras.

A história, o sexo, e a ciência de uma vida sem carne

Veganismo é uma ideologia, não uma mera dieta.

Como outros movimentos alimentares alternativos, como o "locavorismo" - dar preferência aos alimentos dos produtores locais e não aos vendidos em supermercados -, o veganismo surge de uma estrutura de crenças que orientam as decisões alimentares diárias. Eles não são simplesmente moralistas. Os veganos acreditam que é moral evitar produtos de origem animal, mas também acreditam que é melhor para o meio ambiente e mais saudável para o nosso corpo. Assim, esse conjunto de ideias - ideologia - vem adquirindo alguma força discursiva, ainda que não venha conquistando muitos adeptos.
Além disso, assim como a história de Donald Watson, o veganismo está enraizado nas primeiras experiências da vida, no estarrecimento de muitas crianças que veem seus animais de estimação ou de simpatia serem mortos "gritando".
Os pesquisadores descobriram recentemente que ter uma maior variedade de animais de estimação quando criança aumenta a preocupação de como os animais são tratados de uma forma geral. Assim, não se surpreenda se nas próximas festas de fim de ano alguma criança de tua família se negue a comer peru.Em geral, o veganismo surge de crenças profundamente arraigadas e difíceis de mudar.

A história, o sexo, e a ciência de uma vida sem carne

Por que alguns consideram os veganos irritantes?

O célebre chef Anthony Bourdain disse que aqueles que não comem carne: "são inimigos de tudo de bom e decente no espírito humano". Por que algumas pessoas acham os veganos tão irritantes? Não verdade a resposta pode ser mais sobre "nós" do que sobre "eles". A imensa maioria dos brasileiros acha que a carne é uma parte importante de uma dieta saudável. Como seres humanos tribais que somos, naturalmente formamos preconceitos contra indivíduos que desafiam nosso modo de vida, e como o veganismo contraria a forma como normalmente entendemos a alimentação, os veganos nos são ameaçadores. Dois entre três veganos sofrem algum tipo de discriminação todos os dias. Um em cada quatro, relata perda de amigos. Um em cada dez, diz que lhes é trabalhoso viver como vegano.

A história, o sexo, e a ciência de uma vida sem carne

O veganismo e a sexualidade.

O veganismo também pode ser difícil para a vida sexual de uma pessoa. Pesquisas recentes revelam que as mulheres acham os homens que são veganos menos atraentes do que aqueles que comem carne, já que o consumo de carne é uma aptidão do masculino.
Mas o número de veganos vem crescendo, ainda que vagarosamente. E seus ideais também.
Londres, por exemplo, sediará seu primeiro natal vegano e limpo, com desperdício zero. Donald Watson que nasceu a apenas quatro horas de Londres, ficaria orgulhoso.
Watson, que morreu em 2006, na longeva idade de 95 anos, sobreviveu à maioria de seus críticos.

Nos siga no Google Notícias