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Em Pauta

A Nulidade do Prefeito. Buscar a perfeição da oratória para elogiar o feio

Mário Sérgio Lorenzetto | 11/05/2015 09:15
A Nulidade do Prefeito. Buscar a perfeição da oratória para elogiar o feio

O elogio da careca e da nulidade do Prefeito.

Os discursos epidícticos que surgiram na Antiguidade ainda fazem efeito em pleno século XXI. Basta ouvir os políticos para reconhecê-los. Elogiam o elogiável, exaltam as qualidades de um homem ilustre recém-falecido, enaltecem um bairro diante de seus moradores, louvam qualidades abstratas como a bondade e a justiça. Neles não há mérito algum. São cansativos. Mais difícil é o inverso - buscar a perfeição da oratória para elogiar o feio, o ridículo ou até mesmo o abominável. Polícrates louvou os ratos. Luciano as moscas. Sinésio soube discursar sobre as carecas e Amônio fez um antológico discurso em que descreveu as belezas do nada. Se eu tivesse esse talento, faria o elogio do Prefeito. Seria o elogio da nulidade.

Nunca se viu coisa igual. Agoniza em praça pública sem nada a propor. Não dará certo, está claro. Hoje é chover no molhado. Mas creio que as pessoas ainda não perceberam o tamanho e a complexidade da confusão em que nos metemos. Estamos diante de diversas crises, superpostas e combinadas, que apenas se iniciam. É coisa de grandes proporções. Descuidaram dos bens e serviços de uso coletivo e não conseguiram coordenar e executar os investimentos necessários em infraestrutura. Pior. As finanças públicas foram para o buraco.

Em um olhar mais abrangente, a sociedade mudou, e eles envelheceram. Especialista em fazer o marketing do otimismo sem projeto, o prefeito anterior soube encantar multidões e nos legou uma confraria de oportunistas e sedentos por riqueza fácil. Políticos e empreiteiros irmanados em uma só direção. Mas o futuro também é sombrio ainda que a mídia diga o contrário. A maior parte dos candidatos está maculada pelo peso abusivo do poder econômico e pela disseminação do cinismo. O conteúdo da política é que precisa mudar. Nossos políticos tornaram-se camaleões que a cada quatro anos se esforçam para se adaptar ao que a sociedade é, ou parece ser, conforme lhes ensinam as minuciosas pesquisas de opinião. Sempre preocupados com os interesses da hora, são incapazes de despertar qualidades novas que estejam latentes. Precisamos encontrar gente nova, organizada de maneira nova. Que possa anunciar a verdade de que esta cidade levará muitos anos para ser colocada nos trilhos. Precisamos de uma discussão de projeto e não dos discursos das ninharias como as polarizações partidárias.

A Nulidade do Prefeito. Buscar a perfeição da oratória para elogiar o feio
A Nulidade do Prefeito. Buscar a perfeição da oratória para elogiar o feio

"Uma ovelha negra ao poder". Mujica fala sobre a corrupção da esquerda brasileira.

A imprensa brasileira tentou diminuir seu tamanho transformando-o no homem que liberou a maconha no Uruguai. Não é esse o tamanho do currículo de José Mujica. Ele foi guerrilheiro, ficou preso por 15 anos, fez uma profunda transformação na educação do ensino básico, melhorou substancialmente a saúde, é o negociador do término da guerrilha das FARCs e é o detentor do mais alto laurel que um latino americano jamais conseguiu: o partido que mais cresce na Espanha, o Podemos, declara publicamente que inspira-se em seus feitos. Há ainda um traço de sua personalidade que poderia ser seguido pelos políticos brasileiros - Mujica depois de sair do poder voltou a morar na mesma chácara onde vivia antes de chegar à Presidência da República e cuida da educação de crianças que moram próximas a sua simples e despretensiosa residência.

Mujica está lançando o livro que conta a história de seus anos de poder. "Uma ovelha negra ao poder" ainda não chegou às livrarias. Deveria ser leitura obrigatória para toda sorte de membro de grupamentos de esquerda no Brasil. Talvez aprendam algo que esqueceram.

Mujica fala sobre a corrupção brasileira: "Temos um flagelo interior de caráter ético. Quando o afã de fazer dinheiro se mete dentro da política, isso mata a nós da esquerda. Por que a corrupção prolifera tanto? Parece sensato que pessoas de 60, 70 anos se sujem com pesos (dinheiro) imundos? Sabem que tem pouca vida pela frente! A questão de ter dinheiro para ser alguém pode ser uma ferramenta de progresso no mundo do comércio, onde há riscos empresariais, mas, quando se insere na política, estamos fritos. Isso aconteceu na Itália, em parte na Espanha. É inexplicável isso no Brasil. "Diz mais sobre a corrupção no Brasil: "A democracia moderna é muito cara. O Brasil é muito grande, tem estados que são como países. Ali há partidos locais, e o que conquista o governo nacional tem de negociar com eles. Aí começa tudo".

A Nulidade do Prefeito. Buscar a perfeição da oratória para elogiar o feio
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A energia das pequenas hidrelétricas em construção no Centro-Oeste pode acabar com o medo dos apagões.

O Centro-Oeste detém a maior taxa de construção de pequenas hidroelétricas. Nada menos que 33% delas estão localizadas em nossa região. Só na Bacia do Alto Paraguai, segundo a Aneel, estão em construção dez Pequenas Centrais Hidrelétricas e uma Usina Hidrelétrica de maior porte. Em fase de planejamento temos, na mesma região, vinte e nove Pequenas Centrais Hidrelétricas e uma Usina de maior porte. O Brasil pode adicionar 11.000 megawatts de geração de energia caso destrave os investimentos. Cada uma delas pode produzir até 30 megawatts de potência.
Nos últimos anos, essas pequenas usinas foram deixadas em segundo plano. A razão estava nos preços estabelecidos nos leilões, pouco atraentes na avaliação dos investidores. Como resultado, só um terço dos projetos efetivamente entrou em operação. Agora o governo federal elevou os preços, que devem passar de R$158 para R$210 o megawatt-hora. Nesse patamar, os projetos são rentáveis e elas devem retomar o ritmo de construção.

A Nulidade do Prefeito. Buscar a perfeição da oratória para elogiar o feio
A Nulidade do Prefeito. Buscar a perfeição da oratória para elogiar o feio

Os tempos estão mudando. A geração Z arquivará o egoísmo, o narcisismo selfie e a obsessão pelo consumo.

Há uma geração que quer salvar o mundo, mas ainda não sabe como. Nasceu ou cresceu em plena recessão, em um mundo fustigado pelo terrorismo, índices de desemprego galopantes e uma sensação apocalíptica provocada pelas mudanças climáticas. São a geração Z, o grupo demográfico nascido entre 1994 e 2010, e que representa 26% da população mundial. Essa geração já não se conforma em ser sujeito passivo de marcas e publicações; deseja produzir seus conteúdos e até mesmo seus produtos, e consegue através do YouTube, onde as novas celebridades surgidas nessa mídia já são mais populares do que as da indústria do entretenimento tradicional (63% contra 37%), ou por meio de aplicativos como o Vine e plataformas online como o Playbuzz.

As primeiras marcas já detectam as mudanças e algumas empresas, como a Starbucks - com a colaboração de receitas personalizadas -, e a Nike - que permite aos clientes desenharem os tênis - estão lançando campanhas em que os consumidores participam do processo de criação dos produtos.

A referência dessa geração é a heroína do filme "Jogos Vorazes", Katniss Everdeen, que se rebela contra o poder em um mundo pós-democrático. Um total de 77% dessa geração está preocupado em não se endividar. Uma geração altruísta, nada egoísta. Vai se mostrar forte e politicamente sensibilizada por questões como a desigualdade econômica e social. 95% dessa geração pensa que se deve ajudar a quem precisa, mas estão muito desiludidos com a política tradicional. As pesquisas vêm mostrando que somente um em cada dez deles confia em seus governantes, de qualquer partido ou ideologia.

Eles não se interessam tanto pela música e pelos festivais como veículo social ou referência estética. O interesse pelas drogas e sua relação com o ócio tendem a se reduzir com o passar dos anos e as tendências de legalização. O tempo livre está cada vez mais direcionado para as vocações profissionais e as tribos e comunidades se formam em torno disso. Há também uma nova tendência educacional e os novos canais de acesso a ela. Essa geração usa o YouTube para as lições de casa. Se não gostam do enfoque do professor, ou não entendem, buscarão alguém online que explique melhor. 76% estão preocupados com as questões climáticas e os mesmos 76% desejam participar de uma ONG. Exigem a igualdade de pessoas de raça e sexo diferentes. O espírito crítico renasce mais uma vez.

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