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Em Pauta

Banalização de parcelamentos e anistias desrespeita o bom contribuinte

Mário Sérgio Lorezetto | 18/12/2014 08:04
Banalização de parcelamentos e anistias desrespeita o bom contribuinte

Por que manter o pagamento do IPTU em dia?

Na verdade, passou a existir em Campo Grande - e no país –, em questões tributárias, um total desrespeito ao bom contribuinte. As políticas tributárias que ofertam e doam impostos através de parcelamentos e anistias de tributos tornaram-se comuns para o dia a dia dos cidadãos e das empresas.

O Refis tornou-se um substantivo, um nome comum. É Refis do IPTU saindo do forno dos "gênios" da Prefeitura todos os anos. Tivemos Refis da Copa, Refis da crise e tantos outros. Ótimos negócios foram realizados nos últimos cinco anos na Prefeitura - para devedores renitentes e para quem os inventou, mas foram péssimos para os cofres da Prefeitura e para aqueles que se sacrificam mantendo em dia suas obrigações tributárias.

O raciocínio é elementar: desejam antecipar receitas futuras que podem ser realizadas somente em mandatos de outros dirigentes dada a morosidade judiciária. Essa é a tese recorrente: sempre surge na imprensa o lançamento de mais uma "doação" de impostos. Fingem não perceber que não existe mal maior para impostos e taxas do que a falta de credibilidade. Ao lançarem um perdão de dívidas, criam suspeição de seus atos. A pergunta mais frequente que se ouve nas ruas de Campo Grande é: porque manter o pagamento do IPTU em dia?

Brevemente, teremos outro parcelamento e anistia. É muito melhor aplicar o dinheiro corresponde a essa obrigação em um banco e aguardar, calma e tranquilamente, uma nova oferta, um novo feirão do IPTU. E a administração da cidade vai sendo demolida, ano após ano. A saúde vai sendo sucateada, pois falta dinheiro; a educação vai decaindo, pois inexistem recursos; as creches estarão abertas hoje e fechadas amanhã, pois não sabem onde existem receitas. E os últimos prefeitos e vereadores vão sorrindo e cantando.

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Brasil tem recorde mundial de cirurgias plásticas

É claro que muitos disfarçam, mas todo mundo é vaidoso e pensa na própria beleza. E também na alheia. Basta encontrar um espelho, todos começam a aprumar a postura, a encolher a barriga e a olhar com gosto para si mesmo ou com desgosto para as linhas do rosto escritas pelo tempo.

Essa febre de beleza pode ser mensurada. Existem 1 milhão de salões de beleza no Brasil e, a cada mês, outros 7 mil são abertos no Brasil. Estamos em segundo lugar no número de academias de ginástica no planeta, com 21.760 delas, apenas atrás dos Estados Unidos.

Nem mesmo o risco de se submeter a uma cirurgia intimida. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica contou 1.491.721 delas, só em 2013. Um recorde mundial. O número do mundo todo foi de 23 milhões no mesmo ano. Mais um número: em 2012, a indústria de cosméticos teve lucro líquido de R$ 34 bilhões. E esse movimento não começou agora.

Banalização de parcelamentos e anistias desrespeita o bom contribuinte
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Por uma beleza tupiniquim

No final dos anos 1800, a paixão por cinturas finas femininas foi alimentado pela moda dos espartilhos, mas também pelo imaginário de uma "mulher floral". Eram mulheres com cabelos ondulados e presos com um coque e silhuetas femininas em forma de ampulheta. Usavam banha nos cabelos para deixá-los lustrosos e perfumados. Sardas eram "curadas" com a água usada para lavar o arroz ou com suco de uva, leite, clara de ovos e água de chuva. Os homens usavam remédios para os calos espremidos em botinas apertadas e o licor Vermutrina era vendido para "reanimar o homem gasto".

Na década de 1920, com a chegada dos automóveis, tudo mudou. A moda passou a ser feita com tecidos leves, soltos com aspecto aerodinâmico. Não se tratava mais de afinar o corpo por meio de artifícios externos (espartilhos), mas de modelá-los por atividade física e regimes de emagrecimento. É a época do sucesso das "estações de cura" - os spas de antigamente - dos elixires e águas minerais para depurar e enxugar o organismo. O gosto dos brasileiros sempre se opôs ao dos europeus. Sempre foi e continua a ser forte entre os brasileiros o apreço pelos corpos femininos "cheinhos". No Brasil, o corpo anoréxico das modelos jamais chegou a ser o mais querido pelos homens.

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O corpo do homem e da mulher é um investimento

As transformações culturais ocorridas nos anos 1960 e 1970 impactaram o corpo e o comportamento, especialmente na juventude. Homens tornaram-se mais carinhosos e a dicotomia feio e bonito passou a ser substituída pelo autêntico e falso. Os modelos de beleza entre os homens também se alteraram de forma radical. O metrossexual, capaz de ter maiores cuidados com a beleza, popularizou-se e práticas impensadas há poucos anos, como depilação masculina, inclusive da virilha e sobrancelhas, tornaram-se mais comuns.

Ao mesmo tempo que o homem se sensibilizou, a mulher "malhada" das academias de ginástica restringiu em grande parte a popularidade da "boazuda". No lugar de cinturas finas e coxas grossas, a musculação e as atividades aeróbicas promoveram um corpo feminino com músculos definidos, ombros largos e quadris modestos. Um perfil que era apenas para homens. A mulher bombada, com coxas fortíssimas e bíceps saltados, é contemporânea da lipoaspiração, que suga as gorduras humanas com eficiência industrial. O corpo, é agora intercambiável e ciborgue. Promove a performance física e otimiza as oportunidades sociais e profissionais. O corpo é um investimento.

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Expo Cannabis: feirão da maconha no Uruguai

Não é brincadeira. Acaba de acontecer o "Feirão da Maconha", em Montevidéu, capital uruguaia. A Expo Cannabis (nome científico da maconha) apresentou sementes, pesticidas, lâmpadas que prometem acelerar o crescimento dessa planta, tudo que é necessário para plantar, cultivar e fumar a maconha. Teve até um empresário espanhol representando uma fábrica de fertilizantes especiais fabricados em seu país. Parecia uma mera e comum Exposição de Tomates.

Além dos expositores privados, participaram a Junta Nacional de Drogas e o Instituto de Regulação e Controle da Cannabis, órgãos oficiais encarregados de conduzir as políticas públicas para a maconha. No estande da Junta Nacional de Drogas, foram distribuídos folders sobre os riscos de fumar essa droga. "A maconha altera a percepção dos sentidos. Limita a capacidade de concentração e memória. Fumar maconha pode provocar problemas respiratórios agudos e crônicos", eram algumas das advertências.

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Apoio ao consumo responsável da maconha

Outros folhetos promoviam um "consumo responsável". O mais criativo foi o que se fazia passar por uma empresa de aviação a "Cânhamo Airlines", que apresentava

condições de segurança no "voo", advertindo: "Não consuma a maconha sem que ninguém saiba. Poderá necessitar de ajuda".

Segundo a nova legislação uruguaia, cada cidadão poderá consumir 40 gramas de maconha por mês. Também começaram a habilitar plantadores, que podem ter até seis pés de maconha em suas residências e obter 480 gramas de colheita anual. Tal como na Espanha, estão habilitados os "clubes canábicos", que poderão ter de 15 a 45 sócios-proprietários de 99 plantas de maconha. Um mundo difícil de imaginar no Brasil. Parece até brincadeira.

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Preconceito não é sinônimo de fundamentalismo

Desde o 11 de setembro, o termo fundamentalismo passou a ser empregado em todos os discursos e textos que denotassem ideias extremistas. Criou-se a "indústria do fundamentalismo". Mas a utilização da palavra é incorreta. A palavra fundamentalismo significa "de volta ao básico". Aqueles que colocam bombas em trens, ônibus e explodem prédios não estão voltando ao básico do islã. Também, aqueles que repudiam as demais religiões não são fundamentalistas. Estão escrevendo um roteiro novo e, então, argumentando retroativamente, tentando achar passagens corânicas e bíblicas que justifiquem suas guerras.

Existem fundamentalistas em todas as religiões. Monges cristãos que se isolam em mosteiros e fazem votos de pobreza, castidade e obediência. Essas pessoas são fundamentalistas. Ascetas existem em todas as religiões, mas não advogam assassinatos em massa de homens pacíficos, mulheres e crianças e não são intolerantes com outras religiões. Analisem atentamente todas as religiões e seitas. Verão que parte delas querem retornar aos ensinamentos básicos. E esses não incluem terrorismo ou preconceito, porque nenhuma religião possui mandamentos que defendam assassinatos em massa e intolerância.

"É proibido atacar e matar aqueles que não ofenderam nem feriram você. É proibido matar mulheres e crianças". No Corão, estas regras são absolutamente claras e específicas. É o mesmo que dizer: é proibido ser terrorista. "Amai-vos uns aos outros" dizia Jesus. Ele não dizia que somente cristãos deveriam ser amados e, sim, todos. É o mesmo que dizer: aceitem-se, tolerem as diferenças, não se julguem superiores. O verdadeiro caminho é o do ecumenismo. A intolerância e o preconceito têm como base a superioridade. A superioridade da raça, a superioridade da nação, a superioridade do sexo

e a superioridade religiosa. O complexo de inferioridade talvez explique essa tendência a se autoproclamar superior.

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