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Em Pauta

E surge a Lei Seca. A grande disputa entre os padres

Mário Sérgio Lorenzetto | 10/08/2020 07:00
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A Lei Seca famosa é a norte-americana do início do século passado. Entre 1920 e 1933, o chamado "Nobre Experimento", proibiu a produção, comércio e consumo de bebidas alcoólicas nos EUA. Fruto de uma aliança entre a igreja católica, protestantes e esquerdistas, essa Lei foi a grande responsável pelo forte crescimento da máfia que contrabandeava bebidas do México. Mas essa é uma história recente  do insucesso de leis restritivas do consumo alcoólico. Uma história de bens intencionados que fez crescer a fortuna dos maus intencionados. A máfia saiu do gueto e foi comandar algumas das maiores cidades norte-americanas. Mas a história da Lei Seca é muito mais antiga.


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O consumo de álcool a qualquer hora era generalizado.

O consumo de álcool a cada dia e a qualquer hora era um costume generalizado até meados do século XVIII. Vinho e cerveja não eram tidos como bebidas e sim como alimentos, recomendados inclusive pelos médicos. Eram complementos essenciais nas dietas, especialmente das mais pobres. Consideravam que tomar cerveja ou vinho no café da manhã dava ânimo e energia. Até minha geração tomávamos, eventualmente, vinho com açúcar e pão. As bebidas alcoólicas tinham a reputação de um santo. Ficar bêbado de vez em quando era uma medida de bom tom, saudável. Ajudava a purgar do corpo os humores nocivos. A recomendação era emborrachar duas vezes ao mês.


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Água nunca.

Havia muito temor da água. Elas traziam "espíritos" maléficos. Ainda não tinham descoberto os micróbios, seres vivos tão diminutos que não são enxergados a olho nu. A água adoecia. A saída era usar vinhos e cervejas aromatizados. Rosas, anis, sálvia... uma imensa variedade de plantas eram colocados no vinho e na cerveja. Essa herança europeia chegou ao Brasil para ficar na cachaça. O vinho mais valorizado era tinto e jovem. Haviam esquecido as técnicas de envelhecimento dos romanos. A bebida era mal conservada e virava vinagre facilmente.


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A igreja contra as bebidas que produzia.

É um paradoxo. A maior quantidade - e qualidade - de vinhos e de cervejas eram produzidos nos monastérios e conventos, pelos padres e freiras. Todavia, como os bares abriam aos domingos, boa parte dos homens deixavam de ir à missa para beber até cair. Foi o início da guerra "santa" contra as bebidas alcoólicas. Alguns historiadores das bebidas entendem que os padres das igrejas - somente os das igrejas - copiaram essa proibição dos muçulmanos.


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O café destruiu o hábito do vinho e cerveja matutino.

No princípio do século XVIII, os nobres e milionários europeus começaram a beber o chocolate que saia do México. Era um luxo. Também, na mesma época, começava a popularizar o café que saia do mundo árabe . Primeiro,  como bebida após o almoço. Uma sobremesa. Depois, a toda hora,  nas cafeterias que se abriam em todas as cidades. Café com leite no início da manhã, veio, no século XIX, para reduzir o hábito das crianças de tomar vinho ou cerveja.

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