Quem quer ser jornalista na fronteira do Brasil com o Paraguai?
Além do salário, o candidato a jornalista na fronteira terá de, obrigatoriamente, receber um colete à prova de bala e pelo menos dez dos melhores seguranças que existem no Brasil. Também é conveniente que troque seu automóvel por um tanque de guerra para trafegar pelas ruas de Pedro Juan Caballero. É, talvez, a profissão de maior risco que existe na região.
Como o crime organizado se infiltrou no Ministério Público paraguaio.
Brasil e Paraguai acordaram investigar, por exemplo, o narcotraficante “Minotauro”, que possivelmente estaria vinculado à morte do jornalista Lourenço Veras, mas desde Assunção, bloquearam o avanço da causa. Há denúncias e provas da corrupção de promotores públicos paraguaios que teriam sido subornados por narcotraficantes. Eles não investigam adequadamente nem sequer os casos de assassinatos de jornalistas. Cinco anos após o assassinato de Veras só realizaram uma detenção relacionada com o caso. O único suspeito foi absolvido por falta de provas. Por outro lado, há promotores que receberam caneta de ouro e milhares de dólares em contrapartida aos “serviços prestados ao narcotráfico”.
Paraguai virou o “buraco negro” das investigações.
O questionável tratamento dado à investigação sobre o assassinato de Veras não é uma exceção. Pelo contrário, o Paraguai parece ter se convertido em um “buraco negro”para a justiça. Sistematicamente, incorrem em negligencias na hora de investigar os crimes cometidos pelos PCC e seus concorrentes.
21 jornalistas assassinados.
Está impunidade converteu o Paraguai em um dos países com mais elevados índices de criminalidade do mundo. Uma situação que leva os jornalistas a viverem em constante perigo. O caso de Veras é um dentre 21 jornalistas assassinados nas cidades fronteiriças. A maioria desses assassinatos segue impune.
Quarto lugar no índice global de crimes.
O trabalho dos jornalistas que foram silenciados à bala é hoje mais crucial do que nunca em um país que ocupa o quarto lugar a nível mundial no índice global de crime organizado. Só é superado por Myanmar, Colômbia e México.
Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.