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Em Pauta

Ela é "gatólica". Ele é um "anti-gatólico"

Mário Sérgio Lorenzetto | 07/10/2018 09:30
Ela é "gatólica". Ele é um "anti-gatólico"

Ela é gatólica. Têm 60 anos e está, desde 2009, gestionando uma colônia de gatos no Bairro Tiradentes. Ela ganha a vida como enfermeira e de seus dois salários, destina algo como R$200 mensais para alimentar os felinos de rua, desparasitá-los e levá-los ao veterinário se estão enfermos. Os descontos no pet shop são pra lá de camaradas.

Todos, proprietário e funcionários a tratam como a "doutora dos gatos". Todos os gatos recebem nomes e são tratados como se fossem da família. Ela já deixou de sair de férias porque não encontrou quem a substituísse no trabalho diário de alimentar os gatinhos. Em Campo Grande há centenas de colônias de gatos de rua. Os que escapam dos cuidados da gatólica serão levados para o CCZ. Adoção ou sabão serão as opções dos gatinhos de rua. Sacrificamos cães e gatos de rua. Uma prática que vem sendo abolida nos países mais civilizados. A política de "sacrifício zero" é a norma vigente em muitos países.

Ele é anti-gatólico. De fato, quer os gestores de gatos bem longe de sua casa, porque se estão próximos, significa que há gatos nas proximidades. O engenheiro de 49 anos, também vive no mesmo bairro da gatólica. Sua rua é o lar de uma colônia com algo como 50 gatos. Às onze da manhã de um dia tórrido, se veem quatro deles, escondidos do calor. O anti se queixa dos odores, sobretudo no verão, da sujeira que se multiplica sem controle. Reconhece que teve mais de uma trombada com a enfermeira.

A enfermeira e o engenheiro representam as caras opostas de uma trombada constante entre vizinhos de diferentes bairros, da mesma cidade, com sensibilidades opostas. Para uns, elas - as gestoras de gatos - são loucas. Sim, aparentemente as gatófilas são majoritáriamente mulheres.

Para elas, falar com os anti é chocar contra um muro, incapazes de entender a gestão ética felina.

A gestão moderna de cães e gatos de rua têm como norma a esterilização dos animaizinhos e seu retorno ao mesmo lugar onde foi capturado. Desta maneira, se vai controlando a população. Os gatos são desparasitados, estão sadios e não ocasionam doenças. Não há brigas entre eles e nem gatas no cio.

Há poucos dias a prefeitura iniciou o procedimento de castração gratuita. As filas foram tão gigantescas que muitos tiveram de buscar soluções próprias. Em machos castrados, diminui a concentração da substância que produz o odor forte na urina. Chamada "felinina", essa substância serve demarcar território por motivos reprodutivos.

Ela é "gatólica". Ele é um "anti-gatólico"

Olho aberto! Teu cão lembra de tudo que você faz.

 

Ela é "gatólica". Ele é um "anti-gatólico"

Quem convive com um cachorro jura que ele sabe perfeitamente como estamos, aprende rapidamente e nos entende melhor que alguns humanos. A ciência está dando razão. Eles têm capacidade de comunicação e de entender nossos gestos e indicações. Utilizam a mesma área do cérebro que os humanos usam para processar a informação que recebemos e o fazem de maneira similar.

Quem não se sentiu vigiado pelo seu companheiro peludo? Quem não percebeu o cão observando o conteúdo de teu almoço? Eles sempre estão na primeira fila para descobrir o que têm nas sacolas que trazemos do supermercado. Ou do conteúdo da geladeira. Também nos observam em atividades menos interessantes para eles, como regar as plantas ou lavar as mãos. As perguntas são: eles processam essas informações? Recordam?

O resultado é que os cães não só se recordam, como são capazes executá-las. Até as mais tediosas. Um estudo publicado na revista científica "Current Biology", realizado pela Universidade de Budapeste, concluiu que os cachorros recordam não só o que eles fazem, mas também o que nós fazemos. Inclusive quando esses acontecimentos não parecem importantes para eles.

O estudo trabalha o que os cientistas denominam de "memória episódica", quer dizer, a que funciona para que nós, os humanos, nos recordemos de coisas que não julgamos importantes no momento em que sucedem.Se trata de saber se os cães a têm. E a resposta é que , sem dúvida, eles também usam a memória episódica.

A pesquisa se baseou no método "Faz o que eu faço". Com esse método os cachorros aprendem a fazer coincidir sua conduta com a nossa, somente utilizando a ordem "faça!". Por exemplo, o dono salta um baixo obstáculo. Dá a ordem e o cão também salta. Os cães podem imitar a ação de seus donos. Inclusive, 24 horas depois.

 

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Ela é "gatólica". Ele é um "anti-gatólico"
Ela é "gatólica". Ele é um "anti-gatólico"

Como os cães salvam vidas nos terremotos? Jogando.

Os mais bem cuidados usam óculos protetores e botinhas para evitar que machuquem as patas. Milhares de cães colaboram com as equipes de resgate em terremotos, avalanches e quedas de edifícios. Cabe perguntar quem são esses heróis que não se veem como heróis e como se convertem em grandes resgatadores?

Ela é "gatólica". Ele é um "anti-gatólico"
Ela é "gatólica". Ele é um "anti-gatólico"

Ela é Frida, a campeã mundial no resgate de terremotos, com 50 vidas humanas salvas. O que necessita um cão para tornar-se resgatador é que goste de gente e de jogar. A resposta é surpreendente. O que fazem os treinadores é tornar em obsessão a vontade natural de muitos cães de jogar com os humanos.

Durante dois anos o cachorro trabalha diariamente com o treinador em terrenos com escombros. Começam com um pano. Cão e homem forcejam para arrancar um do outro o pedaço de pano. Depois, o ensinam a latir para reclamar que joguemos com ele.

E as coisas vão complicando gradativamente. Quando o cão quer jogar, o treinador se esconde. Primeiro em uma área restrita, depois em uma maior e cheia de obstáculos. Servem para treinar os cães para que eles percebam que as vítimas nem sempre estão no mesmo lugar e, assim, recorram ao olfato. Essa capacidade olfativa terá de ser dimensionada para que identifiquem a queratina humana - a proteína presente nas unhas, pele e cabelo - que nos diferencia dos outros animais.

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