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Em Pauta

Enquanto eles roubavam nossa borracha, nós roubávamos o café deles.

Mário Sérgio Lorenzetto | 30/12/2015 07:00
Enquanto eles roubavam nossa borracha, nós roubávamos o café deles.

Enquanto eles roubavam nossa borracha, nós roubávamos o café deles.

É uma história de fortunas colossais e do que, hoje, denominamos biopirataria. Ainda hoje há brasileiros que lamentam o roubo das sementes de seringueiras. Elas foram roubadas, em 1876, pelo botânico inglês Henry Wickham. Os seringais que esse cientista-pirata montou na Ásia se tornaram mais competitivos que os do Brasil, o que fez a Amazônia parar, de repente, de exportar borracha. O inglês percebeu algo que não passava pela cabeça de brasileiro algum que só conhecia seringueira nativa: deveria plantar as árvores com algum distanciamento entre elas para evitar ácaros e percevejos. A melhor solução seria levar as plantas para algum lugar onde as pragas não existissem. E adiós, borracha.

Se os europeus roubaram nossa borracha, nós demos o troco: roubamos o café deles. Naquela época o Brasil ganhava rios de dinheiro com o café. As primeiras mudas de café nós também pirateamos. Algo como pirataria trocada. O café era a grande novidade entre os franceses. São dessa época os tradicionais cafés parisienses. Produto caro e lucrativo. A França e a Holanda o plantavam em suas colônias e proibiam que mudas e sementes de café atravessassem suas fronteiras. Francisco de Melo Palheta, um sargento do vice-reino do Pará, conseguiu vencer esse bloqueio. Ao viajar para a Guiana Francesa para discutir questões de fronteiras, recebeu uma missão secreta: trazer as sementes ou mudas de café para o Brasil. O sargento espertalhão conquistou a confiança da esposa do governador da Guiana, madame d´Orvilliers, conseguindo que ela lhe desse mudas de café de presente. A planta foi cultivada inicialmente no Pará e, trinta anos depois, no Rio de Janeiro. Por boa parte do século XIX, mais de 60% das exportações brasileiras vinham dos cafezais.

Enquanto eles roubavam nossa borracha, nós roubávamos o café deles.

Carros e caminhões vendem pouco, mas os preços sobem.

Mesmo com as vendas de carros e caminhões estarem no nível mais baixo dos últimos nove anos, a indústria automobilística já promoveu ou prepara reajustes de preços entre 5% e 8%. Em relação a dezembro, os brasileiros estão, na média, pagando 5,8% a mais para sair com um automóvel novo da concessionária. Com exceção de junho, o preço dos automóveis vem mês a mês subindo ininterruptamente. Afirmam que estão repassando para o consumidor a alta dos custos de produção.

Alguns modelos mostram altas mais expressivas. Entre os populares, o Onix da GM, ficou R$ 6,1 mil mais caro, o equivalente a um aumento de 18%. O HB20, da Hyundai, ficou R$ 3,7 mil mais caro, reajuste de 10%. Pelo lado dos caminhões, a MAN acaba de anunciar que aumentará 7,5% a partir de janeiro em suas linhas de caminhões.

Enquanto eles roubavam nossa borracha, nós roubávamos o café deles.

O atendimento que os velhinhos aguardam.

A rede de farmácias Ultrafarma dá a demonstração que sabe tratar dos velhinhos. Aliás essa rede, que vale R$700 milhões, é especialista no assunto. A receita dos funcionários dessas farmácias é tratar os velhinhos como se fossem parentes. Ela tem poucas lojas, mas vende muito por telefone e internet. A conquista dos clientes mais idosos foi com um tratamento mais humanizado, uma eterna reclamação dos mais idosos em lojas em geral. Os entregadores dos remédios são orientados para prestar pequenos serviços gratuitamente para os idosos. São serviços simples como a troca de lâmpadas. Os velhinhos agradecem. A farmácia fatura mais que qualquer outra nessa faixa etária.

Enquanto eles roubavam nossa borracha, nós roubávamos o café deles.

O país necessita de uma boa gestão de suas despesas e de calibrá-las bem.

O maior problema da economia do país não aparece na imprensa atualmente. Também não é debatido no Congresso Nacional: há uma trajetória de aumento da dívida em relação ao PIB que está contratada para os próximos anos. Se não revertermos essa tendência o problema será muito mais grave do que perder o grau de investimento. O Brasil será insolvente. Esse problema está distante, mas a trajetória é essa. O Brasil será igual à prefeitura comandada por Bernal e Olarte. Falido e ferrado.

É claro que a saída mais "fácil" é aumentar impostos. Mas teremos de criar uma nova CPMF por ano com a continuidade de gastos que praticamos. O Brasil gasta muito e gasta mal. Tal qual a prefeitura de Bernal e seu desleal parceiro.
Alguns exemplos emanados do próprio governo demonstram a afirmativa. O sistema previdenciário brasileiro precisa de uma transformação completa. No Brasil, os homens se aposentam, em média, aos 54 anos, e as mulheres aos 52 anos. É absurdo. Pior. A Previdência Rural é um saco sem fundo. Tem mais gente aposentada como se fosse trabalhador rural do que existia e existe no campo. De acordo com o relatório do Ministério da Fazenda, que trata do Pronatec (programa voltado ao ensino técnico e profissional), os seus resultados foram inesperados. Qual foi o impacto do Pronatec até hoje? Nulo. Há programas bens geridos e outros são jogados para o prazer e deleite dos apaniguados.

Enquanto eles roubavam nossa borracha, nós roubávamos o café deles.

Celular só para fiéis.

A Assembleia de Deus, igreja que abriga mais de 12 milhões de fiéis no Brasil, lançou sua própria operadora de celular. A Mais AD, a empresa da igreja, utilizará a rede Vivo e será a terceira MVNO (sigla em inglês para Operadora Virtual de Rede Móvel) do Brasil.

Enquanto eles roubavam nossa borracha, nós roubávamos o café deles.
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