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Em Pauta

Esclarecendo o brasil: nome, o desflorestamento e a transformação

Mário Sérgio Lorenzetto | 03/07/2017 07:11
Esclarecendo o brasil:  nome, o desflorestamento e a transformação
Esclarecendo o brasil:  nome, o desflorestamento e a transformação

A palavra "brasil" era usada pelos europeu muitos séculos antes do descobrimento das nossas terras. No imaginário popular, existiria uma ilha mítica chamada "Brasil" em algum lugar do Atlântico. Não se sabe como a árvore denominada "pau-brasil" veio a receber tal denominação. Mas essa madeira, usada para a produção de tintas, chegava à Europa à partir da Índia.

Os portugueses ansiavam por "árvores tintureiras" quase tanto quanto apreciavam as especiarias. Inicialmente, o "dragoeiro" era a madeira cobiçada. Ao lado do açúcar, o dragoeiro tinha vasto mercado. Tal como a palavra "brasil", o dragoeiro estava envolta em lendas. Seria uma tinta resultante de uma substância produzida durante a luta entre um dragão e um elefante, resultando em um vermelho-sangue. Os portugueses encontraram o dragoeiro nos Açores e na Etiópia. Era valioso. Até o encontro do pau-brasil, era usado não só para tingir tecidos como na cosmética feminina e por artistas.

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O nome desta terra é Brasil

Inicialmente éramos Santa ou Vera Cruz. Quis o povo português que virasse Brasil. A história conhece essa mudança pelos "Comentários de João de Barro": " Per o qual nome Santa Cruz Foy aquella terra nomeada os primeiros anos: e a Cruz aruorada alguns durou naquele lugar. Porém como o demônio per o sinal da cruz perdeu o domínio que tinha sobre nós mediante a paixão de Christo Jesu consumada nella: tanto que daquela terra começou de vir o pão vermelho chamado Brasil, trabalhou que este nome ficasse na boca do povo, e que se perdesse o de Sancta Cruz". A verdade é que o termo Brasil generalizou-se rapidamente, consolidando seu uso ainda na primeira metade do século XVI. Foi o povo e não os nobres que escolheram o nome dessas terras.

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O desflorestamento praticado pelos índios

Há um mito criado pelo século XXI de que os índios brasileiros seriam ambientalistas, preservariam nossa fauna e flora. Essa afirmação têm cunho apenas ideológico, não é encontrada em nossa história. O desflorestamento começa com o pau-brasil. O primeiro passo para os portugueses adquirirem a madeira era o de localizá-la, no que foi preciso a colaboração indígena. Seguia-se o abate. Os indígenas percebendo da importância que os portugueses, e mais tarde os franceses, atribuíam ao pau-brasil, derrubavam indiscriminadamente as árvores e as depositavam no litoral.

Dos rudimentares métodos utilizados no abate, inicialmente sem ferramentas apropriadas a um trabalho de derrubada sistemático, os indígenas colocavam fogo ao pé das árvores e o incêndio acabava alastrando-se para tudo em volta. Depois desse abate destrutivo, os troncos que restavam eram seccionados em toras menores transportadas nos ombros dos indígenas ou em suas canoas que iam pelos cursos de água em direção ao litoral. A situação incendiária altera-se um tanto com a chegada dos machados. Os índios não conheciam instrumentos de ferro e passaram a não só utilizá-los, mas a adorá-los. Índio nunca quis apito ou enfeites, como reza o mito e a musica, índio queria machado, faca, até um relés prego. Índio não é bobo e fútil, como venderam sua imagem. Mas, a maior transformação no abate do pau-brasil estava chegando.

A situação será alterada drasticamente com a chegada de escravos da Guiné e de animais de força e carga. Escravos e bois mudaram o status-quo. As derrubadas foram sistematizadas e resultaram em um bom valor econômico para os portugueses e franceses.

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A "primeira lei ambientalista" e a "polícia" no Brasil

A exploração prosseguia em um ritmo descrito pela história como "impiedoso". Essa devastação levou a coroa portuguesa a uma atitude excepcional, procurou evitar o extermínio do pau-brasil. Surge a regulamentação filipina de 1605 para disciplinar os processos de extração da madeira tintureira.

Os governantes também tiveram o cuidado de organizar o transporte do pau-brasil, uma vez que os franceses ganhavam terreno. Criaram a primeira "polícia" brasileira. Cristóvão Jacques foi o primeiro "policial da costa brasileira". Foi ele quem comandou duas expedições "guarda-costas", em 1516 e 1526, para prender e afugentar os franceses que "roubavam" o pau-brasil. Durante muito tempo houve a indefinição se o Brasil seria dos "perós" (portugueses) ou dos " mair" (franceses). Mas Cristóvão Jacques usou de violência exagerada para a época (que era extremamente violenta), sendo retirado do policiamento da costa. Alguns entendem que os exageros policiais atuais, viriam dessa época. É o período em que os franceses avançaram mais que os portugueses sobre o pau.-brasil.

Finalmente o pau-brasil desembarcado em Portugal, seguia para Livorno (Itália) e Amsterdam (Holanda). Em Amsterdam, a transformação da madeira em tinta envolve uma curiosidade da história da pedagogia carcerária. Em 1599 esse trabalho passa para os presidiários holandeses. As autoridades organizam um sistema pioneiro de trabalho em uma prisão. Constituem equipes de produção de tinta à partir do pau-brasil com salários, prêmios...meritocracia. A história explica fatos e atitudes dos dias atuais?

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