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Em Pauta

Futuro: compraremos um gorro de gênio na Amazon?

Mário Sérgio Lorenzetto | 30/05/2019 06:31
Futuro: compraremos um gorro de gênio na Amazon?

As pesquisas sobre estimulação cerebral estão avançando muito rapidamente. Seus resultados são tão desconcertantes, que um leitor poderia sentir-se tentado a comprar, em poucos anos, um gorro de gênio na Amazon, para que tudo tenha sentido.
Só no mês passado, cientistas garantiram haver aumentado a memória de trabalho de pessoas de idade avançada, ao usar corrente elétrica através de um gorro. Também restauraram algumas funções cognitivas em uma mulher com dano cerebral, mediante o uso de eletrodos implantados em seu cérebro. Recentemente, a FDA - órgão responsável pela administração de alimentos e medicamentos - dos Estados Unidos aprovou o uso de um estimulador do tamanho de um celular que têm como objetivo aliviar os problemas de déficit de atenção ao administrar corrente elétrica na cabeça. No ano passado, outro grupo de cientistas anunciou que também haviam criado um implante cerebral que estimula o armazenamento na memória.

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Corrente elétrica no cérebro. A diferença dos medicamentos e da psicologia.

É óbvio que não chegará em tua casa nenhum artefato que envie corrente elétrica ao cérebro nos próximos meses. Todavia, esse campo é digno de ser observado com atenção. A diferença dos fármacos psiquiátricos ou das terapias psicológicas está no fato de que com os pulsos de corrente elétricos podem ser modificados os comportamentos das pessoas rapidamente e de maneira confiável. Ligam a corrente e há mudanças, desliguem e o efeito se detém ou diminui. Tudo indica que é realmente confiável.

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O cérebro têm um diretor, um maestro?

Os neurologistas costumam comparar a função cerebral com uma sinfonia. Se observem a interpretação de uma orquestra, quando começa, o violonista olha para a pessoa que está a seu lado, não ao maestro. Provavelmente o mesmo ocorre com o cérebro, dizem eles. A pergunta sem resposta é: o cérebro têm um diretor, um maestro? Essa é a fronteira do conhecimento que precisa ser desbravada. Só assim teremos perfeita confiança em terapias com medicamentos, psicologia ou estimulação elétrica.

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Estimulação elétrica para depressão grave.

A forma mais crua de intervenção cerebral é a terapia eletroconvulsiva - ECT. Consiste em enviar uma corrente através do cérebro que induz uma convulsão breve. Ocorre um alívio, pelo menos temporário, em casos de depressão grave. Os médicos que a estudam não têm dúvidas sobre essa terapia, todavia ela segue sem muita disposição dos pacientes de vê-la aplicada em suas cabeças. Mas falando metaforicamente, a ECT é o equivalente a deter a interpretação da orquestra e enviar aos músicos para sua casa para que repousem e regressem descansados no dia seguinte.

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Estimulação cerebral profunda (DBS).

Uma forma mais dirigida de terapia elétrica, chamada de estimulação cerebral profunda (DBS), têm sido largamente usada para manejar condições como o parkinson e a epilepsia. Com a DBS, se introduz um eletrodo em uma área específica do cérebro que está causando o transtorno. É paradoxal, estimular essa área, elimina a atividade. Além de paradoxal, também é difícil de explicar como o DBS têm tanta aceitação enquanto o ECT causa reservas nos pacientes.
Percebendo essa indisposição dos pacientes, a Escola de Medicina do Hospital Monte Sinai, em N.York está desenvolvendo estratégias para o uso de estimulação cerebral profunda em casos de depressão grave. A ideia que apregoam é de que podem enviar todos os músicos de uma secção da orquestra para casa - por exemplo, enviar todos os percursionistas de maneira permanente. Mas advertem que a precisão de quem aplica o eletrodo é "absolutamente critica".

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Amplificando as ondas tetas com gorros.

A Universidade de Boston descobriu que poderiam melhorar a memória de trabalho de idosos ao otimizar o que se chama de "acoplamento rítmico" entre as áreas frontal e temporal do córtex cerebral. As atividades de regiões distantes do cérebro são coordenadas por meio de ondas tetas de baixa frequência. Os cientistas usaram estimulação elétrica, administrada através de um gorro, para amplificar essas ondas, aumentando a coordenação entre as duas regiões cerebrais. Essa estimulação atua como se fosse um maestro da orquestra - "escuta, sintetiza e dirige".

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