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Em Pauta

Ideias bem-intencionadas, consequências desastrosas

Mário Sérgio Lorenzetto | 19/02/2020 06:30
Ideias bem-intencionadas, consequências desastrosas

De tudo o que nós fazemos de sincero e bem-intencionado alguma coisa fica... ainda que seja o desastre

Ideias bem-intencionadas, consequências desastrosas

O homem que errou três vezes... e morreu!

Em 1921, o norte americano Thomas Migdley trabalhava na General Motors quando descobriu que adicionar chumbo à gasolina evitava que os motores dos automóveis "batessem pino" - fenômeno causado quando o combustível detona prematuramente, atrapalhando o movimento sincronizado dos pistões. A empresa investiu pesado no novo produto, mas ele tinha um efeito colateral grave - era altamente tóxico. Casos de alucinações, surtos psicóticos e até mortes começaram a ocorrer na fábrica, tudo causado pelo efeito neurotóxico do chumbo. O próprio Migdley foi diagnosticado com intoxicamento. Ao se recuperar, foi trabalhar na Frigidaire, subsidiária da GM, que desejava desenvolver um novo gás para uso em geladeiras. Os que existiam eram altamente inflamáveis. A equipe de Migdley criou uma alternativa que não inflamava. Era o CFC - clorofluorocarboneto, que foi batizado de "Freon". Fez um sucesso incrível. Décadas depois, descobriu-se que o CFC destruía a camada de ozônio, expondo os seres vivos aos raios ultra-violetas. Tal como a gasolina com chumbo, o CFC foi proibido no mundo. Mas Midley não parava de inventar mesmo tendo contraído a poliomielite e ficado paralisado. Sua mente bem-intencionada não parava de criar desastres. Então decidiu criar um sistema de polias e correias para levantar-se da cama sem ajuda. Morreu estrangulado por esse sistema.

Ideias bem-intencionadas, consequências desastrosas

Pardais inimigos do comunismo.

Mao Tse Tung ao chegar ao poder na China, deparou com uma catástrofe tripla: epidemia de cólera, altíssima mortalidade infantil e infecção por esquistossomose. Lançou uma campanha contra as "grandes pragas sanitárias" que acometiam o país. Os grande inimigos do comunismo foram escolhidos: ratos (que provocavam a peste bubônica), mosquitos (que causavam a malária), moscas (que contaminavam os alimentos) e os pardais (que comiam uma parte dos grãos plantados pelos camponeses). Como nada entendiam de ecologia e ecossistemas, os pardais foram decretados "animais do capitalismo". Ninhos foram destruídos, os pobres pássaros foram caçados e perseguidos por grupos de crianças, que os impediam de pousar até que caíssem mortos de exaustão. Um sucesso. Mas faltou entender um "pequeno detalhe": os pardais comiam os insetos. Com o extermínio desses pássaros, houve uma gigantesca infestação de gafanhotos nas lavouras chinesas. Esse fenômeno, junto com uma reforma agrária que matava, causou enorme escassez de alimentos no país. Entre 20 a 30 milhões de pessoas morreram de fome.

Ideias bem-intencionadas, consequências desastrosas

Bem-vindas abelhas assassinas.

Em 1957, o biólogo Estevam Ker, professor da USP e da UNESP, trouxe da Tanzânia e da África do Sul algumas dezenas de abelhas-rainha africanas. Pensava em utilizá-las para melhoramento genético destinado à melhor produção de mel no Brasil. O mundo já conhecia as abelhas africanas devido à sua enorme agressividade. Os insetos foram levados a um apiário experimental em Rio Claro, no interior paulista. Algumas abelhas escaparam em um acidente. Logo após, o Brasil teve um pico elevado de mortes de pessoas e de animais devido à ferroada dessas abelhas. E elas se espalharam pelas Américas, chegando até os Estados Unidos. Mas os criadores e a população acabaram aprendendo a conviver - apesar do imenso medo - com as abelhas africanizadas.

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