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Em Pauta

Idosos: Exercícios combatem a decadência mental?

Mário Sérgio Lorenzetto | 03/01/2019 06:35
Idosos: Exercícios combatem a decadência mental?

Durante os últimos anos, se popularizou a ideia de que o cérebro é como um músculo: se não é exercitado, atrofia. Como consequência, o exercício do cérebro através da resolução de palavras cruzadas, sudokus, jogo de dama, etc... recebeu enorme publicidade como um método não só para minimizar o declive intelectual que ocorre com a idade, mas também para diminuir o risco de sofrer demências senis ou até mesmo o mal de Alzheimer.

Idosos: Exercícios combatem a decadência mental?

Os últimos estudos mostram que os exercícios não funcionam.

A realidade, todavia, é que as evidências científicas na área da neurociência, respaldando as afirmações anteriores de tantos cientistas, não mostram que os exercícios funcionam. A Escola de Medicina da Universidade de Yale diz com total clareza que: "o que mostram mais de duas décadas de pesquisas é que ao realizar uma atividade mental específica [como palavras cruzadas], você fica mais hábil para essa atividade, e isso é tudo. Se faz um sudoku, fica melhor em sudoku, mas não fica mais inteligente".

Idosos: Exercícios combatem a decadência mental?

A indústria do "treinamento cerebral" vive de marketing e não de ciência.

Estas assertivas da neurociência, todavia, não tem sido obstáculo para a florescente indústria do "treinamento cerebral" em forma de jogos, livros, videojogos, musicas, cursos.... De fato, um informe do setor prevê que esse negocio faturará mais de oito bilhões de dólares no mundo em 2022. Uma das mais lucrativas mentiras que o mundo já presenciou. Como quase sempre, o marketing derruba a ciência... quando não a pisoteia.

Idosos: Exercícios combatem a decadência mental?

A última pesquisa com quase 500 voluntários.

A revista médica British Medical Journal trás uma longa pesquisa, realizada na Inglaterra e na Irlanda com 498 voluntários acompanhados por longos 15 anos, mostrou o que Yale e tantas outras universidades já diziam. Todos os participantes compartilhavam uma série de detalhes: haviam nascido em 1936, viviam de forma independente e tinham participado de uma pesquisa previa sobre saúde mental em 1947. O resultado foi que aqueles participantes que eram mais ativos intelectualmente ao longo da vida, possuíam habilidades cognitivas superiores aos demais. Essa pesquisa resume afirmando que os mais inteligentes e ativos cérebros permanecem em um patamar superior aos demais, apesar de também sofrerem alguma decadência mental. O "x" da questão é que de nada vale exercitar um cérebro na velhice que não foi suficientemente exercitado antes dela.

Idosos: Exercícios combatem a decadência mental?

A surpresa do jogador de xadrez.

Isso tudo serve para recordar o caso documentado do jogador de xadrez. Esse senhor tinha passado quase todo seu tempo livre, durante a vida, aperfeiçoando jogadas cada vez melhores em um tabuleiro. Todavia, sua imensa inteligência e constante atividade mental não o protegeram do Alzheimer. Mas ninguém percebeu que sua mente se deteriorava na velhice, a queda cognitiva foi mínima. Quando faleceu, os médicos descobriram com surpresa na autópsia que, em realidade, seu cérebro estava tomado pelo Alzheimer.

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