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Em Pauta

Impeachment de Dilma está deixando de ser mais uma bobeira sem base política

Mário Sérgio Lorenzetto | 16/02/2015 07:47
Impeachment de Dilma está deixando de ser mais uma bobeira sem base política

Começaram a fazer as contas para o impeachment de Dilma

O impeachment de Dilma saiu da base descompromissada dos radicais da internet. Com a publicação de um artigo do jurista Ives Gandra (que dizem ter sido encomendado por FHC) que sustenta a viabilidade jurídica dessa hipótese, o tema saiu da banda das "lendas urbanas", dos delírios de um novo golpe militar, da implantação de uma ditadura bolivariana e do separatismo entre norte e sul. Todos são bobagens da mesma natureza, mas o impeachment está deixando de ser mais uma dessas baboseiras sem base política.

Começaram os discursos tratando do impeachment de Dilma no Congresso. Cássio Cunha Lima (PSDB - PB) e Cristovam Buarque (PDT-DF) debateram o assunto. Não quer dizer muita coisa, não tem muita importância, mas esses discursos "furaram a barreira do impossível". Era impossível tratar de impeachment com alguma seriedade; não é mais. As oposições começaram a medir as possibilidades, a quantificar os riscos e a projetar os vários cenários. São más notícias para Dilma e para o PT que "comemora" 35 anos de existência e 12 anos de poder. Uma festa pobre e melancólica, muito diferente de outros eventos similares. Esse é outro aspecto analisado pelos opositores de Dilma. O PT e seu governo está se desvinculando da alma dos brasileiros.

Começaram a fazer as contas para a interrupção do mandato presidencial. A América Latina, uma empresa de consultoria internacional, do grupo Eurasia, calculou o risco em um recente artigo como um evento com chance de acontecer de 20%. Para essa consultoria o impeachment poderá ocorrer caso evoluam concomitantemente" quatro fatores: o envolvimento pessoal de Dilma com o escândalo da Petrobras, a curva de popularidade do governo e do prestígio pessoal da Presidenta Dilma, de um possível distanciamento de Lula de sua ainda protegida e do vice presidente Michel Temer converter-se em um projeto de poder para a oposição (neste momento não é projeto nem mesmo do PMDB). Se em números a chance do afastamento de Dilma da Presidência da República seria de 20%, em fraseologia é: " improvável, mas não impossível".

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A família Bolsonaro e a bancada da bala

O lema deles é:"antes bancada da bala do que da mala". Eles têm uma quantidade de votos que impressiona. O chefe da família é o deputado federal Jair Bolsonaro, reeleito para o sétimo mandato com mais de 464 mil votos pelo Rio de Janeiro. Seus irmãos, Flávio e Carlos, estão no quarto mandato de deputado estadual e vereador no Rio de Janeiro, respectivamente. Os caçulas Renan, 16, e Laura, 4, ainda não tem idade suficiente.

Só faltava Eduardo, de 30 anos, um surfista carioca que mudou-se para São Paulo e entrou na Polícia Federal. O "surfista da bala" conquistou o apoio de mais de 82 mil eleitores e em conjunto com o pastor ainda mais afamado, Marcos Feliciano, estão entre os representantes do PSC na Câmara de Deputados. No cartaz de Alexandre Padilha, candidato do PT ao governo paulista, Bolsonaro desenhou rabo e chifres diabólicos. De vermelho, em sua casa, só dropes Halls sabor morango.

Como os demais membros da família, Bolsonaro surfista- policial defende a pena de morte, a redução da maioridade penal, a prisão perpétua e a revogação do Estatuto do Desarmamento. Eles entendem que hoje, os direitos humanos estão muito fortes. Um tapa na orelha de um menor se transforma em uma tempestade. E dizem abertamente que preferem a cadeia cheia de vagabundo a cemitério cheio de inocentes. O mais incrível: não se consideram radicais e sim conservadores que reagem a tudo aquilo que não acham correto. Afirmam que não são passivos e não se calam diante de fatos como o kit gay ou a ditadura bolivariana. Não existem iguais no Mato Grosso do Sul, mas há similares mais amenos de igual fama e estridência.

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Os loucos estão soltos

Em Trieste, cidade do nordeste italiano, com uma população de pouco mais de 200 mil habitantes, os loucos estão soltos. O último hospital psiquiátrico foi fechado em 1979 pelo médico Franco Basaglia. Para celebrar o fim do hospício, doentes, enfermeiros, médicos e artistas construíram um imenso cavalo azul de papelão. Colocado no local onde viveram reclusos durante anos, cerca de 1.200 loucos simbolizavam a liberdade com o cavalo, o retorno à vida cívica, a reapropriação da cidadania e um chamado a uma outra psiquiatria.

Em 1978, uma lei generalizou ao conjunto do território a experiência feita em Trieste, ordenando o fechamento de todos os hospitais psiquiátricos. A decisão, fruto de uma evolução intelectual e política, levou um tempo para se impor: o último estabelecimento fechou suas portas apenas em meados de 1990.

A ideia de Basaglia é a de sem negar a doença, pensa que a relação terapêutica só é possível com um doente mental livre. Para substituir o hospital psiquiátrico Basaglia criou centros de saúde mental. Hoje, existem quatro centros em Trieste que ficam abertos 24 horas por dia e cada um dispõe de seis ou sete leitos. O foco está na acolhida diurna - no ambulatório. As pessoas que sofrem de problemas mentais recebem tratamento, fazem uma refeição, encontram uma assistente social, um psiquiatra, um psicólogo e participam de várias atividades ou de grupos de discussão. Ninguém fica mais do que uma semana ou duas, e apenas em caso de crise. Os pacientes vivem em família ou em residências não medicalizadas. Urgências médicas sempre surgem. O ambiente é descontraído: nenhuma porta é fechada, tudo é claro, limpo e acolhedor. A contenção (prender em uma cama) foi banida. Uma crise grave de, por exemplo, um esquizofrênico, é tratada sem que ele se sinta em uma prisão, que ele não tem inimigos no centro de saúde e que poderá sair rapidamente. Os pobres têm sua "clínica" onde se tratar. E mais: eles recebem uma subvenção pública para adquirir uma formação profissional ou artística.
A Organização Mundial de Saúde reconheceu a qualidade do trabalho feito em Trieste. Nenhum excesso foi constatado. A hospitalização obrigatória diz respeito a menos de 10% dos pacientes e a taxa de suicídio diminuiu pela metade entre 1990 e 2001.

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