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Em Pauta

Kátia Abreu no Ministério da Agricultura produz boas notícias ou vende fumaça?

Mário Sérgio Lorenzetto | 30/07/2015 07:52
Kátia Abreu no Ministério da Agricultura produz boas notícias ou vende fumaça?

Kátia Abreu no Ministério da Agricultura produz boas notícias ou vende fumaça?

Há algo que é indiscutível, Kátia Abreu, gestora de uma pasta sem grandes prestígios tradicionalmente, tem livre acesso ao Palácio do Planalto. Como já rendeu resultados positivos com um Plano Safra com taxas e volume de recursos em condições melhores que todas as previsões imaginaram impossíveis pela conjuntura econômica. Ela também destoa da mesmice que ocupa os ministérios promovendo negociações comerciais com a Rússia, China, Japão, Arábia Saudita e Coréia do Sul.

Kátia vem prometendo metas ousadas para uma Brasília preocupada apenas com a manutenção do poder ou a derrubada dos atuais poderosos. Diz que em setembro lançará um grande projeto que recebeu o nome de "Campo na Classe Média". Também afirma que informatizará totalmente o ministério e organizará outro grande programa de vigilância sanitária nos mais de 15 mil quilômetros de fronteiras de outros países, para reforçar o monitoramento de doenças e pragas.

A crítica a sua atuação sai de algumas entidades de produtores e de secretários de Estados que fazem oposição ao governo federal. Eles afirmam que os projetos de Kátia Abreu são declarações de intenções, sem números, sem metas concretas e principalmente sem especificar a origem do dinheiro para sustentá-los. Enfim, ela seria uma "vendedora de fumaça". Afinal, qual o papel de Kátia Abreu, gestora de boas novas ou vendedora de fumaça?

Kátia Abreu no Ministério da Agricultura produz boas notícias ou vende fumaça?
Kátia Abreu no Ministério da Agricultura produz boas notícias ou vende fumaça?

A reforma agrária é a mais cara e ineficaz política social do governo. E ainda falta fazer a reforma agrária indígena.

Após 30 anos, os dados surgem impressionantes: ao final de 2014, o Incra registrava quase 1 milhão de famílias assentadas em mais de 9.000 projetos. São 88 milhões de hectares de área entregues aos assentados. Uma enormidade. Trata-se da maior distribuição de terras executadas no mundo. Para fazer inveja aos ditos "revolucionários", pois o Brasil fez sua reforma em plena vigência democrática. Para comparar, a somatória total da área plantada no país ocupa uma extensão de, aproximadamente, 70 milhões de hectares. Isto é, temos 20% menos área plantada no total geral (somadas pequenas, médias e grandes fazendas) do que a ocupada pelos assentamentos.

Números grandiosos e qualidade decepcionante. O impacto produtivo dos assentamentos sobre a safra é tão irrisório que sequer foi dimensionado. Desconhece-se quanto e como se produz. Um descaso na avaliação de resultados da gestão pública.
Se os assentamentos quase nada produzem, pior fica a credibilidade de sua política social. Há uma "regra": somente os assentamentos mais antigos à reforma agrária não conseguiram alterar significativamente a pobreza entre seus beneficiários. Continuam necessitando de benesses dos governos. Em muitos casos, os assentamentos provocaram uma triste favelização da zona rural. As favelas mudaram de endereço: saíram das periferias das cidades para bem longe dos olhos mais sensíveis da população urbana. Uma das provas da ineficácia do programa está no grau de desistência - cerca de 30% das famílias deixam o lote até o segundo ano do assentamento. Pode-se concluir que o modelo de reforma agrária não melhorou a produção de alimentos e nem resolveu a situação social dos assentados.

Com uma mera cópia do movimento pela reforma agrária, nos últimos anos as populações indígenas optaram pelo mesmo caminho, pleiteiam uma reforma agrária específica para eles. Ainda que algum dia, e algum governante, venha a resolver esse conflito, o resultado para os índios não tem como ser diferente do obtido pelos povos já assentados. Obtiveram uma vitória de pirro, os índios talvez venham a obter o "replay" da vitória de pirro. Lutam e morrem pelo fracasso, não enxergam além das próprias paredes, só existe um modelo a ser copiado.

Kátia Abreu no Ministério da Agricultura produz boas notícias ou vende fumaça?
Kátia Abreu no Ministério da Agricultura produz boas notícias ou vende fumaça?

O custo estimado da reforma agrária.

Não existem análises oficiais do custo da reforma agrária. Apenas estimativas. Elas sugerem que o custo mínimo dos assentamentos (o preço da terra, investimentos de infraestrutura, as despesas de instalação das famílias e do aparato governamental) atinge um pouco mais de 100 salários mínimos para cada família assentada. Equivale a bancar por dez anos, com um salário mínimo mensal, uma família carente. Essa é uma conta para o Centro-Oeste. Para o Sudeste, o custo do assentamento pode chegar ao triplo do estimado no Centro Oeste.

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Vem de Portugal a primeira defesa de Lula.

Seria Lula um lobista das empreiteiras atoladas na operação Lava-Jato? O Primeiro-Ministro português Pedro Passos Coelho diz que não: "O ex-presidente Lula da Silva não me veio meter nenhuma cunha para nenhuma empresa brasileira. Para ser uma coisa que toda a gente perceba direitinho, é assim. Não me veio dizer: há aqui uma empresa que eu gostaria que o senhor, se pudesse, desse ali um jeitinho. Isso não aconteceu. E nem aconteceria, estou eu convencido, nem da parte dele, nem da minha parte". O primeiro-ministro também afirmou que não recebeu nenhum pedido de informações de autoridades judiciais brasileiras sobre este assunto. Coelho disse que se reuniu três vezes com Lula e em nenhuma ocorreu qualquer interferência do brasileiro para promover negócios de empreiteiras brasileiras.

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Kátia Abreu no Ministério da Agricultura produz boas notícias ou vende fumaça?

Verde para parar e vermelho para avançar. O semáforo chinês.

Nada pode ilustrar melhor a transformação, gigantesca, ocorrida na China do que os semáforos ideologicamente invertidos existentes em Shenzen. Quando Deng Xiaoping abriu o país para o mundo exterior e iniciou o processo econômico que resultou nas altas taxas de crescimento dos últimos 25 anos, houve também uma profunda transformação em Shenzen. A China era tão pobre quanto o mais pobre Estado brasileiro. Shenzen era uma pequena vila de pescadores e seus "semáforos comunistas" usavam o vermelho para ir adiante. Alguns anos mais tarde, Xiaoping declarou Shenzen a Primeira Zona Econômica Especial, uma cidade onde seria realizada uma "experiência capitalista". Hoje, Shenzen é uma metrópole com 12 milhões de habitantes, moderna e altamente produtiva. E o verde do semáforo manda avançar.

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