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Em Pauta

Não adianta chorar. Esperar sentado as coisas melhorarem não melhora nada

Mário Sérgio Lorenzetto | 24/04/2015 09:25
Não adianta chorar. Esperar sentado as coisas melhorarem não melhora nada

Enquanto outros choram, eu vendo lenços.

Só existe uma certeza em época de crise - esperar sentado as coisas melhorarem não melhora nada. Só apontar culpados é muito pouco, é necessário apontar caminhos. Enquanto o mundo político debate medidas para fazer o país retomar algum crescimento, é necessário que empresários e trabalhadores olhem para dentro de suas empresas e busquem soluções. Chorar e ir às ruas em manifestações serve como catarse, pode ter o efeito de diminuir a raiva da condução errônea da economia nacional, mas não vai melhorar nada.

Esta não é a primeira crise que o país vivencia. Pelo contrário, o brasileiro sempre se mostrou competente em solucioná-las. Convivemos e superamos muitas crises. Mas, há algo que é preocupante: possivelmente a crise atual não será a última e não estamos tirando alguma aprendizagem dela. Saiam da prostração, liderem seu time, e se possível seu setor. Nos anos 80 e 90 tivemos 12 ministros da Fazenda e o absurdo de 7 planos econômicos. Muitas empresas desapareceram, mas as que sobreviveram adquiriram uma enorme capacidade de resistir e inovar. Não basta ser empresário, é preciso ser líder. Enquanto outros choram, eu vendo lenços. Esse é o slogan que uma agência de publicidade criou na última crise para conclamar a todos os empresários e trabalhadores a não se renderem a ela. Teve imenso sucesso.

Não adianta chorar. Esperar sentado as coisas melhorarem não melhora nada
Não adianta chorar. Esperar sentado as coisas melhorarem não melhora nada

O nosso terrorismo se chama gambiarra.

Este não é um país de tradição guerreira. Muito pelo contrário. As únicas "guerras" que existem aqui são as ocasionadas pelo futebol e as derrotas cotidianas da polícia para os narcotraficantes. Mas, há um forte terrorismo, sem armas, sem bombas e outros artefatos similares - o terror das gambiarras. É quase impossível imaginar um setor da economia onde elas não aparecem. Tem gambiarra para tudo. Na rede elétrica, na rede de água, na rede de internet, na rede da televisão paga. Existe alguma loja sem gambiarra? Existe uma só planta industrial sem gambiarra? Ou um órgão público? Talvez uma fazenda na mais erma região nos dê uma resposta positiva. Mas até nelas aparecem as gambiarras das vacinas obrigatórias por lei. Inventaram o "Impostômetro". Criaram o "Sonegômetro". Duas pragas antagônicas que assolam o país pelo excesso: impostos e sonegações. Talvez tenha chegado a hora do "Gambiarrômetro".

Nossos políticos são os campeões da gambiarra. Uns, inventaram a "gambiarra religiosa", professam uma determinada religião, na igreja ou no templo e outra, antagônica a todos os preceitos religiosos monoteístas, no motel com menores de idade. Outro grupo criou um novo tipo de gambiarra: a da Enersul. Não. Não é uma gambiarra com fios elétricos e sim com canos que formam dutos. Gambiarra de "escândalos fantasiosos" que nos trariam benefícios na absurda conta da energia. Apareceram as listas dos envolvidos nessa gambiarra e não há políticos e pior, com a lista veio a confirmação de que não teremos nem mesmo um centavo de desconto na conta da energia. Será que cabe denúncia ao Procon, por propaganda enganosa?

Não adianta chorar. Esperar sentado as coisas melhorarem não melhora nada
Não adianta chorar. Esperar sentado as coisas melhorarem não melhora nada

A hipótese da higiene. Quando higiene em excesso causa doenças.

Pode parecer inverossímil, difícil de acreditar, mas cientistas suecos acabam de comprovar uma premissa antiga: excesso de higiene causa doenças. Eles trabalham no hospital de Gotemburgo, na Suécia, e mandaram uma série de perguntas aos pais de 1.000 crianças. Dentre outras, perguntaram se os filhos sofriam de algumas das alergias mais comuns: asma, rinite, conjuntivite e eczemas. Nada de estranho até aí. Mas, em seguida perguntaram algo de surpreendente para os pais: usavam máquina de lavar louças ou lavavam os pratos com as mãos? A pregunta parecia sem sentido. Ninguém duvida que as máquinas de lavar louças são mais eficientes.

Os pesquisadores queriam comprovar uma antiga ideia: a "hipótese da higiene". As crianças que vivem em casas sem lava-louças têm a metade dos riscos de sofrerem com alguma alergia. Tem mais novidades na pesquisa sueca. O risco de alergias diminui ainda mais em lares onde consomem alimentados fermentados e se seus pais comprarem alimentos diretamente das fazendas. Em outras palavras, as crianças extremamente limpas, assépticas geraram um efeito paradoxal: aumentam a probabilidade de anular as defesas das crianças. É o que se conhece como "hipótese da higiene". Que deixou de ser hipotética e passou a ter comprovação científica. Essa ideia surgiu em 1989. David P.Strachan, um médico inglês, estudou 17.000 crianças e descobriu que o fator que mais protege as crianças contra a rinite alérgica é simplesmente ter irmãos maiores, o "colaborador e mestre do contato com a sujeira".

Não adianta chorar. Esperar sentado as coisas melhorarem não melhora nada
Não adianta chorar. Esperar sentado as coisas melhorarem não melhora nada

Grandin, uma autista que defende o bem estar animal.

Ela é uma mulher fenomenal. É considerada a autista de maior sucesso do mundo. Revolucionou as práticas para o tratamento bovino em fazendas, confinamentos e frigoríficos. Atualmente, mais da metade das fazendas dos Estados Unidos adotam os sistemas criados por ela para o manejo pecuário. Temple Gardin proferiu palestra, no ano passado, em Ribeirão Preto (SP).
Atualmente ela é professora da Universidade do Colorado (EUA). Ela foi considerada pela revista Times como uma das 100 mulheres mais influentes do mundo. Seu interesse pela pecuária iniciou em sua juventude quando foi passar férias em uma fazenda de sua tia. Uma vez na fazenda - um tanto arredia e temerosa - Temple Gardin começa a observar o modo como os trabalhadores lidam com a criação do gado, desde a alimentação, banho até o abate. Quando retorna à cidade para estudar em uma faculdade não consegue estabelecer um bom relacionamento com os colegas que zombavam de suas roupas e comportamento. Ela só consegue se relacionar com uma companheira de quarto cega, mas que dispõe de excelente capacidade em memorizar sons. Temple Grandin é um gênio para memorizar imagens. Assim, uma completa a outra - Temple Grandin com as imagens e sua amiga cega, com os sons.

Nessa caminhada, ela supera muitas dificuldades e preconceitos, por ser uma mulher e autista. Mas, com um espírito forte e determinado, ela se veste como homem para poder conhecer fazendas, confinamentos e frigoríficos. Assim, após muitas pesquisas e experimentos, Grandin desenvolve um projeto completo de manejo do gado até o abatedouro. A primeira mudança se deu nos tanques onde colocam os animais para o banho de limpeza e desinfecção. Morriam dois novilhos por semana afogados. Ela reestruturou toda o manejo do gado tratando-os corretamente e eliminando as mortes. O próximo conceito estabelecido foi o de que o gado deve andar sempre fazendo curva. Assim os animais se mantêm tranquilos por ser essa sua natureza. Até mesmo as calhas que levam o gado de um lado a outro foram remodeladas por Grandin. Ela tornou essas calhas sólidas, impedindo a passagem de luz e sons que atemorizavam e dispersavam o gado e é claro, passaram a ser curvas. As escadas necessárias para o manejo e transporte do gado se tornaram menos íngremes. Os peões foram proibidos de usar gritos para tocar a boiada. Só servem para assustar o gado. Uma transformação completa do manejo bovino foi desenvolvida.

O argumento final a ser rebatido por Grandin foi o do preço das mudanças. Ela concordou que seu projeto era mais caro que os usuais nos EUA dos anos 1970 - 1980. Grandin afirmou e demonstrou na prática que diminuiria o número de trabalhadores com a instalação de seu projeto, evitaria estouros, pernas de bois quebradas, desperdício do couro e hematomas que desvalorizam a carne após o abate. Temple Grandin afirmou que " a natureza é cruel, mas nós não precisamos ser como os outros animais. Devemos algum respeito para os animais". Ela é uma das precursoras dos conceitos modernos de bem-estar animal.

Não adianta chorar. Esperar sentado as coisas melhorarem não melhora nada
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