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Em Pauta

Narcotraficantes com alta tecnologia: usam drones nos EUA

Mário Sérgio Lorenzetto | 27/08/2017 08:06
Narcotraficantes com alta tecnologia: usam drones nos EUA

As novas mulas são rápidas e usam o ar para passar inadvertidas. Saem bicicletas, motos, carros e caminhões e entram em cena os drones. E se caírem ou forem abatidos pela polícia, não há como rastrear o proprietário. Eficiência no negócio milionário da maconha e cocaína na fronteira do México com os Estados Unidos vinha sendo "testada" pelos narcotraficantes desde há dois anos. Agora, o sistema engrenou e está preocupando as autoridades norte-americanas. Um pequeno drone custa por volta de US$1.000 e carrega 13 quilos de maconha. O caso mais famoso aconteceu em Calexico, na fronteira entre a Califórnia e o México, onde conseguiram prender um drone que carregava 13 quilos de maconha. Se já enxugavam gelo nas apreensões das drogas nas fronteiras... apreendiam aproximadamente 10% das cargas de droga, passaremos a prender algo próximo a zero. Eles sempre estão a nossa frente.

Narcotraficantes com alta tecnologia: usam drones nos EUA

Os negros maconheiros dos EUA e do Brasil.

Durante séculos o consumo de maconha se restringia aos negros, tanto nos Estados Unidos como no Brasil. Todavia, diante do fracasso e impopularidade da Lei Seca, que proibia bebidas alcoólicas nos EUA, criaram uma espécie de compensação: para liberar o consumo de álcool proibiram o de maconha. E foi criada uma nova onda de pânico moral, dessa vez com claros tons racistas, o pavor dos "negros maconheiros". A maconha foi proibida nos EUA em 1937. Essa proibição levaria a uma reação em cadeia em dezenas de outros países. No Brasil, após leis locais, a proibição da maconha viria no primeiro mês da ditadura Vargas - novembro de 1938.

Narcotraficantes com alta tecnologia: usam drones nos EUA

A cocaína não é boliviana ou colombiana, é alemã.

Perguntem a seus amigos qual a nacionalidade da cocaína. Eles responderão que é boliviana ou colombiana. Estão errados. Para criar uma grama de cocaína, é necessário um quilo de folhas de coca. A coca já era conhecida na Europa desde os anos 1500. Essas folhas são mascadas nos Andes há milhares de anos, mas produzem os efeitos da cocaína. De fato, a droga nasceu de um longo processo químico com várias etapas. Foi sintetizada em 1859 dentro da Universidade de Göttingen - a mais conceituada dessa época - por obra do químico alemão Albert Niemann.
Nascida em laboratórios farmacêuticos, ninguém pensou em proibi-la. Por muitas décadas foi usada livremente. O oftalmologista Karl Koller injetou cocaína em seus olhos para testar possíveis melhorias na visão. Sigmund Freud a usou e recomendou para seus pacientes. A Coca Cola não têm esse nome a toa, usou cocaína em sua bebida por longos anos. Hoje continua usando folhas de coca de onde retira os alcaloides (que dão o "barato"). A Stepan Company, um braço da Coca Cola, é a única empresa norte-americana que tem autorização para usar folhas de coca.
A Holanda, vendo o sucesso da cocaína, abriu competição aberta às folhas dos Andes. Encheu a ilha de Java de plantas de coca e passou a produzir cocaína. Era considerada um excelente analgésico e um ótimo composto para melhorar a acuidade mental. Somente em 1914, veio a proibição nos EUA (o Brasil proibiu a cocaína em 1921). Como era muito cara, a cocaína era droga da elite e não foi combatida na prática. A guerra à cocaína viria só em 1961, quando uma convenção da ONU recomendou o banimento completo de várias drogas.
Mas, como sempre, à medida que o consumo da cocaína era combatido, despertava maior interesse e, consequentemente, seu consumo. Assim, grupos de bolivianos, peruanos e colombianos começaram a se especializar em sua produção e venda. Era difícil de produzir, mas o lucro era estratosférico.

Narcotraficantes com alta tecnologia: usam drones nos EUA

A primeira rede de tráfico de cocaína era comandada por uma mulher.

Quem montou a primeira rede de tráfico de cocaína não foi Pablo Escobar. Com o endurecimento das leis contra as drogas veio o aumento da demanda. Também acrescente a esse comportamento humano um típico da época: os desejos por experimentar estados alterados da mente da geração hippie. No fim dos anos 1960 e início dos anos 1970, o consumo de cocaína explodiu. Giselda Blanco seria a pioneira no fornecimento da droga. Mudou-se para N.York e começou um negócio de importação e distribuição de seu país natal. A "Madrinha" ou "Viúva Negra" fugiria dos EUA cinco anos depois, mas retornaria no final da década. Sua carreira só teve fim com sua prisão em 1985. Vendeu cocaína durante 15 anos. Inspirado na Madrinha, Pablo Escobar e seus parceiros de Medellin começaram a ocupar o espaço deixado por Giselda. Nos primeiros tráficos de Pablo Escobar colocavam a droga em camisinhas e as engoliam. Depois a colocaram dentro de pneus velhos que eram abandonados em aeroportos norte-americanos. Mas o lucro era tão monstruoso que ficou fácil profissionalizar o esquema. Compraram uma ilha no Caribe e passaram a usá-la como ponto de apoio. A área ganhou um hotel, uma vila de casas e um galpão refrigerado para estocar a droga. Aviões pequenos, cheios de pó, deixavam a Colômbia, reabasteciam na ilha e seguiam até Miami. Estava criado o Cartel de Medellin.

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