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Em Pauta

Nhô Zico e a Diligência: como prendiam bandidos há um século

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 21/09/2025 07:00
Nhô Zico e a Diligência: como prendiam bandidos há um século

Campo Grande, há um século, era uma vilota. Como em todo o Mato Grosso do Sul, tinha poucos habitantes. A maioria morava nas fazendas de seu entorno. E foi em uma delas que três bandidos roubaram tudo que nela havia e ainda atearam fogo na casa. A seguir, foram sertão adentro, rumo à fronteira com o Paraguai.


Nhô Zico e a Diligência: como prendiam bandidos há um século

Depois do velório, a dor no coração.

Quando a família de Nhô Zico retornou do velório, encontrou tudo reduzido a cinzas e o velho ainda teve de ouvir o detonar do cartucho que se encontrava no cano direito da espingarda que comprara novinha em folha. Tinha trocado por algumas arrobas de lã de carneiro. Sentiu tamanha dor no coração que não conseguiu dizer uma só palavra. Sentou-se na vara da porteira e ficou olhando a fumaça que se levantava da casa incendiada pelos meliantes.


Nhô Zico e a Diligência: como prendiam bandidos há um século

Formaram uma diligência.

Ouviu que os filhos resolveram se abrigar na casa do compadre. Ele, não! Pegou o rumo da vilinha. Ao meio-dia estava de volta. O subdelegado formara uma diligência. Três homens, quatro com ele…que seria o comandante. Muita bala, bons revólveres e quatro mosquetões. Tinham uma pista segura. Viajando dia e noite apanhariam os fugitivos antes da linha da fronteira. Matar, não! A autoridade havia lhes recomendado que trouxessem os bandidos vivos.


Nhô Zico e a Diligência: como prendiam bandidos há um século

Um mês depois….

Um mês depois a diligência voltou. A vila se apinhou de gente. Parecia festa do Senhor Divino. Em frente da diminuta delegacia os três homens permaneciam algemados. Tinham as feições deformadas. Assemelhavam-se mais a monstros que a seres humanos.


Nhô Zico e a Diligência: como prendiam bandidos há um século

Vivos, mas não muito, como o senhor pediu.

O subdelegado se acercou do grupo. O velho que chefiava a diligência falou embaraçadamente: “Tão ai os homens, seo delegado…vivos como mecê pediu…”. “E o nome deles, nhô Zico?”, perguntou o subdelegado. “Num sei não”, respondeu o velho. “Não perguntou depois de tantos dias?”. “Quando se me alembrei, num adiantava mais não”. “Eles cuspiram em nossa cara, depois de dizer bom dia, seus pulicia de bosta”. “Foi ai que perdi a paciência, fiquei meio loco e quando me dei conta tava com três metades de língua na mão”.

 

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