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Em Pauta

O Plano Safra e a ameaça de "pedalada" do governo Bolsonaro

Mário Sérgio Lorenzetto | 20/04/2021 06:32
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
O Plano Safra é o grande instrumento governamental para a agropecuária. Tem duração anual e costuma valer entre julho de um ano e junho do ano seguinte. Desta vez, a sua elaboração está travada por causa do impasse em torno do Orçamento Federal. O programa, que foi peça-chave no impeachment de Dilma Roussef, se tornou risco jurídico para Bolsonaro.


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O que é o Plano Safra.

Na prática, o Plano Safra é um grande crédito rural em que o governo subsidia empréstimos concedidos por bancos públicos e privados para os fazendeiros. Isso mesmo que está pensando: os fazendeiros, além dos industriais, também recebem parte dos impostos que pagamos. O Plano Safra é fundamental para boa parte do campo, ajuda a minimizar os impactos financeiros de fatores climáticos e pragas. É difícil imaginar um ano de forte produção rural sem esse Plano.


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Decifrando os meandros do Plano Safra.

Os bancos entram apenas com uma parte dos recursos do Plano. Para garantir taxas de juros baixas, o governo entra com dinheiro para garantir aos bancos uma remuneração maior dos empréstimos e cobrir custos administrativos das operações bancárias. Os bancos não perdem.


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R$ 236 bilhões e é pouco.

O crédito para os fazendeiros concedidos pelos impostos é gigantesco aparentemente: foram R$ 236 bilhões no Plano que está acabando (edição 2020/2021). E é pouco, o agronegócio brasileiro felizmente voa em elevadas alturas, o dobro seria apenas "bom". Várias multinacionais dos grãos preenchem o espaço que o Plano Safra não preenche, com quantias tão fabulosas quanto as advindas dos impostos. Esse dinheiro pode ser voltado para ações de custeio, compra dos caríssimos insumos, aquisição de máquinas e raramente de terras.


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Não é só para os milionários, atende os pequenos e médios fazendeiros.

Pronaf - Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar - é o nome da parte desses R$ 236 bilhões que vai para os pequenos fazendeiros, especialmente para os assentados da reforma agrária que querem trabalhar (boa percentagem deles só quer revender a terra recebida). Para esse braço do Plano, foram destinados R$ 33 bilhões. Tem as taxas de juros mais baixas. Há, também, o Pronamp - Programa de Apoio ao Médio Produtor Rural e, é claro, uma linha de crédito para os milionários.


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Como o Plano Safra deu o "Tchau querida" para Dilma.

O "Tchau querida", o impeachment de Dilma foi embasado nas pedaladas fiscais, coisa que pouquíssimos entenderam. Realmente são difíceis pois se tratam de irregularidades contábeis. O Plano Safra entrou na equação do afastamento da presidenta. O governo deixou de pagar R$ 3,5 bilhões para o Banco do Brasil pelas operações do Plano Safra. Ou seja, o governo atrasou o pagamento dos subsídios a linhas de crédito agrícola do Plano Safra. O Congresso interpretou esse atraso como um empréstimo do Banco do Brasil ao governo, ação proibida pela Lei de Responsabilidade. A defesa de Dilma argumentava que governos estaduais tinham realizado ações semelhantes (e é verdade).


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A ameaça que paira sob Bolsonaro.

Há um impasse no Orçamento. E nesse debate, Guedes colocou a questão do crime de responsabilidade fiscal. Com três meses de atraso, o Congresso aprovou uma "peça de ficção". As despesas elencadas no Orçamento são maiores que as receitas. Tem de cortar gastos ou se defrontar com um impeachment como o que Dilma foi derrotada. Bolsonaro tem até 22 de abril para sancionar - e correr os riscos - ou vetar trechos dos projetos - especialmente obras de interesse dos parlamentares e parte do Plano Safra. Está criado o impasse. E faltando dois dias, ninguém desenrolou o nó criado. Acabaram de criar um arremedo. Jogaram para fora do teto algumas despesas visando a permanência das emendas parlamentares para obras e o Plano Safra. Vai dar muita discussão. O Plano Safra ficará. As obras dos parlamentares, ninguém sabe.
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