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Em Pauta

O sucesso e a morte da coxinha de mortadela

Mário Sérgio Lorenzetto | 23/07/2017 09:21
O sucesso e a morte da coxinha de mortadela

Nada melhor que a culinária para construir a metáfora de um país. O macarrão une italianos belicosos há séculos. O arroz com aletria é fator de união dos beligerantes povos do Oriente Médio. Uma pizza une todos os napolitanos que há poucos dias tentavam se matar nas ruas. Um sushi é capaz de fazer milagres e unir todos os espíritos de samurais que vivem nos japoneses.

O Brasil construiu duas tropas. Entrincheiradas em suas valas nas ruas e nas redes sociais, atacavam-se mutuamente lançando coxinhas e mortadelas umas nas outras. Mas no horizonte dos lenços brancos, surgiu uma rede de culinária italiana apregoando a paz. "Ragazzo" é o nome de uma rede de comida italiana presente em seis Estados brasileiros. Seus proprietários tiveram a feliz ideia de lançar um "salgadinho da união nacional". "A gente avaliou que aquela rivalidade não fazia sentido", diz um de seus diretores. "Decidimos, então, propor uma trégua à nossa clientela", prossegue o diretor.

Mal estreou, a coxinha de mortadela revelou-se um imenso sucesso. O brasileiro é pacifista por índole e natureza (salvo raras exceções). Vendia mais que coxinha de frango, uma notória preferência nacional. Durante algum tempo, a coxinha pacifista respondeu por metade das coxinhas vendidas no Ragazzo. O triunfo da paz, porém, não resistiu. A coxinha de mortadela faleceu. Não suportou os uivos da discórdia. Sucumbiu ao mau gosto das coxinhas temperadas com ódio e das mortadelas que levam em seu corpo e alma o veneno da vingança. Ás coxinhas e mortadelas cidadãos, o tempo é de ânsia.

O sucesso e a morte da coxinha de mortadela

O capitalismo anárquico brasileiro, onde nada funciona e se paga elevados impostos

Porque falamos tanto em dinheiro no Brasil? Uma das melhores respostas é por causa do tipo de capitalismo que empregamos, ou melhor da anarquia capitalista em que nos metemos. Que também pode ser elegantemente denominado de "Custo Brasil". Esse custo consiste no conjunto de fatores que comprometem a eficiência nacional e desanimam o investimento estrangeiro. Para que não paire dúvida: esse custo encarece em mais de 36% todos os nossos produtos quando comparados com alemães ou norte-americanos.

Para se criar uma empresa são necessários 120 dias e R$2.038, números que nos tornam o país mais dispendioso e demorado dos BRICS. A energia do país é a mais cara do planeta. A rede telefônica é a segunda mais cara do mundo. Na ONU, entre 30 nações estudadas, o Brasil ficou em ultimo lugar na relação entre carga tributária e serviços públicos. As rodovias, ferrovias, hidrovias e aeroportos são, tendo em conta a dimensão e complexidade do país, precárias. Em um estudo do IPEA, apenas 18% dos concorrentes a um lugar no mercado de trabalho preenchem os requisitos curriculares necessários - o restante 82% são, portanto, mão de obra desqualificada. Como a diferença de qualidade entre a saúde pública e não pública é enorme, os planos de saúde privados podem dar-se ao luxo de cobrar fortunas por seus serviços e pagar muito, mas muito mal os médicos. Os gastos dos condomínios e prédios com segurança são brutais: porteiros 24 horas, câmeras de vigilância, alarmes sofisticados, grades e arames farpados pagos a preço de ouro para que tenhamos uma insignificante e ineficiente segurança. Esta espécie de capitalismo anárquico onde há excesso da presença estatal para cobrar impostos e nenhum estado em simultâneo, quando se trata de oferecer serviços, é o que corrói as esperanças dos brasileiros. Vivemos na mais completa anarquia e, tudo indica, nela permaneceremos.

O sucesso e a morte da coxinha de mortadela

Alemanha emite nota que vale zero euro

Na Alemanha já é possível andar na carteira com uma nota que vale zero. Elas não têm valor facial. Não é possível fazer qualquer tipo de transação comercial com elas. Mas elas custam 2,5 euros para ser impressas. As notas são impressas em papel moeda normal e contam com todos os elementos de segurança das demais notas de euro. Na fase inicial só foram impressas 5.000 unidades dessas notas e o estoque esgotou em menos de 24 horas. Foram adquiridas por colecionadores e turistas. Uma ideia excêntrica, mas vitoriosa.

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