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Em Pauta

Olavo de Carvalho, o parteiro da nova direita brasileira

Mário Sérgio Lorenzetto | 16/12/2016 07:08
Olavo de Carvalho, o parteiro da nova direita brasileira

Enfim saíram do armário. Foi um parto demorado. Vieram ao mundo aos berros. Fez-se luz (ou trevas, para os esquerdistas), a nova direita ressurgiu das cinzas da ditadura. Constituída prioritariamente por pequenos empresários, profissionais liberais, policiais e jovens militares, foram beber as ideias de um controverso pensador. Sem formação acadêmica alguma, típica da elite "mandante" brasileira (vide o caso de Lula da Silva), Olavo de Carvalho diz que a direita brasileira começa a se organizar nas ruas. Perguntado pela BBC a que se deve a transformação, responde sem humildade alguma, em francês: "C´est moi" (Sou eu). Paradoxalmente, Olavo de Carvalho diz não pertencer a esse grupamento ideológico. "Eu quis que uma direita existisse, o que não quer dizer que eu pertença a ela. Fui o parteiro dela, mas o parteiro não nasce com o bebê", afirma.

Vive nos Estados Unidos, escrevendo livros, artigos incendiários e provocativos, além de proferir palestras online. Seus detratores o denominam "Aiatolavo", em referencia ao líder espiritual dos xiitas mulçumanos ou de "mascate da paranoia anticomunista". O líder não aceita a liderança diz: "eu não quero ser representante de direita alguma, só fiz o meu serviço que era abrir o espaço para eles poderem falar. Naturalmente, quando você destampa, aparecem junto com as flores, as cobras, aranhas, lagartos, lacraia, toda a porcaria vem junto", diz categoricamente o parteiro.
Olavo de Carvalho é um dos raros escritores brasileiros que vivem sem ser mais um apaniguado de governos. A quase totalidade dos escritores nacionais só sobrevive com as grandiosas compras de livros feita pelos governos. Ele é uma exceção. Seu editor, Carlos Andreazza, da Record, diz que apenas um de seus livros, "O mínimo que você precisa para não ser um idiota", já vendeu 320 mil exemplares.

Todavia, o paradoxo maior desse líder que não aceita liderar é a crítica contundente a seus seguidores que aspiram o poder. De acordo com o site do movimento MBL, nove de seus integrantes se elegeram por cinco partidos diferentes. Segundo o escritor, a direita deveria se concentrar em ocupar espaços não no Estado, mas "nas igrejas, nas escolas, nas sociedades de amigos do bairro, no clube: é ali que está o poder". Olavo de Carvalho conclui seu projeto de criar uma direita, ofendendo seus seguidores: "Os comunistas sempre souberam disso. O pessoal da direita chegou agora, leu três artigos do Olavo de Carvalho, já acha que sabe tudo e quer ser senador, presidente da república. Um bando de palhaços, evidentemente". Contra ou a favor, pouco importa. Decisivo é o fator que, finalmente, o país conta com uma direita. Sem ela, a democracia é perneta. Seus exageros e desvarios são típicos de sua tenra infância. Um país só pode ser construído pelo embate de ideias e não de canhões.

Olavo de Carvalho, o parteiro da nova direita brasileira

Veja a casa de R$400 milhões de Bill Gates

Com um patrimônio de, aproximadamente, R$300 bilhões, Bill Gates é o homem mais rico dos Estados Unidos. Não deve surpreender que uma das pessoas mais ricas do mundo, tenha uma casa insanamente extravagante. Depois de sete anos construindo a sua "casa dos sonhos", em Washington, e baseada arquitetonicamente em filmes hollywoodianos, Gates ergueu uma mansão com a melhor tecnologia do mundo e com cuidados ecológicos impossíveis de serem concretizados por um mortal comum.

Olavo de Carvalho, o parteiro da nova direita brasileira

As cinzas e a Igreja Católica

Durante séculos a Igreja Católica proibiu cremações. O argumento é que se chocava com os ensinamentos sobre a ressurreição do corpo no dia do Julgamento Final. A mais importante instituição do mundo começou a permitir as cremações, com reservas, somente a partir de 1963. Não entendo o escândalo que gerou no mundo todo o documento emitido pelo Vaticano que proíbe conservar as cinzas em casa ou dispersar na natureza (é claro que esse escândalo não chegou ao Brasil, que se tornou um país de um só tema).

Pouco conheço as promessas que fazem outras religiões, mas a da religião católica é tentadora e imbatível: ressurreição do corpo e da alma. A questão da ressurreição da alma me parece algo possível e desejável. Mas a do corpo sempre me soou a uma película hollywoodiana. Em minha ignorância me pergunto: quando chegar o momento em que os corpos recuperarão vida, onde colocarão tanta gente? Serão assemelhados aos zumbis? Quem falecer com 100 anos, retornará com o físico dessa idade? Obrigar a guarda das cinzas para os cemitérios é uma decisão mui "democrática".

Apesar dos ingentes esforços do Papa Francisco, a Igreja continua a percorrer o mesmo caminho de dantes em muitos assuntos da vida privada. Assenhora-se deles. Desde o berço até o leito de morte. Que o digam os divorciados que pretendem casar-se novamente (e não podem). Que o digam os gays católicos que desejam exercer sua sexualidade ( e não podem). Que o digam os jovens, e não tão jovens, que desejam usar a pílula anticoncepcional (e não podem). Que o digam as mulheres católicas que pretendem ser sacerdotisas (e jamais poderão).

Nem todo mundo está divorciado, é gay, pratica sexo passível de ter filhos ou deseja ser sacerdote. Mas todo mundo tem um morto na família. Talvez cremado. Se isso não é "democracia" - proibição para todos - não sei o que é.

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Um jornal-papel ressurge das cinzas

Dos três grandes furos jornalísticos publicados na reta final da campanha presidencial norte americana, um foi a investigação do N.York Times sobre como Trump deixou de pagar impostos por quase vinte anos. Outro revelou que sua atividade filantrópica não passava de propaganda furada, já que ele usava o dinheiro quem doava em causa própria. E o último foi um vídeo em que ele, ao final de uma entrevista, jactava-se de suas investidas sexuais e ditava o bê-a-bá da misoginia, do desrespeito às mulheres. As duas últimas reportagens, do Washington Post, foram escritas pelo mesmo repórter - David Fahrenthold.

Desde que foi comprado por Jeff Bezos, dono da Amazon, o Post (como o denominam os norte americanos), vivia seu momento de fênix. Em pouco mais de três anos, retomou a excelência da reportagem, reinventou-se na internet e recobrou sua relevância mundial. A equação de sucesso não teria sido possível sem o comando de Martin Baron, considerado um dos melhores editores em atividade do mundo e cuja carreira inclui uma retumbante passagem pelo Boston Globe - onde liderou a investigação sobre pedofilia na Igreja Católica, que resultou no filme Spotlight. Com Bezos e Baron, a nova encarnação do Post combinou a velha escola do jornalismo puro-sangue com as contemporaneidade da tecnologia digital.

Dinheiro, faro jornalístico e o prestígio de uma marca centenária fizeram do Post uma exceção. Ao contrário do resto da imprensa-papel no mundo que passava por demissões coletivas e fechamentos de escritórios, o Post aumentou o número de funcionários em 30%.

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