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Em Pauta

Proteja tua coluna, a estrada da informação do corpo

Mário Sérgio Lorenzetto | 01/05/2019 07:10
Proteja tua coluna, a estrada da informação do corpo

Provavelmente dois dias depois que os antepassados da espécie humana andaram com dois pés, já lhes doía as costas. A coluna vertebral é um complexo de vital importância, não só para manter-nos erguidos. Se o cérebro é a CPU - a unidade central de processamento - do nosso sistema nervoso, a coluna vertebral é a estrada da informação por onde vão os nervos que distribuem as ordens e recolhem os sinais de todo o organismo. Por isso, qualquer problema que tenhamos com a coluna vertebral, além de nos molestar por não permitir-nos funcionar com normalidade, pode ser doloroso e pode afetar diferentes partes do corpo se ocorrer o pinçamento de algum nervo. E uma vez que o homem vem há milênios lidando com essa dor, desde o início de nossa memória escrita há gente que têm procurado dar alguma solução a esse problema, de forma válida ou tentando enganar aqueles que apresentam problemas na coluna.

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Curandeirismo e medicina tradicional tratam a coluna? A escola quiroprática.

Dentro do curandeirismo ou das medicinas tradicionais sempre existiu uma "especialidade" em arrumar ossos da coluna. Na Espanha há os "componedores de osos"; na França, há os "reboteux". Em Londres, a curandeira mais famosa de todos os tempos foi Sarah Mapp, conhecida como "Sally a louca", era famosa por arrumar os ossos da coluna. Com esses antecedentes populares trazidos às Américas desde o início da chegada dos europeus, é lógico que alguém tentaria legitimar essa enganação. Em 1895, nos Estados Unidos, Daniel David Palmer, personagem com uma obscura biografia, que incluía várias etapas no cárcere por passar-se por médico sem diploma, teve um momento de inspiração. Segundo seu próprio relato, manipulando a coluna, curou um vizinho chamado Harvey Lillard, que tinha ficado surdo aos 17 anos por um "estiramento muscular". Logo, seguindo a mesma técnica, curou um problema cardíaco de outro vizinho. Com essas premissas, abriu a primeira escola de quiroprática em Davenport, no Iowa.

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As premissas da escola quiroprática.

Segundo seu fundador, toda a energia humana fluía pela coluna vertebral e a causa das enfermidades (ósseas ou não) se devia a problemas nela. Palmer dizia que conseguia detectar lesões desconhecidas pela ciência até aquele momento, que ele chamava de "sub-luxações". Palmer acreditava que era um semi-deus, capaz de curar dores na coluna até um câncer só manipulando vértebras.
O método inventado por Palmer foi um êxito. Mas a enganação foi momentânea. Pior foi seu fim. Com os lucros que obteve enganando as pessoas com a quiroprática, comprou o primeiro automóvel de sua cidadezinha. E foi seu filho que o atropelou com esse carro.

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A continuidade da escola.

Seu filho herdou a escola. Ao contrário do pai, o filho conhecia marketing e conseguiu transformar essa escola em universal. Desenhou estranhas máquinas e contratou programas de rádio para difundir as "bondades" de sua técnica. Assim foi como a quiroprática chegou ao Brasil. O "pequeno" problema é que em quase 100 anos de existência dessa escola, não conseguiu constatar nenhuma de suas afirmações. De fato, desde a primeira "cura", tudo não passa de invencionice para enganar. Curar um surdo? Curar um problema cardíaco? Crendice elevada à última potência. Basta se olhar no espelho para ver onde está o cérebro, o ouvido e a coluna para comprovar que os nervos do ouvido não vão pela coluna.

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Os "doutores" da quiroprática.

Essa escola continua a funcionar no mundo e foi além. Inventaram um título. Um médico costuma colocar a sigla Dr. antes de seu nome. Caso tenha um doutorado, coloca a sigla Ph.D. , o quiroprático coloca a sigla Bs.D.C. antes de seu nome, que parece ser um título oficial sem ser.
Algumas vezes eles praticam uma quiroprática tão agressiva que podem ser perigosas. Assim, a melhor e única alternativa é consultar um médico ou um bom fisioterapeuta. Esqueça os charlatães.

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