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Em Pauta

Quando a relação sexual emburrecia e matava

Mário Sérgio Lorenzetto | 23/02/2020 09:29
Quando a relação sexual emburrecia e matava

Querida serpente. Nos primeiros séculos da chegada dos portugueses ao Brasil, os padres apregoavam que era preciso enfear o corpo das mulheres. Os vícios e as "fervenças da carne", ou seja, o desejo erótico, tinham como alvo a mulher. Era considerada "barro, lodo e sangue imundo". Onde tudo era feio porque pecaminoso. A mulher, a velha amiga da serpente e do Diabo, era considerada, nesses tempos, como um veículo de perdição da saúde e da alma dos homens. E as piores eram as mais formosas.

Quando a relação sexual emburrecia e matava

Onde se escondia o desejo?

Homem algum imaginava cobiçar seios ou genitália, eram desvalorizados. O desejo se escondia nos rostos e, acreditem, nos pés. Eram podólatras, tinham fetiche pelos pés femininos? A resposta é negativa. Era o que podia ser entrevisto. Provocação possível para abrir o apetite sexual.

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O desejo sexual era uma enfermidade.

Desejar ardentemente uma mulher trazia riscos. Acreditavam que o desequilíbrio ou a corrupção dos humores, graças à secreção da bile negra, explicasse uma desatinada erotização. Dela provinham os piores crimes e os mais violentos casos amorosos. Apesar do medo dos castigos apregoados pela igreja, a razão não conseguia, muitas vezes, controlar o "calor vindo do coração". Mas a força da religião consolidou a ideia do desejo sexual como enfermidade.

Quando a relação sexual emburrecia e matava

As causas do desejo sexual.

Entre as causas externas do desejo erótico estariam o ar e os alimentos. Entre as internas, a falta de repouso e de sono. Entendiam que a paixão física "abreviava a vida do homem". Incapazes de conter nutrientes, os membros enfraqueciam-se, minguando ou secando. Ciática, dores de cabeça, problemas de estômago ou dos olhos eram decorrentes do desejo sexual. A relação sexual, por sua vez, emburrecia, além de abreviar a vida. Para essa época, " só os castos viviam muito" (a ideia de castidade é mais velha que o Matusalém).

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Os remédios contra o desejo sexual.

E como combater o problema do desejo sexual? Os remédios poderiam ser dietéticos, cirúrgicos ou farmacêuticos. Adotavam sangrias nas veias de braços e pernas. E, ainda, remédios frios e úmidos, como caldos de alface, grãos de cânfora e o mais inacreditável: cicuta. Contra o calor do desejo sexual, tomavam sopas e infusões frias. Também adotavam soluções risíveis: massagear o pênis, o períneo e os rins com um "unguento refrigerador feito de ervas". (Masturbação com ervas)... Comer muito era sinal de perigo, menos para os padres. Os manjares suculentos deviam ser evitados. O mais eficaz remédio era convencer que a genitália feminina era "a porta do inferno e entrada do Diabo".

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