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Em Pauta

Super Humanos: a grande arte da superação

Mário Sérgio Lorenzetto | 11/09/2016 08:11
Super Humanos: a grande arte da superação

Yes, i can! Embalado pelo swing contagiante de uma banda de jazz - integrada por músicos com deficiências variadas -, atletas paralímpicos são vistos realizando feitos impossíveis para a grande maioria de nós, com ou sem deficiência. E, entre uma proeza atlética e outra, pessoas com deficiência que não são atletas são vistas encarando as tarefas do cotidiano - com jogo de cintura e criatividade. Este é o anúncio "Superhumans", criado pelo canal de TV britânico Chanel 4. Surpreende e comove. Empolgante!

Super Humanos: a grande arte da superação

Morador de rua: "O pior é a chuva".

Existem aproximadamente 1.400 moradores de rua em Campo Grande. Como nas demais cidades, os motivos que os levam a viver nas ruas são o desemprego, álcool, drogas, a perda de referência familiar, a falta de autoestima e a saída do sistema prisional. Todos sentem falta de políticas públicas minimamente eficientes. Vivem à custa de organizações filantrópicas que lhes garantem pelo menos um sopão, mas procuram protege-los com roupas e cobertores. O centro de acolhida está sempre abarrotado. É uma situação de total abandono. Ninguém oferece emprego, não podem votar, os hospitais raramente os socorrem e são tratados com truculência por cidadãos e pela polícia. Na prática, não são cidadãos.

Há anos surgiu um movimento que procurava defendê-los, foi pomposamente denominado "Movimento Nacional da População em Situação de Rua". Também teve sua data para ser comemorada - fazia alusão ao "Grande Massacre da Praça da Sé". Entre os dias 19 e 22 de agosto de 2004, sete moradores de rua foram brutalmente assassinados nas imediações do centro da capital paulista. Assim como surgiu, sumiu. O movimento não passou de boa intenção. Continuaremos a conviver com os flanelinhas, pequenos traficantes de crack, guardadores de automóveis e mendigos em nossas ruas. A administração municipal continuará suas atividades tradicionais - quase nada. Serão lembrados por um segundo e esquecidos no seguinte instante. Quase fantasmas em vida. A chuva é sua maior preocupação.

Super Humanos: a grande arte da superação

Economia para entender. A parábola da dança da chuva do Delfim.

Delfim Netto, ex-czar da economia da ditadura acaba de publicar um artigo exemplar. Fácil de entender por ter o feitio de uma parábola. O título "Onde estamos e por que estamos" é típico de sua mente acostumada ao comando, mas é lúcido. Não está escrito, mas ele chama a política do governo anterior de burra. Basta observar os ingredientes do bolo - alfafa e milho.

"Imaginemos uma sociedade onde cem cidadãos produzem e consomem, anualmente, 80 toneladas de alfafa e 20 toneladas de milho, na forma de um bolo - o alfalho -, cuja receita secreta é conhecida apenas por seu feiticeiro.
Em princípio, cada cidadão participaria da produção e consumiria uma tonelada de alfalho por ano. O feiticeiro e seus auxiliares (dez cidadãos "distintos") controlam a confecção do bolo. Eles não participam da produção, mas consomem, cada um, por ano, duas toneladas de alfalho.

Ficamos assim: cada um dos 90 cidadãos comuns consome 8/9 toneladas por ano e cada um dos dez cidadãos distintos consome duas toneladas por ano de alfalho.

A sociedade não é igualitária nem na produção (90% dos cidadãos produzem 100% do bolo) nem no consumo (10% dos cidadãos consomem 20% do bolo). A coisa rodava mais ou menos bem, porque o feiticeiro era sábio. Retirava da produção bruta de alfafa e de milho as sementes necessárias (digamos, oito toneladas de alfafa e duas de milho) para a produção líquida das 80 toneladas de alfafa e as 20 toneladas de milho no ano seguinte. Só permitia o consumo do excedente depois de ter garantido o investimento (a alfafa e o milho para semente).

Morre o velho e conservador feiticeiro que sempre cuidou para não abusar das crenças e do conformismo dos cidadãos "comuns". Um jovem e ousado novo feiticeiro promete aumentar para uma tonelada o consumo do alfalho dos 90 cidadãos.

Fisicamente, isso implica aumentar a produção de alfalho...
Para produzir 110 toneladas de alfalho, são necessárias 88 toneladas de alfafa (contra as 80 anteriores) e 22 toneladas de milho (contra as 20 anteriores) sem contar as 8,8 toneladas de alfafa e as 2,2 toneladas de milho necessárias para o plantio do ano seguinte.

Pelo conhecimento acumulado pelo velho feiticeiro era preciso, para manter a produtividade física do solo, conservar sempre uma área descansada para a rotação do plantio. Dessa forma, não haveria escassez imediata de terra para o novo feiticeiro cumprir a sua promessa de aumentar o consumo dos 90 que trabalham, desde que esses se dispusessem a trabalhar mais ( os 11,1% de aumento do consumo viriam do aumento de 11,1% do seu trabalho), como tinha que acontecer, pois no mundo físico não há mágica!

O desenvolvimento econômico (mais bens e serviços à disposição da sociedade) é apenas, o codinome do aumento da produtividade do trabalho. Todo o resto é "chantilly"!

A promessa do novo feiticeiro envolve uma questão fundamental: "como obter as sementes?"
Um dos quatro caminhos preconizados por Delfim Netto é fazer uma "dança da chuva" e ser atendido. Os demais caminhos podem ser resumidos em uma só palavra: poupar.

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