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Em Pauta

Um baile na quebrada e a falta de moças na P.Porã de 1.914

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 26/07/2025 07:00
Um baile na quebrada e a falta de moças na P.Porã de 1.914
Havia oito negros entre Rio Brilhante e P.Porã. Alguns, trabalhavam para o senhor Assunção, na fazenda Mutum . Eles e muitos outros peões de fazenda iam à cidade fronteiriça em busca de diversão. A reclamação é que só viam “moça luxá”, nas palavras deles, elas só queriam filhos de fazendeiros e eles, além de peões, eram negros, onde o racismo campeava. Faltava moças na Vacaria e em P.Porã. E era assim que preferiam os “jeruki” dos paraguaios, onde elas os olhavam e dançavam e eram chamados por elas de “chê-cambá”.


Um baile na quebrada e a falta de moças na P.Porã de 1.914
As belas paraguaias de pés no chão.

Tinham saudade das lindas moças paraguaias vestidas de seda e de pés no chão, “rebolando e jogando as ancas com arte, vaidosas, provocando”. E ainda mais depois de tomar uns tragos, um desejo louco de amor. E elas pareciam compreendê-los e falavam com voz doce em “castilha” [espanhol], meigas que “dava vontade de se dá tiro, muito tiro, até esquentar o cano do revolver de tanta alegria”.


Um baile na quebrada e a falta de moças na P.Porã de 1.914
Seo Tibúrcio e o chicote.

Seo Tibúrcio, para quem alguns deles trabalhavam, era parceiro nas festanças no Paraguai. Um deles, sempre ficava vigiando. Quando havia um entrevero, via de regra ocasionado pela “paraguaiada que bebia e o Seo Tibúrcio pagava”, acabava com ele sendo o único que “via bem”, enxergava. Lá pelas tantas, “a paraguaiada cercou Seo Tibúrcio de faca desembainhada, ele enrolou o pala no braço esquerdo e pegou o chicote na direita e surrava e pulava, gritava e bufava”. “Ficou sozinho na sala e até os violeiros correram”. Meio cansado, Seo Tibúrcio gritou: “Que venga las muchachas”. E elas, cada uma mais linda que a outra, foram saindo dos quartos, enquanto o negro vigiava com o 44 no jeito.

 

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