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Ensinar Juntos

Quero colo, vou fugir de casa. Posso dormir aqui com vocês?

Por Carlos Alberto Rezende (*) | 04/06/2025 14:33

Em um domingo qualquer estava eu e a Tati, minha namorada, tomando café em uma padaria quando notamos a chegada de um jovem casal atlético com sua filha e a babá. Os pais foram se servir no buffet enquanto a cuidadora ficava com a menina; assim que eles retornaram à mesa a babá foi servir o prato da criança, prato esse que foi passado para mãe alimentar a filha, porém a garotinha não queria comer com a mãe, só com a cuidadora.

A mãe tentou, tentou e desistiu, deixando a tarefa da alimentação da própria filha para a babá. Essa cena me deixou pensativo e entristecido com o sucesso da relação familiar desse casal com a filha, pois em nenhum momento a criança quis ficar no colo dos pais, comer pelas mãos dos pais, passear segurando nas mãos dos pais; para aquele pequeno ser a única referência de cuidado, amor e afeto era a cuidadora.

A relação entre pais e filhos é um fator fundamental para o sucesso na vida dos filhos. Uma relação saudável, de apoio e comunicação aberta, oferece uma base sólida para o desenvolvimento emocional, social e acadêmico das crianças e adolescentes.

A educação permissiva, caracterizada por uma abordagem mais indulgente e com poucas regras ou limites, pode ter um impacto significativo na dinâmica entre pais e filhos, especialmente em contextos em que há uma ausência perceptível de atenção ou presença dos pais. Por um lado, a permissividade pode ser vista como uma tentativa dos pais de compensar sua ausência física ou emocional, oferecendo liberdade excessiva e poucas restrições aos filhos. Isso pode criar um ambiente onde as crianças sentem que têm mais autonomia, mas também podem levar a desafios, como a dificuldade em respeitar limites e a falta de autodisciplina.

Em contrapartida, a ausência dos pais pode gerar uma sensação de negligência emocional, que pode ser exacerbada por uma abordagem permissiva. As crianças podem interpretar a falta de limites como uma falta de interesse genuíno ou como desatenção às suas necessidades emocionais e de desenvolvimento. Importante destacar que existem várias consequências negativas potenciais para a relação entre mães e filhos quando as babás permanecem com as crianças por períodos prolongados, especialmente se isso resultar na substituição excessiva do tempo que a mãe poderia passar com os filhos. Entre os principais efeitos estão:

- A redução do vínculo emocional: a presença contínua de uma babá pode diminuir a oportunidade da mãe de estabelecer uma conexão emocional sólida com a criança, o que pode afetar o vínculo de apego ao longo do tempo.

 - Dependência excessiva da cuidadora: as crianças podem criar uma dependência emocional maior na cuidadora, dificultando sua independência e sua capacidade de confiar na mãe ou em outros cuidadores familiares.

 - Menos interação e comunicação: com mais tempo com a cuidadora, pode haver menos momentos de interação direta entre mãe e filho (a), o que impacta o desenvolvimento de habilidades sociais, emocionais e cognitivas.

 - Conflitos de papéis e insegurança: a criança pode ficar confusa ou insegura quanto ao papel da mãe na sua vida, especialmente se a presença da mãe for esporádica ou limitada, podendo gerar ansiedade ou insegurança.

 - Impacto na mãe: as mães podem sentir-se culpadas ou inseguras, o que pode afetar sua autoestima e sua relação emocional com a criança.

 - Diferenças na educação e valores: as babás podem ter abordagens, valores ou estilos de educação diferentes dos pais, levando a possíveis conflitos ou inconsistências na formação da criança.

Por isso, é importante que a presença de cuidadores, como as babás, seja equilibrada com o tempo de qualidade entre mãe e filho (a), garantindo que os vínculos emocionais e o desenvolvimento integral da criança sejam fortalecidos. A escola pode desempenhar um papel fundamental na melhoria da relação entre pais e filhos de diversas maneiras, promovendo um ambiente de parceria, comunicação e apoio mútuo. O esporte também pode contribuir de várias formas para fortalecer a afeição entre pais e filhos, promovendo momentos de interação, aprendizado e convivência saudável.

Cabe ressaltar que a tecnologia, por si só, não ensina valores fundamentais como respeito, empatia, trabalho em equipe ou a prática de esportes. Essas habilidades e valores são essenciais para o desenvolvimento integral das crianças e, muitas vezes, precisam ser cultivados por meio de interações humanas e experiências práticas. É crucial encontrar um equilíbrio entre o uso de convivência e outras atividades que promovam valores, habilidades sociais, bem-estar físico e emocional.

Mamães e papais: filho (a) não é troféu, não é para mostrar para sociedade e não é para brincar de casinha, é uma vida que pode lhes dar muita alegria ou muita tristeza; a escolha e responsabilidade é 100% de vocês. Nesse contexto, nada mais atual do que a música “Pais e Filhos”, da saudosa banda Legião Urbana: “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã porque se você parar pra pensar na verdade não há...”

(*) Carlos Alberto Rezende é conhecido como Professor Carlão. Siga no Instagram @oprofcarlao.

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