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Direto das Ruas

Empresária denuncia policiais após ser rendida e ter casa revirada em operação

Policiais teriam arrombado portão e acordado casal e 3 filhos adolescentes sob a mira de armas, diz moradora

Adriano Fernandes | 08/06/2021 00:20
Móveis revirados pelos policiais durantes as buscas. (Foto: Direto das Ruas) 
Móveis revirados pelos policiais durantes as buscas. (Foto: Direto das Ruas)

A ação de policiais civis durante uma operação, nesta segunda-feira (07) causou espanto e revolta em uma família do Bairro Parque Novos Estados, em Campo Grande. Depois de ter o portão de sua residência arrombado pelos investigadores, uma empresária, de 32 anos, o marido e os três filhos adolescentes foram acordados por policiais armados e rendidos dentro da própria casa, na Rua Baraúna. Ao não encontrarem nada de suspeito no local os investigadores foram embora, deixando prejuízo e o imóvel todo revirado, segundo a leitora.

A abordagem ocorreu por volta das 06h, conforme a moradora, que pediu para não ter a identidade divulgada. “Acordamos já com os policiais armados dentro do nosso quarto, gritando levanta, levanta. Eles mandaram a gente se ajoelhar colocar a mão na cabeça. Em seguida eles levaram a gente até a sala e lá já estavam os nossos três filhos, minha menina de 12 anos e meus outros dois filhos de 13 e 16”, comenta.

Quarda-foupas do casal também foi revirado. (Foto: Direto das Ruas) 
Quarda-foupas do casal também foi revirado. (Foto: Direto das Ruas)

Segundo a moradora, os policiais estavam à procura de um homem chamado Anízio. O procurado, conforme apurado, se tratava de Anízio Fernandes Menezes Filho, de 31 anos, que foi preso no mesmo bairro nesta manhã, mas em outro endereço, por seu envolvimento em crimes de estelionato e organização criminosa.

“Mais de uma vez eles perguntaram sobre esse tal de Anízio, respondemos que não conhecíamos ele, que morávamos de aluguel na casa desde outubro e nunca tínhamos ouvido falar desse homem. Eu disse que tinha provas de desde quando morávamos na casa, mas quando fui tentar voltar no quarto para buscar as contas de água e luz eles não deixaram, e foram para o meu quanto onde reviraram tudo”, completa.

Imagens encaminhadas pela moradora mostram gavetas, caixas e vários papéis jogados sobre a cama em meio a bagunça deixada no quarto. O guarda-roupas do cômodo foi revirado e a trava do portão de elevação também foi danificada no momento em que os policiais entraram no imóvel, segundo a empresária.

Durante as buscas os policiais ainda pegaram os celulares de toda a família. “Eles falaram que tinham autorização para levar, mas disseram que se nós desbloqueássemos eles iriam olhar ali mesmo então deixamos. Questionaram sobre todas as minhas conversas, muitas delas com os meus clientes. Pegaram o celular do meu filho mais velho, perguntaram o endereço da namorada dele”, lembra.

A operação que levou o estelionatário preso, mobilizou policiais civis do SIG (Setor de Investigações Gerais) da 1ª Delegacia de Jardim, com apoio do GOI (Grupo de Operações e Investigações) da Capital, mas em nenhum momento, segundo a empresária, os policiais se identificaram.

Gavetas que teriam sido danificadas na abordagem. (Foto: Direto das Ruas) 
Gavetas que teriam sido danificadas na abordagem. (Foto: Direto das Ruas)

“Eles simplesmente entraram, disseram que estavam atrás desse Anízio até que uma policial me entregou o mandado e pediu para que eu e meu marido assinássemos. Foi então que eu notei que o mandado era por busca e apreensão por tráfico de drogas em nome desse Anízio”, relata.

Com medo o casal assinou o documento e, na sequência os policiais foram embora, sem encontrar nada no endereço. Segundo a moradora as equipes devem ter permanecido por cerca de 1h30 na residência. Revoltada, a empresário garante que não havia justificativa para uma abordagem tão violenta.

“Não custava nada alguém ter batido palmas, chamado e dizer que tinham uma mandado de busca e apreensão eu com certeza iria abrir o portão e deixar eles entrarem, não precisava disso. Não precisava às 6h da manhã apontar uma arma para a minha cara, mandar eu ajoelhar no chão e colocar a mão na cabeça como se eu fosse um bandido. A forma como eles agiram me deixou muito revoltada e eles ainda foram embora sem nenhuma explicação, sem sequer um pedido de desculpas”, desabafa.

Ela conta que os policiais teriam sido truculentos, inclusive com os seus filhos. “Eles foram acordados da mesma maneira que eu e meu marido, com lanterna na cara, com arma apontada, chutaram a cama do mais velho, mandaram ele levantar, virar e colocar a mão na parede”, detalha.

Trava que teria sido danificada pelos policiais durante a abordagem. (Foto: Direto das Ruas) 
Trava que teria sido danificada pelos policiais durante a abordagem. (Foto: Direto das Ruas)

Da experiência, restou um misto de revolta e o trauma tanto para ela quanto para os filhos, diz a empresária. “Sabe o que é isso? Ouvir os seus filhos de contarem que foram tratados como bandidos dentro da sua própria casa? Os mesmos policiais que a gente tenta explicar que são para ajudar eles entraram aqui e fizeram isso, nos trataram feito bandidos. Eu tinha trauma de armas desde quando fui assaltada há alguns anos junto com minha mãe, e esse é mais um trauma que eu vou levar pelo resto da minha vida e os meus filhos também”, se queixa.

Após a ação a empresária procurou a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Centro, mas de lá foi orientada a registrar uma queixa diretamente na corregedoria da Polícia Civil.

A moradora diz ter registrado a ocorrência no órgão, que se comprometeu a abrir um procedimento para investigar a conduta dos policiais. A moradora já está sendo orientada por uma advogada e também não descarta a possibilidade de pedir uma indenização na justiça, por conta da abordagem dos policiais.

A reportagem cobrou um posicionamento da Polícia Civil a respeito da denúncia e ainda aguarda o retorno.

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