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Dogueiros, moradores e democracia

Por Alex do PT (*) | 28/09/2011 06:01

Com o início das obras da revitalização da Afonso Pena e o fim do estacionamento de 45 graus na avenida - uma boa medida, é oportuno frisar -, torna-se inevitável a saída dos dogueiros desse espaço, pois, já não há mais condições adequadas de promover o atendimento à altura ao seus clientes.

Os trailers instalados ao longo da avenida, simbolizam uma tradição em nossa capital, amplamente utilizados e apreciados pela população, além de gerar renda e empregos a centenas de famílias.

O que não pode ser feito, nem admitido, é simplesmente retira-los da avenida e em seguida sair por aí garimpando um lugar para remanejá-los, tentando forçar a transferência para espaços inadequados, como ocorreu na vã tentativa de utilizar o Horto Florestal e, agora, a Praça Aquidauana.

O Horto é o marco zero de Campo Grande. Foi ali que há cerca de 130 anos Jose Antonio Pereira e seguidores aportaram para fornecer os primeiros sopros de vida da cidade.

A Praça Aquidauana não tem suporte, não tem espaço físico suficiente e nem o perfil ajustado para tal atividade comercial. Por seu adensamento urbano - constituído na maioria por pessoas de terceira idade - receber 22 dogueiros em carrinhos perfilados, significa a mesma coisa que tentar colocar o Maracanã dentro do estádio das Moreninhas.

Nas duas tentativas da Prefeitura não houve consultas aos moradores e nem sequer ao Conselho Municipal de Meio Ambiente.

O EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança) presente nos artigos 36 a 38 da lei 10.257/2001(Estatuto das Cidades) não foram realizados. O Estudo de Impacto Ambiental também não foi apresentado.

A Prefeitura, de forma unilateral, sem consultar ninguém, colocou o seu arsenal e seu poderio para iniciar essa operação, desrespeitando a história, ignorando moradores e retirando equipamentos de uso da comunidade, tais como a pista de bicicross no Horto e o parquinho das crianças, na Aquidauana.

Nesta praça, árvores da espécie sibiperuna foram cortadas no talo e outras podadas de maneira irregular, alem da transformação do alojamento da Policia Militar em banheiro.

Com o interesse de colaborar com a gestão municipal, participo ativamente da resolução desses conflitos, pois entendo que na condição de parlamentar sou co-autor de todos os atos emanados pelo Poder Executivo. Não me omiti. Assumi a postura e o desafio de buscar soluções e ajudar a reverter a situação, propondo outras alternativas e, acima de tudo, defendendo a existência do diálogo.

Graças à atuação determinante de diversos segmentos sociais - ambientalistas, urbanistas, arquitetos, advogados e historiadores - demovemos do poder publico a idéia da fixação dos dogueiros no Horto e defendemos os moradores da Praça Aquidauana.

Sensibilizados, o secretário de Meio Ambiente, Marco Cristaldo, o prefeito Nelson Trad Filho e o presidente da Câmara Municipal, Dr. Paulo Siuffi, receberam a Comissão de Moradores da Praça Aquidauana, tenho a certeza de que os argumentos expostos por esses cidadãos surtiram efeitos positivos.

Que os trabalhadores dos lanches tenham condições de continuar - de forma digna, honrada e sustentável a exercer seu trabalho e manter uma tradição na nossa cidade. É possivel encontrar um local e acomoda-los, que ao invés de gerar conflitos e impasses, possa com suas presenças ser revitalizado e modernizado.

Democracia dá trabalho. Ouvir opiniões divergentes pode até ser cansativo. Porém, sem dúvida alguma é o remédio mais eficiente e adequado para buscar e encontrar, sempre, o melhor caminho.

(*) Marcos Alex Azevedo de Mello (Alex do PT) é líder do PT na Câmara de Vereadores de Campo Grande, onde excerce a presidência da Comissão de Segurança Publica e é membro da Comissão dos Direitos Humanos e Cidadania.

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