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Economia

Banco Central mantém taxa básica de juros em 15%

Decisão unânime do Copom congelou aumento da Selic; próxima reunião acontece em setembro

Por Gustavo Bonotto | 30/07/2025 18:39
Banco Central mantém taxa básica de juros em 15%
Cédulas de dinheiro da moeda real que circula no país. (Foto: Agência Brasil)

Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (30), manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano. A decisão foi tomada em Brasília (DF), por unanimidade, após sete aumentos consecutivos. O comitê avaliou que a inflação continua pressionada, o cenário externo piorou e o impacto das últimas altas ainda não foi totalmente absorvido pela economia.

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Banco Central mantém taxa Selic em 15% ao ano. A decisão unânime do Copom (Comitê de Política Monetária) interrompe ciclo de sete altas consecutivas. A justificativa é a inflação persistente, agravamento do cenário externo e impacto ainda incompleto das altas anteriores na economia. Analistas previam a manutenção da Selic, maior nível desde 2006, até o fim de 2025. Entre os fatores de risco, o Copom cita a guerra comercial entre Brasil e Estados Unidos, a deterioração do ambiente global e a política fiscal americana. A manutenção da Selic visa avaliar se o patamar atual controla a inflação, levando-a à meta de 3%. O mercado projeta inflação acima da meta para 2025, indicando dificuldade do Banco Central em ancorar expectativas. A próxima reunião do Copom ocorre em setembro.

A interrupção do ciclo de alta já era esperada por analistas do mercado, que previam a manutenção do patamar atual até pelo menos o fim de 2025. A Selic está no maior nível desde julho de 2006, quando os juros alcançaram 15,25% ao ano no governo Lula. O ciclo de aperto monetário atual começou em setembro do ano passado, quando os juros estavam em 10,5%.

Em comunicado divulgado no início da noite, o Copom mencionou a guerra comercial entre Brasil e Estados Unidos como fator de risco. O texto afirma que os dirigentes acompanham com atenção “os anúncios referentes à imposição de tarifas comerciais pelos EUA”, o que reforça a postura de cautela. O comitê também destacou a deterioração do ambiente global e a política fiscal americana como elementos que exigem atenção redobrada de países emergentes.

A decisão desta quarta confirma a sinalização feita em junho, quando o Copom indicou que avaliaria os impactos das elevações já realizadas. Na ocasião, o comitê havia elevado os juros em 0,25 ponto percentual e antecipado a intenção de pausar novas altas. A manutenção da Selic agora visa observar se o atual patamar será suficiente para levar a inflação à meta de 3% no médio prazo.

Apesar da pausa, o comitê deixou claro que a política monetária continua em terreno contracionista, ou seja, com juros altos para conter o consumo e reduzir a pressão inflacionária. O texto informa que, caso o cenário mude, novas ações poderão ser tomadas. “O Comitê continuará monitorando a evolução do cenário econômico e, caso necessário, fará ajustes adicionais na taxa de juros”, diz o comunicado.

O mercado financeiro projeta que a inflação ficará acima da meta neste ano. Segundo o boletim Focus, divulgado pelo próprio Banco Central, a estimativa para o IPCA em 2025 é de 5,09%. Para os anos seguintes, as projeções são de 4,44% em 2026, 4% em 2027 e 3,8% em 2028. Os dados indicam que a autoridade monetária ainda enfrenta dificuldade para ancorar as expectativas de preços.

O sistema de metas contínuas prevê a necessidade de explicações formais sempre que a inflação ultrapassar o teto por seis meses seguidos. Desde que assumiu a presidência do Banco Central, Gabriel Galípolo já enviou duas cartas ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, justificando o descumprimento da meta. O IPCA acumulado em 12 meses está em 5,35%, acima do intervalo permitido.

O cenário internacional também tem peso nas decisões. O anúncio do "tarifaço" de 50% feito por Donald Trump (Republicano) contra produtos brasileiros elevou a incerteza. Embora algumas mercadorias tenham ficado de fora, o risco de desaceleração no comércio exterior brasileiro aumentou. Para o Banco Central, esse fator contribui para manter a Selic em patamar elevado.

A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 16 e 17 de setembro. Até lá, o comitê continuará avaliando os efeitos do aperto monetário sobre o crédito, os investimentos e o consumo das famílias. Com a taxa de juros no nível atual, o financiamento de bens e a tomada de crédito tendem a ficar mais caros, reduzindo a circulação de dinheiro na economia.

Entenda - O Copom é composto pelo presidente do Banco Central e oito diretores. Atualmente, a maioria dos membros foi indicada pelo presidente Lula. Embora o governo federal defenda juros mais baixos para estimular o crescimento, a autonomia formal da instituição garante que as decisões sejam tomadas com base nas metas de inflação.

Para o cidadão comum, a manutenção dos juros em 15% afeta diretamente o custo do crédito, o rendimento de aplicações financeiras e o acesso a financiamentos. Por outro lado, a medida busca impedir que a alta dos preços continue prejudicando o poder de compra da população, especialmente das camadas mais pobres.

A taxa Selic influencia todas as demais taxas da economia. Quando está alta, desestimula o consumo e os investimentos. Quando está baixa, estimula o crescimento, mas pode pressionar os preços. Ao manter os juros elevados, o Banco Central sinaliza que considera o atual momento ainda arriscado para uma flexibilização da política monetária.

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