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Economia

Cai-cai da conexão de internet provoca irritação de usuários e prejuízos

Paula Vitorino e Nicholas Vasconcelos | 26/09/2012 17:17
Internet é item essencial para a maioria das pessoas. (Fotos: Rodrigo Pazinato)
Internet é item essencial para a maioria das pessoas. (Fotos: Rodrigo Pazinato)

Dia e noite conectados via internet. O que já virou rotina, e praticamente item de necessidade básica, tem se tornado um transtorno quando a enorme teia de aranha que fornece o sinal rompe em algum pontos e você fica fora da rede mundial de computadores.

“Mesmo que caia por alguns minutos, mas se você está fazendo alguma pesquisa vai ter que parar, esperar, reiniciar computador e às vezes até liga para a empresa. É um tempo que você perde porque não consegue terminar o trabalho sem a internet”, resume a enfermeira Gabrieli Silva, de 24 anos.

Ela está desde o fim de semana com a internet de casa oscilando por causa dos problemas, que atribui à chuva. O problema tem sido cada vez mais recorrente, como mostram os dados dos órgãos que fiscalizam o setor.

Segundo dados da Anatel, nos anos de 2010 e 2011 foram registradas 1,07 e 1,11 reclamação, respectivamente, a cada grupo de 1 mil assinantes de banda larga fixa no País. Mais da metade das reclamações foi referente a reparo, seja por interrupção do serviço ou velocidade não compatível com a contratada.

No Procon de Campo Grande foram registradas 175 e 119 reclamações nos anos de 2010 e 2011, respectivamente. Neste ano, o último levantamento é de 50 reclamações por provedores de internet. Não há detalhamento do motivo.

Se para o usuário doméstico, a interrupção no sinal já causa dor de cabeça, nos estabelecimentos que dependem dela para funcionar alguns minutos fora do ar são sinônimo de prejuízo.

“A gente paga caro por um serviço e ainda tem que ficar com prejuízo quando o cliente vem usar a internet e a rede cai. Isso quando a pessoa entende que o problema é da operadora e não nosso”, diz o proprietário de cyber-café na região central, Edson Cramolish.

Na segunda-feira o local ficou sem internet por cerca de 3 horas porque o sinal das duas operadoras caiu. “A cada 15 dias tem uma queda. Geralmente volta em minutos, mas já é prejuízo porque o cliente não vai querer o dinheiro dele de volta por aquele tempo”, frisa.

Proprietário de cyber diz que minutos sem internet são sinônimo de prejuízo.
Proprietário de cyber diz que minutos sem internet são sinônimo de prejuízo.

Depois de cessar as reclamações com uma operadora de internet, a administradora de posto de combustível, Abigail Dias, de 44 anos, diz que a solução encontrada foi mudar de empresa.

“Parece que melhorou, até agora”, diz. Ela lembra que quando a internet “caía” até serviços essenciais, como a nota fiscal eletrônica, ficavam comprometidos.

Até estabelecimentos que realizam serviços públicos ficam vulneráveis. A gerente de uma das agência do Detran-MS, Eliana de Oliveira Gomes, diz que o órgão já criou mecanismos de prevenção contra panes no sistema.

“Se cai a internet do sistema no último dia de pagamento do documento, a gente já orienta que o valor não é alterado no outro dia para o pagamento e avisa a Polícia. Por que o cliente não pode ser prejudicado”, diz.

Outra saída é torcer para a internet voltar logo e contar com a colaboração do cliente para voltar “daqui 5 minutinhos”.

Como meio de sobrevivência, grandes empresas que dependem da internet para continuar operando costumam contratar mais de uma operadora. Dessa forma, caso uma fornecedora caia, a outra é conectada, já que dificilmente as duas saem do ar ao mesmo tempo.

Qualidade - Quem já utilizou a internet em outro país engrossa ainda mais a reclamação sobre o cai-cai da conexão.

“Aqui no Brasil é muito ruim mesmo, cai toda hora, é muito lento. Nos Estados Unidos a conexão é instantânea”, diz o empresário Luciano Silveira, de 32 anos.

Ele também frisa que “não temos qualidade e ainda pagamos muito mais pela internet”.

O gerente de um provedor de internet, Altair Gasparini, classifica como “terceiro mundo” a qualidade da internet brasileira. “Falta investimento, nossa internet está muito atrás de países desenvolvidos e isso torna mais frágil o fornecimento do sinal”, diz.

As regras brasileiras, para piorar o quadro, permitem que a operadora venda uma quantidade, mas ofereça menos que o que foi vendido, até o limite de 60%.

Para tentar mudar o cenário de reclamações sempre constantes dos usuários, a Anatel começa a testar a velocidade oferecida pelas operadoras a partir de outubro.

A agência selecionou voluntários que vão receber um equipamento para medir a velocidade e qualidade do sinal de internet até 2015. As operadoras serão obrigadas a oferecer velocidade mínima de conexão de pelo menos 20% da velocidade contratada a partir de outubro do próximo ano até chegar 40% no fim da pesquisa.

Em Mato Grosso do Sul, 290 clientes foram selecionados para participar da pesquisa que, segundo a Anatel, vai ser fundamental para obrigar as operadoras com mais de 50 mil assinantes que cumpram com os valores contratados.

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