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Economia

Com preço alto, comida leva todo dinheiro de famílias e carne entra “quando dá”

“Mas tá bom, o Senhor multiplica” diz Tereza, que já prevê aniversário sem bolo

Por Aline dos Santos e Clara Farias | 30/01/2025 11:35
Com preço alto, comida leva todo dinheiro de famílias e carne entra “quando dá”
 Tereza, que recebe Bolsa Família, mostra o armário onde guarda alimentos. (Foto: Henrique Kawaminami)

A inflação dos alimentos “devora” ainda mais a renda das famílias mais vulneráveis em Campo Grande. Se no ranking nacional, a Capital teve a maior alta dos preços dos alimentos no País em 2024, um recorte mais pé no chão, exatamente a terra batida da Cidade dos Anjos, Parque do Lageado, mostra que a compra que nem dura o mês leva todo o dinheiro dos programas de transferência de renda. Ali, carne, a vilã da inflação, é raridade e proteína só a do ovo.

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A inflação dos alimentos em Campo Grande impacta severamente as famílias vulneráveis, especialmente na Cidade dos Anjos, onde o dinheiro dos programas de transferência de renda mal dura o mês. A carne, principal vilã da inflação, é rara e substituída por ovo. Tereza Pereira Magalhães, beneficiária do Bolsa Família, gasta a maior parte do auxílio em alimentos básicos, deixando pouco para remédios e pequenos luxos para os netos. Gleiciane Garrido e Tarsilla Eimori, também beneficiárias, relatam dificuldades similares, com a carne sendo um luxo ocasional. A situação foi agravada pela perda de alimentos devido à queda de árvore que interrompeu o fornecimento de energia elétrica. O valor da cesta básica aumentou 10,41% no ano passado, segundo o Dieese.

“Comprei um pacotinho bem pequeno de carne”, afirma Tereza Pereira Magalhães, 59 anos. Ela recebeu os R$ 600 do Bolsa Família e gastou R$ 390 para garantir o básico: arroz, feijão, óleo, açúcar, café, macarrão, tomate, batata para acompanhar a carne moída, margarina, óleo e poucos legumes.

“Compra o que o dinheiro dá. Mas tá bom, o Senhor multiplica”, diz. O restante do auxílio vai para os remédios do tratamento de doenças crônicas. Ela mora sozinha, mas três netos passam o dia na sua casa. Para agradar às crianças, guarda um pouquinho do dinheiro para, de vez em quando, comprar refrigerante e doce. Na próxima segunda-feira, seu aniversário deve passar em branco. “Não costumo fazer nada, não”.

Com preço alto, comida leva todo dinheiro de famílias e carne entra “quando dá”
Gleiciane Garrido conta que só compra carne "quando dá". (Foto: Henrique Kawaminami)

Morando com quatro filhos, com idades de 1 a 12 anos, Gleiciane Garrido, 33 anos, conta que só compra carne “quando dá”. O Bolsa Família garante o básico do básico dentro de casa: leite, arroz, feijão, margarina, macarrão e pão.

Com R$ 450 do Mais Social, Tarsilla Eimori, 31 anos, faz as compras para ela e os cinco filhos: de 15, 12, 10, 8 e 5 anos. “Às vezes, compra uma carninha. Mas a mistura é ovo”.

Neste mês, a família ainda perdeu parte dos alimentos que estavam na geladeira, quando a queda de árvore deixou a comunidade sem a energia elétrica vinda das ligações irregulares. Tarsilla recebeu uma cesta básica da prefeitura.

O valor da cesta básica aumentou 10,41% em Campo Grande no ano passado. O Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) verificou os preços de carne, leite, arroz, farinha, batata, tomate, pão francês, café em pó, frutas (banana), açúcar, óleo e manteiga.

Com preço alto, comida leva todo dinheiro de famílias e carne entra “quando dá”
Arroz, óleo, sal: alimentos básicos para tentar passar o mês. (Foto: Henrique Kawaminami)

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