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Economia

Com preço de R$ 13, lojas vendem até 3 mil peças no fim de semana

Renata Volpe Haddad | 08/07/2017 09:14
Loja simples e no bairro Aero Rancho, vende até 3 mil peças de roupas em um dia, com preço único de R$ 13. Foto: Alcides Neto)
Loja simples e no bairro Aero Rancho, vende até 3 mil peças de roupas em um dia, com preço único de R$ 13. Foto: Alcides Neto)

Enquanto muitos empresários falam em crise e fecham as portas, há quem venda milhares de peças de roupas em um fim de semana. O feito parece mentira, mas acontece na periferia de Campo Grande, onde muitos viram na falta de dinheiro do povo a chance de crescer. O segredo está no preço, R$ 13 por cada peça, seja calça, shorts, vestido, bolsa ou blusa.

Sucesso na década de 90, as lojas de preço único viram na crise econômica a chance de voltar ao mercado. E voltaram. Em Campo Grande, são várias em diversos bairros e com preços para todos os bolsos. Elas investem em produtos com boa qualidade e atingem um grande público. 

Público esse que é visível, principalmente aos finais de semana quando dezenas de pessoas formam filas para entrar na loja. Célia Fernandes, 39, é proprietária da Atrativa Modas localizada no bairro Aero Rancho e, em sete meses, ela viu isso acontecer. 

Ela afirma que o segredo é alinhar preço baixo e qualidade, mas que a história de sucesso começou após uma desilusão com a profissão escolhida. "Eu me formei em enfermagem no fim de 2016 e só percebi que a profissão não era para mim quando comecei a trabalhar em hospital. Eu e minha filha sempre quisemos montar algo juntas. Tive um sonho, ela pensou no preço único e colocamos em prática", afirma.

Fluxo de clientes é grande o dia inteiro. (Foto: Alcides Neto)
Fluxo de clientes é grande o dia inteiro. (Foto: Alcides Neto)

Para vender a um preço tão baixo, Célia afirma que compra pacotes de roupas fechadas. Ela viaja três vezes por semana para São Paulo, Paraná e Goiânia. "Eu vou pessoalmente conferir as roupas, ver a qualidade, escolher o produto. Eu garanto que aqui na minha loja só tem peças de qualidade e a preço único".

O que começou com um sonho, hoje emprega dez funcionários. "Estamos expandido a loja porque o nosso espaço ficou pequeno. Não pretendo sair daqui e muito menos subir o preço, pelo menos até o fim do ano", diz.

Outro diferencial é que Célia compra pontas de estoque de lojas como Marisa, Riachuelo, Renner e C&A. "Eu compro os lotes fechados também e consigo por um preço bom. Sendo assim, vendo a R$ 13. Aqui tem roupas vendidas nessas lojas grandes, por preço único e as etiquetas ficam nas roupas para meu cliente ver de onde estão comprando".

O preço pode ser pago no dinheiro e cartão de débito. No crédito, o valor sobe para R$ 14, devido a taxa do cartão, segundo a dona. Na Atrativa, além de roupas masculinas e femininas, há também acessórios, bolsas e calçados infantis. Tudo com preço único.

Vila Jacy - A história de Célia é diferente da de Lais Gonçalves, 30, que vende roupas desde os 17 anos. Ele sempre trabalhou com preço mediano, lucrando até 80% do valor em cima das roupas, porém, com o passar dos anos e com a crise, decidiu mudar o foco e abriu uma loja na Vila Jacy.

"Trabalho desde muito nova com roupas, mas antes a realidade econômica era outra. Com a crise, decidi pelo preço único para ser um atrativo e como moro no bairro e não tem nenhuma loja deste segmento, abri a La Modas há seis meses e deu certo", conta.

A loja vende até mil peças por semana. As novidades sempre chegam duas vezes por semana e também no sábado. "Como o lucro é muito pequeno, focamos na parte de quantidade. Eu compro as roupas de São Paulo, Paraná e Goiânia. O que muda é que eu consigo comprar no varejo em ponta de estoque, porque a minha margem de lucro é pequena".

Na Vila Jacy, a loja LA Modas vende roupas femininas com preço de R$ 13 no pagamento em dinheiro. (Foto: Alcides Neto)
Na Vila Jacy, a loja LA Modas vende roupas femininas com preço de R$ 13 no pagamento em dinheiro. (Foto: Alcides Neto)

No fim de semana o fluxo é muito grande e as araras ficam vazias no fim do dia. "As peças são da moda e eu repito bem pouco os produtos, por isso ando bastante para conseguir mais novidades. Para o cliente voltar na semana seguinte, preciso de modelos novos e esse é um desses segredos", comenta.

Na loja de Lais, as araras são separadas e funciona como auto atendimento. Ela, que começou atendendo sozinha, hoje tem uma funcionária e uma ajudante no fim de semana.

Crise - Para o economista Sérgio Bastos, lojas com preço único surgem com a crescente necessidade das pessoas em gastarem menos e buscarem controle do orçamento. "As pessoas procuram por preço e qualidade. Quando uma loja oferece as duas coisas, com certeza irá se destacar", explica.

Para que a loja se consolide, mesmo depois da crise, é preciso que o comerciante tenha uma relação franca com o consumidor. "Se o empresário conseguir manter um preço baixo, mas com produtos de qualidade, esses comércios vão durar bastante tempo, não tem como dar errado".

Veja a seguir, imagens do último sábado de clientes esperando a loja abrir:

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