ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
AGOSTO, QUARTA  20    CAMPO GRANDE 16º

Economia

Construção fraca e indústria 4.0 projetam emprego menor em 2020

Projeção do crescimento do emprego em Mato Grosso do Sul, para 2020, é de apenas 1% contra 1,32% entre 2018 e 2019

Izabela Sanchez | 19/12/2019 11:31
Construção fraca e indústria 4.0 projetam emprego menor em 2020
Trabalhadores da construção civil durante expediente em Campo Grande (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

Os ares de recessão que sopraram fortes nos últimos anos viraram leve brisa em Mato Grosso do Sul, em 2019, mas a recuperação ainda deve ser em passos lentos para o emprego na indústria em 2020. Projeção da Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul) aponta crescimento do emprego, em comparação a 2019, menor do que o comparativo 2018-2019.

Esse biênio já foi baixo: 1,32%. A projeção para 2020, ainda menor, é de apenas 1%. Os números, chamados de “realidade que pode mudar” pelas avaliações do governo e da Federação, destoam do cenário chamado de “década de ouro da indústria de Mato Grosso do Sul”.

Em coletiva na Fiems na segunda-feira (16), a Federação apresentou alguns números: o PIB (Produto Interno Bruto) da indústria é o segundo maior da composição total no Estado, 22%. As exportações cresceram 143% em 10 anos (2009 a 2019) e o PIB industrial, 24%, em média, ao ano, durante 10 anos.

"Entendo que a atividade industrial vem mostrando números satisfatórios. Exportações é algo, assim impactante, não tem pra país nenhum do mundo, 143% de crescimento em 10 anos, então é muito significativo as exportações de produtos industrializados. O PIB da indústria não é comparativo nem com a Ásia. Pessoal fala de China, isso aqui é um crescimento, em média de 24% ano”, comentou o presidente da Fiems Sérgio Longen.

Construção fraca e indústria 4.0 projetam emprego menor em 2020
Sérgio Longen, presidente da Fiems, durante coletiva sobre o balanço da indústria em MS na última década (Foto: Marcos Maluf)

Indústria cresce, emprego nem tanto - Após crescer 249,44% no período de 2009 a 2019, o setor industrial encerra o ano com alta de 6,37% e projeta expansão de 6,45% em 2020 e de 28,10% até 2023, segundo os dados do Radar Industrial da Fiems.

O emprego, ainda assim, se recupera mais do que cresce. O aumento no número de trabalhadores foi de 22,07% em 10 anos e a projeção é de 2,97% até 2013. O número alto, ápice dos últimos anos, foi em 2015: 6.452 empregos.

“O aumento de emprego foi, aí, não muito significativo, crescemos 1,32% acima da base [2018-2019], são mais de 2 mil empregos diretos, só na indústria. Nós entendemos o Brasil bem mais calmo depois da reforma da previdência. 2020 será um ano bastante movimentado para as atividades industriais”, avaliou Longen.

Entre os fatores citados para formular o cenário, está a lenta recuperação da indústria da construção e a ascensão da chama “indústria 4.0” ou quarta revolução industrial, que introduz a automação dos processos, a presença da robótica e da inteligência artificial e, logo, a substituição dos trabalhadores e a falta de funcionários qualificados. De 2015 a 2018 foram fechadas 536 empresas em Mato Grosso do Sul, 459 só na área da construção.

Para o presidente da Fiems, os números representam “pé no chão” nas projeções, mas não implicam permanência fixa.

“Nós precisamos trabalhar com estatísticas, se você fizer uma análise pontual dos investimentos que estão sendo programados, se você avaliar que Porto Murtinho, hoje, nós temos lá, 3 portos praticamente em obras. Essas indústrias todas que já estão dentro do planejamento, tenho certeza que serão muito superiores a esses [números] divulgados, mas nós precisamos de números construídos dentro de uma estatística, nós não podemos fazer uma análise que, por exemplo, a fábrica de celulose estará funcionando e empregando no ano que vem", disse.

Construção fraca e indústria 4.0 projetam emprego menor em 2020
Secretário da Semagro, Jaime Verruck e o presidente da Fiems, Sérgio Longen (Foto: Marcos Maluf)

Titular da Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar de Mato Grosso do Sul), Jaime Verruck cita que o governo tem percebido o crescimento da indústria 4.0 não acompanhar o crescimento da mão de obra. Citou, como tentativa de reverter o cenário, o Fadefe (Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Econômico e de Equilíbrio Fiscal do Estado).

Segundo o secretário, para manter os incentivos fiscais, as 494 empresas que já aderiram ao Fundo vão investir R$ 16 bilhões até 2032, o que resulta, disse, uma geração adicional de 12 mil empregos em Mato Grosso do Sul.

O Fundo foi criado como uma contrapartida das empresas que gostariam de manter seus respectivos incentivos fiscais até 2032. Para isto teriam que cumprir uma série de exigência e ainda aportar recursos ao governo estadual. Verruck afirma que, além disso, é necessário que a Fiems também invista na qualificação dos trabalhadores.

"Hoje você tem toda uma lógica da indústria 4.0, então aqui no próprio Fadefe, a gente começou a perceber que a empresa está propondo a investir mais, mas não cresce na mesma proporção a mão de obra, isso está muito voltada à questão de tecnologia, daí a importância de setores como a construção civil. Está evidente aqui no Fadefe uma série de setores se adequando à indústria 4.0. Isso implica uma demanda para a própria Fiems de requalificação e qualificação, se não essas pessoas no futuro não vão ter emprego. Tem a importância também da construção civil que pode mudar esse número", comentou.

Números do Radar Industrial mostram que, em 2017, o número de empresas ativas na área de construção, com pelo menos 1 empregado, era de 1992 e caiu para 1938 em 2018. As admissões na área foram menores em 2019, comparadas ao último ano. Em 2019, até outubro, essa indústria admitiu 15.481 e este ano, no mesmo período, 14.843.

As demissões também diminuíram, caíram de 15.120, em 2018, para 13.983, este ano, no período que compreende janeiro a outubro. Os anos de 2017 e 2018 chamam a atenção com mais demissões que admissões. Em 2017, o saldo negativo foi de 4.224 empregos e em 2018, 523.

Segundo a Cepal, (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), vinculada às Nações Unidas, o período 2014-2020 terminará com o menor crescimento da América Latina nas últimas quatro décadas, cenário chamado de “extremamente complexo” que não espera “impulsos positivos significativos” nos próximos tempos.