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Economia

Dólar a R$ 2 traz otimismo às exportações em MS, mas ameaça comércio

Fabiano Arruda | 18/05/2012 13:51

A alta do dólar, que fechou a quinta-feira a R$ 2,006, já causa as reflexões costumeiras do setor produtivo em Mato Grosso do Sul. De um lado, indústria e agronegócio se animam por conta do aquecimento das exportações e, do outro, o comércio sinaliza preocupação com a iminente alta de preços em produtos diretamente ligados à importação.

O presidente da Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul), Sérgio Longen, afirmou que as federações das indústrias de todo País “torciam” pela alta do dólar para fortalecer as exportações.

No entanto, diz que a cotação ideal da moeda americana é flutuar entre R$ 1,80 a R$ 1,85, margem que daria equilíbrio para as indústrias nas exportações e importações. Segundo ele, o valor acima dos R$ 2 era inesperado neste momento pelo setor.

“Acredito que não temos cenário para que o dólar se mantenha neste patamar”, sinalizou, acrescentando que a economia industrial no País não “vai bem” e que é preciso que o Governo Federal aqueça o setor por meio de renovações de incentivos, redução de impostos e do custo de energia elétrica.

Para Longen, o Governo interfere na tarifa do dólar há tempos na compra e venda da moeda americana, no entanto, acredita que esta interferência não sustenta a cotação a R$ 2 a médio e longo prazo, mesmo que as medidas tenham por objetivo aumentar a receita do volume de exportações.

Presidente da Fiems, Sérgio Longen, diz que cotação a R$ 1,85 seria o equilíbrio entre exportações e importações. (Foto: Divulgação)
Presidente da Fiems, Sérgio Longen, diz que cotação a R$ 1,85 seria o equilíbrio entre exportações e importações. (Foto: Divulgação)

Agronegócio - Comparadas há meses atrás, quando a cotação do dólar girava em torno de R$ 1,60, as exportações das principais comodities em Mato Grosso do Sul ganharão com o momento econômico.

A opinião é do presidente da Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Eduardo Riedel. Ele destaca em especial a perspectiva na formação do preço do milho, que está em segunda safra e, segundo último levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), pode bater 4,4 milhões de toneladas.

Conforme Riedel, a cotação da moeda americana deve perdurar por mais tempo. “É mais saudável para a economia do País”, considerou.

Em relação ao reflexo das importações para o campo, por exemplo, como a compra de alguns fertilizantes, comercializados em dólar, o presidente da Famasul considera o prejuízo mínimo, já que a maioria dos custos que afetam os produtores está baseada no real, como aquisição de diesel e salários de funcionários. “No geral as perspectivas são positivas”, diz.

Comércio - Na opinião do presidente da Fecomércio/MS (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Mato Grosso do Sul), Edison Ferreira de Araújo, é preciso analisar os reflexos da alta da principal moeda na economia mundial pelos próximos 60 dias.

Caso a cotação continue na casa dos R$ 2 no período, Araújo avalia que o volume de vendas no comércio pode ser prejudicado.

Alta do dólar dá perspectiva positiva para o agronegócio, em especial, para a safra de milho, diz o presidente da Famasul, Eduardo Riedel. (Foto: João Garrigó)
Alta do dólar dá perspectiva positiva para o agronegócio, em especial, para a safra de milho, diz o presidente da Famasul, Eduardo Riedel. (Foto: João Garrigó)

“O comércio não tem o que fazer. Temos que aguardar o posicionamento das empresas importadoras e analisar o comportamento delas em relação à moeda”, explicou.

Segundo ele, setores como alimentação, confecções, vestuários e calçados, que trabalham com produtos importados, podem apresentar alta de preços como consequência do momento econômico.

O bônus é maior - Na avaliação dos prós e contras da conjuntura financeira, motivada em grande parte pela crise em países europeus como Grécia, Portugal e Espanha, o analista de mercado, João Pedro Cuth Dias, avalia que os bônus são maiores que os ônus.

Isto porque o mercado de comodities como soja, o complexo da carne e a celulose, forma a maior parte das exportações do Estado. “O câmbio alto para Mato Grosso do Sul é bom. Proporciona a manutenção do emprego e melhora a economia. Um ou outro produto pode sentir reflexo negativo”, considerou.

Dias analisa que a alta do dólar vai impactar nas operações com gás natural, já que 75% do que é comercializado no Estado vem da Bolívia. Outro reflexo, ainda nesta linha, é que o preço dos combustíveis deve ter aumento, complementa.

O consultor também acredita que, caso a valorização da moeda americana impacte na inflação, o Governo vai intervir no mercado com injeção do estoque que possui da moeda americana, comprada pelas autoridades financeiras em cotações inferiores.

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