ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEGUNDA  29    CAMPO GRANDE 32º

Economia

Fiems diz que greve de caminhoneiros parou 60% das indústrias de MS

Presidente da entidade alerta que, com produção paralisada diante da falta de opção para abastecimento e escoamento, pagamento de salários a trabalhadores também fica ameaçado

Humberto Marques | 23/05/2018 19:20
Manifestação ocorre há três dias contra política de preços da Petrobras. (Foto: Paulo Francis)
Manifestação ocorre há três dias contra política de preços da Petrobras. (Foto: Paulo Francis)

Mais de 3.700 indústrias em Mato Grosso do Sul paralisaram a produção nos últimos três dias, em virtude da greve dos caminhoneiros que se espalha pelo país. O número equivale a 60% dos 6.201 estabelecimentos industriais do Estado, segundo levantamento da Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul), e preocupa o setor, segundo o presidente da entidade, Sérgio Longen. Segundo ele, um dos efeitos da manifestação é o atraso no pagamento de salários aos mais de 120 mil trabalhadores das indústrias locais.

“Se as indústrias estão paradas, elas não produzem e, se elas produzem, também não podem vender. E se não vendem também não podem ter os impostos recolhidos. Na próxima semana, não tem como pagar a folha de pagamento dos nossos trabalhadores e, portanto, essa paralisação é uma preocupação imediata das empresas, pois elas não podem parar”, afirmou Longen.

O presidente da Fiems afirmou, ainda, que “os caminhoneiros precisam entendem que os fretes também não serão pagos porque não têm faturamento, então é um momento grave para a economia brasileira”.

Longen considerou que a paralisação do transporte de cargas não é um meio de combater a crise no país. Para ele, o protesto preocupa por ocorrer quando a economia do Brasil dava sinais de melhora. “Entendo que é justa a manifestação e está dentro do direito democrático da categoria, mas interromper a produção de setores que abastecem a sociedade não é correto e isso eu não posso concordar”, pontuou, considerando “justa” a reivindicação do movimento –contrário às políticas de preço dos combustíveis adotadas pela Petrobras.

Protesto conquistou adesão de outras categorias; Fiems adverte para riscos a salários. (Foto: Paulo Francis)
Protesto conquistou adesão de outras categorias; Fiems adverte para riscos a salários. (Foto: Paulo Francis)

“Precisamos redefinir o modelo de reajuste dos preços dos combustíveis porque não é aceitável simplesmente acatar os parâmetros adotados pelo Petrobras, que enxerga apenas o seu lado como empresa, sem levar em consideração a situação do resto da sociedade. É muito difícil hoje que seja mantida essa política de aumento”, ponderou.

Para o empresário, é “complicado” manter a política de equiparar os preços da gasolina e do óleo diesel, como ocorreu no passado. Para ele, o diesel deve ser o insumo mais barato, por ser usado no transporte da produção. “Se a gente conseguir desonerar o diesel e retornar à condição que tínhamos há 15 anos, quando o preço do diesel era bem diferente do preço da gasolina, é uma maneira de acabar com essa crise”, assegurou.

Longen ainda avaliou que a proposta que prevê a redução do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) dos combustíveis, que começa a ser debatida no Senado, pode criar outro problema. “Se a União e os Estados não podem baixar impostos e se a Petrobras não pode rever a sua política de preço, como é que vamos sair desse impasse?”, questionou, cobrando um debate aprofundado sobre o tema.

Famasul – A tese para reformulação da tributação sobre combustíveis também foi defendida pela Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul) que, diferentemente de Longen, manifestou apoio ao protesto dos caminhoneiros desde o primeiro dia, “por entender que, embora represente um prejuízo momentâneo para o setor, é uma forma de pressionar e revisar a política de preços dos combustíveis”.

A entidade ruralista argumenta que o preço do petróleo no mercado internacional sofre pressões de alta, que automaticamente se reproduziu no país com aumento de 11% no preço do diesel desde janeiro deste ano.

Atos se espalharam por rodovias do Estado. (Foto: Ricardo Fernandes)
Atos se espalharam por rodovias do Estado. (Foto: Ricardo Fernandes)

A Famasul lembra que, dos custos da agropecuária no Estado, mais de 50% estão vinculados ao óleo diesel. “Então temos, da porteira para fora, toda uma movimentação de transporte dos nossos produtos”, destaca o comunicado, ao frisar que, conforme a ANP (Agência Nacional do Petróleo), 29% do preço do combustível é resultado de impostos federais e estaduais.

“Então, a redução desses tributos também poderia minimizar os impactos negativos dessas altas internacionais”, complementa a entidade, apoiando a revisão na metodologia para precificação do diesel –nesta noite, a Petrobras anunciou a redução em 10% do preço do diesel por 15 dias.

Da mesma forma, a Faems (Federação das Associações Empresariais de Mato Grosso do Sul) manifestou apoio à greve dos caminhoneiros.

“A Federação compreende que a alta tributação do diesel afeta diretamente os caminhoneiros, impactando no comércio e em toda população. Nossa meta é o desenvolvimento econômico por meio de um comércio forte, respeitando todos os setores que atuam em conjunto para este trabalho contínuo”, destacou a entidade, em nota.

Nos siga no Google Notícias