ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
DEZEMBRO, QUARTA  24    CAMPO GRANDE 32º

Economia

Governo publica decreto que oficializa reajuste do salário mínimo para R$ 1.621

Aumento de quase 7% começa a valer em janeiro e será pago no início de fevereiro

Por Jhefferson Gamarra | 24/12/2025 13:17
Governo publica decreto que oficializa reajuste do salário mínimo para R$ 1.621
Trabalhadora realizando saque de pagamento no caixa eletrônico (Foto: Fernanda Palheta)

O governo federal publicou nesta quarta-feira (24), no Diário Oficial da União, o Decreto nº 12.797, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que oficializa o reajuste do salário mínimo nacional a partir de 1º de janeiro de 2026. Com a mudança, o valor passa dos atuais R$ 1.518 para R$ 1.621, um aumento nominal de R$ 103, o que representa reajuste de quase 7%.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

O governo federal oficializou o reajuste do salário mínimo para R$ 1.621 a partir de janeiro de 2026, representando um aumento de R$ 103 em relação ao valor atual de R$ 1.518. O novo valor será aplicado aos salários e benefícios como seguro-desemprego, abono salarial e BPC. O reajuste combina a inflação de 4,18% com um aumento real limitado a 2,5%, conforme as regras do arcabouço fiscal. O impacto nas contas públicas será de aproximadamente R$ 43,2 bilhões em despesas obrigatórias, considerando que cada real de aumento gera um gasto adicional de R$ 420 milhões.

O novo valor já será aplicado aos salários e benefícios referentes ao mês de janeiro, que serão pagos no início de fevereiro. O reajuste atinge diretamente trabalhadores que recebem o salário mínimo ou múltiplos desse valor, além de benefícios vinculados ao piso nacional, como o seguro-desemprego, o abono salarial e o BPC (Benefício de Prestação Continuada).

O salário mínimo é a menor remuneração permitida para trabalhadores formais no Brasil. A Constituição Federal estabelece que o valor deve ser nacionalmente unificado e suficiente para atender às necessidades básicas do trabalhador e de sua família, incluindo moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social. A legislação também determina reajustes periódicos para preservar o poder de compra, vedando sua vinculação automática a outros fins.

Apesar disso, estudos do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) indicam que o valor ainda está distante do considerado ideal. Em novembro deste ano, o salário mínimo necessário para sustentar uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 7.067,18, o equivalente a 4,66 vezes o piso nacional vigente naquele momento.

Pela regra constitucional, o salário mínimo deve ser reajustado ao menos pela inflação, garantindo a manutenção do poder aquisitivo. Considerando apenas esse critério, o valor passaria de R$ 1.518 para cerca de R$ 1.582, com base na inflação acumulada de 4,18% medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) em 12 meses até novembro.

No entanto, o governo Lula retomou a política de valorização do salário mínimo, promessa feita durante a campanha presidencial. Em 2023, o Congresso Nacional aprovou medida provisória que incluiu na legislação um mecanismo de reajuste que combina a inflação com o crescimento real do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos anteriores. Pela regra original, o reajuste de 2026 consideraria a inflação de 4,18% e o crescimento do PIB de 2024, de 3,4%, o que elevaria o salário mínimo para R$ 1.636.

Em dezembro do ano passado, porém, foi aprovada uma nova lei que limitou o ganho real do salário mínimo a 2,5%, em linha com as regras do arcabouço fiscal. Com isso, o cálculo final considerou a inflação de 4,18% somada ao aumento real máximo permitido de 2,5%, resultando no valor de R$ 1.621 para 2026.

O reajuste do salário mínimo tem impacto direto nas contas públicas. Isso porque diversos benefícios e despesas obrigatórias são indexados ao piso nacional e não podem ter valor inferior a ele. Segundo estimativas do próprio governo, cada aumento de R$ 1 no salário mínimo gera uma despesa adicional de aproximadamente R$ 420 milhões em 2026.

Dessa forma, o reajuste de R$ 103 previsto para o próximo ano representa um acréscimo de cerca de R$ 43,2 bilhões nas despesas obrigatórias da União. O aumento do salário mínimo é um dos principais fatores de crescimento desse tipo de gasto, o que reduz o espaço disponível para as despesas discricionárias, aquelas que o governo pode ajustar, como investimentos e programas específicos e pode impactar a execução de políticas públicas federais.