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Economia

Movimento de clientes diminui e ambulantes "rebolam" pra ter lucro

Caroline Maldonado | 15/07/2015 13:45
Ageu Vaz diz que “está trocando seis por meia dúzia”, porque o lucro não passa de 20% na venda dos relógios (Foto: Marcos Ermínio)
Ageu Vaz diz que “está trocando seis por meia dúzia”, porque o lucro não passa de 20% na venda dos relógios (Foto: Marcos Ermínio)
Para superar a crise a receita é "comer, beber, vestir e não fazer dívida", aconselha Cláudio Borges (Foto: Marcos Ermínio)
Para superar a crise a receita é "comer, beber, vestir e não fazer dívida", aconselha Cláudio Borges (Foto: Marcos Ermínio)

Ruim! Péssimo! Parado! São as palavras que estão na ponta da língua dos ambulantes do Centro de Campo Grande, quando o assunto é o movimento das vendas. Tem gente que já reduziu a lucratividade de 100% para 20% nos últimos meses a fim de dar conta de continuar com o negócio, que além de tudo conta com a marcação da fiscalização e concorrência das lojas.

Os dias de frio, são um pouco melhores para quem vende guarda-chuva, meias e coisas desse tipo. Quem vende o lanche favorito do campo-grandense, a chipa, não reclama muito, mas admite que a crise financeira afeta as vendas.

“É porque a alimentação o pessoal precisa mesmo, então compra para não ficar sem comer”, justifica o vendedor Cláudio Borges, 48 anos, que está há 9 anos no ramo. Ainda assim, no fim das contas “está ruim para todo mundo”, nas palavras dele. Ele lembra a inflação da Capital, que em junho foi de 0,25%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mas que no ano já passou da meta estipulada.

O jeito para não perder freguês é manter os preços até quando der, segundo o ambulante. Com tamanho bom para matar a fome, a chipa dele custa R$ 1,50 desde dezembro do ano passado, mas já deveria ter aumentado para R$ 2 para continuar dando lucro. “A jogada é manter o preço. Assim o lucro cai, por causa da inflação, mas vamos levando”, diz Cláudio, que vende o “cafézinho” a R$ 0,50 e o “cafézão” a R$ 1, dois tamanhos para agradar quem quer economizar os centavos.

Com o inverno e o tempo ajudando nas últimas semanas, o vendedor Eleilson Macedo, 27 anos, está conseguindo manter o lucro em 100%, ou seja, vende o produto pelo dobro do preço que comprou. Isso, porque os artigos de frio que ele vende, como meias, são mais caros nas lojas. “O pessoal deixa de ir na loja para comprar conosco, porque lá paga R$ 9 em uma meia e aqui é três por R$ 5. Faço esse preço pra girar mesmo, senão não vende, porque está parado o movimento esse ano”, explica.

Completando 24 anos, entre o tempo de trabalho na antiga rodoviária e no Centro, Ageu Vaz, 52 anos, diz que “está trocando seis por meia dúzia”, porque o lucro não passa de 20% na venda dos relógios. A culpa, na opinião dele, é da concorrência de quem vende produtos da China e das fraudes em grandes obras, que levam o dinheiro da arrecadação pública no país. “Durante a Copa do Mundo foi ruim, falavam que ia melhorar depois, mas só piorou”, reclama.

Quem vende meias e produtos para o inverno não reclama do lucro, mas admite que o movimento está fraco (Foto: Marcos Ermínio)
Quem vende meias e produtos para o inverno não reclama do lucro, mas admite que o movimento está fraco (Foto: Marcos Ermínio)

Para se manter na praça e não dar vazão ao desânimo na busca pela única renda, tem que chamar a atenção de quem passa na rua e “dar uma de artista”, segundo Ageu. Outra estratégia é lembrar dos tempos de empregado, na opinião do ambulante Mario Camargo, 38 anos, que oferece biscoito de coco nas empresas. “Antes, até as 12h eu vendia 15 potes. Essa era minha meta, mas agora já teve dia que até esse horário eu só vendi 8 potes. Mas eu não largo isso, porque é melhor que ser empregado”, diz. Cláudio, o vendedor de chipa, concorda e aconselha os colegas: “A ideia é comer, beber, vestir e não fazer dívida, porque não tem perspectiva de aumento no lucro, mas temos que agradecer que temos saúde. O pior de tudo é enfrentar esse caos na saúde da cidade”.

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