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Economia

O que fazer hoje para ganhar dinheiro no Mato Grosso do Sul do futuro?

Pesquisa divulgada pelo Senai mostra que o Estado precisa qualificar 142 mil trabalhadores em ocupações industriais até 2023

Anahi Zurutuza e Maressa Mendonça | 11/10/2019 07:00
Alunos da Escola Senai da Construção na aula de instalação hidráulica (Foto: Kísie Ainoã)
Alunos da Escola Senai da Construção na aula de instalação hidráulica (Foto: Kísie Ainoã)

Aos 42 anos, o Estado ainda tem muito para crescer e embora o ecoturismo seja uma importante e lucrativa vocação, o agronegócio e a indústria continuam como os dois grandes pilares da economia, garante quem entende do assunto. Focado nestes dois setores, o que não falta são meios de buscar capacitação e assegurar espaço no mercado de trabalho no Mato Grosso do Sul do futuro.

Pesquisa recente divulgada pelo Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) mostra que o Estado precisará qualificar 142.574 trabalhadores em ocupações industriais entre 2019 e 2023 para suprir a demanda das indústrias já instalada e das que estão por vir. Dica para ter emprego garantido no setor é investir nas ocupações relacionadas a metalomecânica (metalurgia), energias renováveis ou construção civil, segundo o diretor-regional do Senai, Rodolpho Caesar Mangialardo.

“A economia está voltando a aquecer. Temos essas três áreas que estão sendo direcionantes, são formas de garantir emprego rápido”, explica.

Consórcio contratado pela Petrobras para tocar a obra deixou o canteiro com 82% das obras concluídas (Foto: Arquivo)
Consórcio contratado pela Petrobras para tocar a obra deixou o canteiro com 82% das obras concluídas (Foto: Arquivo)

Perspectivas concretas – Uma das grandes promessas, por exemplo, é a retomada do projeto da UFN3 (Unidade de Fertilizantes Nitrogenados 3).

A fábrica de fertilizantes, que começou a ser construída pela Petrobras em Três Lagoas, está sendo vendida ao grupo russo Acron. O negócio tira do “limbo” o projeto parado há cinco anos, apesar de estar com mais de 80% das obras pronto.

O Senai estima que a retomada da construção gere aproximadamente 10 mil empregos diretos e indiretos e com a conclusão, pelo menos 4 mil pessoas sejam contratadas para fazer a indústria funcionar.

A obra, portanto, absorverá mão de obra com capacitação e experiência na construção civil -alvenaria, elétrica, hidráulica, dentre outras especialidades- e depois, a fábrica precisará de trabalhadores qualificados nas mais variadas profissões industriais.

Outra região promissora, conforme previsões do setor, é a de Porto Murtinho, conforme a rota bioceânica, projeto para interligar os litorais do Oceano Atlântico e o Oceano Pacífico no cone sul da América do Sul, for se tornando realidade.

“Por lá, quem tiver capacitado para trabalhar com logística, administração e comércio exterior, terá trabalho. E tem ainda toda a estrutura de manutenção, seja de veículos, barcos, contêineres. Portanto, mais uma vez a indústria da metalmecânica e automotiva terão demanda e estará de portas abertas”, completa Rodolpho.

Emprego on-line - Já prevendo a demanda da UFN3 e de outras grandes indústrias que pretendem se instalar no Estado, mas que por motivos estratégicos, de acordo com Rodolpho Caesar, ainda não tornaram os projetos públicos, o Senai não só oferece dezenas de cursos –gratuitos e pagos, presenciais e à distância–, mas pretende lançar plataforma on-line que conecta empregadores e candidatos.

“Nos mais tardar no início do ano que vem vamos disponibilizar. Mas, a gente já pode destacar que 65% das pessoas que saem do Senai, saem empregados e outros 15% já estão trabalhando e vem para os cursos para aprimorar os conhecimentos”, comentou o diretor.

Michel Duranes, de 33 anos, começou a fazer curso para economizar com os serviços de pedreiro em casa (Foto: Kísie Ainoã)
Michel Duranes, de 33 anos, começou a fazer curso para economizar com os serviços de pedreiro em casa (Foto: Kísie Ainoã)
O aposentado Paulo Roberto da Silva, de 56 anos, quer voltar a trabalhar como autônomo (Foto: Kísie Ainoã)
O aposentado Paulo Roberto da Silva, de 56 anos, quer voltar a trabalhar como autônomo (Foto: Kísie Ainoã)

Projetando – Em 2017, o Senai inaugurou a Escola da Construção em Campo Grande e recebe desde os interessados em aprender um ofício a quem está na área, mas precisa de mais conhecido prático, por exemplo.

Arquiteto há 30 anos, Robson Almeida, 50, conta que se interessou pelos cursos de instalação hidráulica e pedreiro de revestimento porque sentiu a necessidade de entender melhor sobre a execução de alguns serviços para “poder mandar” ou “botar a mão na massa” quando precisar.

Já Paulo Roberto da Silva, de 56 anos, trabalhava como agente administrativo e se aposentou há cinco anos, mas pensa em voltar ao mercado de trabalho. A ideia de participar de um curso na área da construção civil veio após ouvir comentários de um parente da mulher dele que é proprietário de uma construtora sobre a dificuldade em encontrar mão de obra qualificada mesmo com vagas em aberto. “Meu objetivo é aprender e trabalhar como autônomo”.

O curso de instalação hidráulica é o primeiro que ele participa, mas a ideia é participar também de um de pintura. “Quero fechar o pacote, me qualificar porque se surgir uma oportunidade eu pego”.

O guarda municipal Michel Duranes, de 33 anos, disse sempre ter gostado de fazer esses trabalhos de pedreiro, ainda que sem ter passado por nenhum curso. “Tinha que fazer alguma coisa em casa eu ia lá e fazia”. A intenção inicial de se matricular na Escola da Construção é economizar dinheiro com esse tipo de serviço, mas se surgir algum trabalho extra e remunerado ele não vai dispensar. “Por que não?”. Ele já participou do curso de pedreiro de alvenaria e quer fazer também curso de gesso 3D e pintura.

Com meta de capacitar 42 mil trabalhadores em 2019, o Senai já atingiu 44 mil matriculados neste ano e pretende abrir mais oportunidades 2 mil oportunidades até dezembro.

Estudantes do IFMS durante aula no campus de Dourados (Foto: IFMS/Divulgação)
Estudantes do IFMS durante aula no campus de Dourados (Foto: IFMS/Divulgação)

Tecnologia e Agronegócio – Outra instituição focada na educação profissionalizante e formação para o mercado nos setores de tecnologia e agronegócio é o IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul). O estabelecimento público de ensino foi instalado no Estado há 10 anos e tem hoje 15 mil estudantes matriculados nos campi de Aquidauana, Campo Grande, Corumbá, Coxim, Dourados, Jardim, Naviraí, Nova Andradina, Ponta Porã e Três Lagoas.

Até 2023, o IFMS pretende dobrar o número de vagas nos cursos técnicos, abrir mais de 8 mil vagas na graduação e mais de 3,5 mil vagas na pós-graduação. Estão previstos, já para 2020, cursos como o Técnico em Computação Gráfica. Para os próximos anos, também estão programadas ofertas de cursos de graduação em Gestão Pública, Gestão do Agronegócio e Gestão Ambiental.

“Toda a formação dos nossos alunos é voltada para que ele busque formas e tecnologias capazes de produzir de forma eficiente, sem que o crescimento seja ameaça para os nossos recursos”, comenta Gláucia Vasconcelos, pedagoga do IFMS.

Serviços – Mais informações sobre cursos disponíveis nas páginas do Senai e do IFMS na internet.

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