Pra quem se equilibra no temporário, 2020 é tentativa de emprego seguro
Lotada, Funtrab é o cenário de quem começou o ano tentando segurança em meio à crise do emprego
Com leve crescimento, mais inundado pela informalidade e pelos empregos temporários, 2019 foi embora e abre as portas do novo ano com o desafio do emprego seguro no Brasil. Enquanto crescem as indústrias 4.0 e os “contratos modernos” na área de serviços, muita gente começou 2020 batendo à porta da Funtrab (Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul) em Mato Grosso do Sul.
Até quem tem diploma de nível superior patina em meio aos empregos temporários. De janeiro e novembro de 2019, a Funtrab encaminhou para contrato de trabalho 19.181 pessoas, o quarto estado brasileiro em contratações. Serviços gerais e comércio, ainda assim, recheados de vagas que tem prazo para acabar, lideraram as contratações.
Nesta quinta-feira (2), as cadeiras da Funtrab no saguão de espera estavam todas ocupadas. O professor de história Franthiesco Oliveira, 31 é uma das pessoas que já ocupou serviços temporários e, agora, quer emprego para equilibrar as contas e buscar, com mais calma, trabalho como docente.
Ele se formou há 10 anos no curso de história e foi para Foz do Iguaçu (PR) trabalhar como professor. Ao voltar para Mato Grosso do sul, só conseguiu vagas temporárias. “Faz 6 meses que acabou temporário, acho mais fácil começar em bares e comércio para arcar com as despesas e procurar trabalho como professor”, disse.
Uma das esperanças, pontuou, são os concursos da Semed (Secretaria Municipal de Educação) e UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).
Entre janeiro e novembro de 2019, 700 mil pessoas foram à Funtrab buscar trabalho. As que conseguiram um emprego, além de serviços gerais e comércio, conseguiram nos setores de agropecuária e administração. Quem tem apenas o ensino médio ou ensino médio incompleto liderou as vagas.
Diretor-presidente da Funtrab, Enelvo Felini afirma que a principal dificuldade é encaminhar para o emprego quem já tem mais de 40 anos. Em 2020, disse, o objetivo é oferecer mais curso de formação profissional.
“Até agosto Mato Grosso do Sul estava em primeiro em contratação, mas muita mão de obra vai para fora, registra em outros Estados”, disse o diretor, que emenda o cenário “deslocado”, onde muitas pessoas com ensino superior ocupam vagas de pessoas com ensino médio.
A auxiliar de limpeza Cristiane Mendes, 40, procura trabalho há 1 ano e meio e faz faxinas enquanto o trabalho fixo com carteira assinada não vem. Ela trabalhou como auxiliar de limpeza na Santa Casa por três anos, mas o contrato temporário chegou ao fim.
Capaz de fazenda na região de fronteira, em Pedro Juan Caballero, a “face” paraguaia da cidade brasileira Ponta Porã, a 323 km de Campo Grande, Eliel José da Silva, 41, quer deixar a região. No Paraguai, disse, não conseguia serviço com carteira assinada por ser brasileiro. Eliel disse que aproveitou a visita à filha, na Capital, durante as festas, para buscar emprego.
O eletricista Paulo Sério disse procurar, há 4 meses, trabalho na área industrial. Ele contou que o currículo inclui 13 anos no setor de mineração em Corumbá, área industrial de Três Lagoas e, por último, o bairro Indubrasil em Campo Grande, onde acumula-se a maior parte das indústrias de transformação.
“É o que eu sei fazer, meu pai era e me ensinou, tanto faz aqui ou no interior, o que eu preciso é de um emprego”, comentou.
Vagas – A Funtrab oferece 38 oportunidades nesta quinta-feira (2). São vagas para assistente de vendas, auxiliar de limpeza, eletricista e operador de caixa, dentre outras. Exclusivas para pessoas com deficiências há 6 oportunidades, atendente de balcão, auxiliar de limpeza, camareira de hotel, operador de vendas e promotor de vendas.
Os interessados em se cadastrar na Funtrab de Campo Grande devem comparecer à Rua 13 de maio, 2773, de segunda a sexta, das 7h30 às 17h30, com RG, CPF e Carteira de Trabalho em mãos.
