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Economia

Score alto e nome limpo valem mais que renda para financiar uma motocicleta

Os novos emplacamentos já somam 9.351 neste ano, em Campo Grande

Por Izabela Cavalcanti | 27/10/2025 16:17
Score alto e nome limpo valem mais que renda para financiar uma motocicleta
Motos colocadas à venda no pátio de concessionária (Foto: Juliano Almeida)

Com a renda apertada, as motocicletas têm se tornado a alternativa de mobilidade mais acessível, com financiamento facilitado e parcelas menores que as de um carro.

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O mercado de motocicletas tem registrado crescimento significativo, impulsionado pela facilidade de financiamento e parcelas mais acessíveis em comparação aos automóveis. Em Mato Grosso do Sul, foram contabilizados 2.494 emplacamentos em setembro de 2023, um aumento de 9,48% em relação ao mês anterior. O aumento da frota, contudo, traz preocupações quanto à segurança. Dados da Santa Casa de Campo Grande revelam que, entre janeiro e outubro de 2023, 92,2% dos 3.784 atendimentos a vítimas de acidentes de trânsito envolveram motociclistas, com média mensal de 348 casos.

Em todos os casos, é necessário que o cliente tenha o nome limpo para a análise do banco. No entanto, como se trata de um público mais específico, voltado para motoentregadores e aqueles que são autônomos, por exemplo, a renda mensal não é um critério que impacta tanto. Atualmente, alguns bancos deixaram de lado esse requisito.

A renda de um salário mínimo, de R$ 1.518, com parcelas em torno de R$ 800, é capaz de dar a chance de um consumidor ter uma moto nova. O relacionamento do cliente com o banco também conta bastante na hora de ter o financiamento aprovado.

O diretor comercial de uma concessionária de moto na Avenida Eduardo Elias Zahran, Uriá Soares, explica que a aprovação gira em 20% para motos novas de baixa cilindrada.

“Os bancos não analisam mais a renda com muita prioridade; eles analisam o comportamento ao longo da vida, se tem um bom relacionamento com a financeira, o score, se está com o nome limpo. O financiamento é arriscado para o banco, não é questão de ser mais fácil ou difícil”, disse.

Ele pontua ainda que, em regra, o banco pede 3 vezes o valor da parcela na renda do cliente. Mas, hoje em dia, não é isso que conta.

“Há algum tempo, os bancos deixaram de exigir o comprovante de renda como documento necessário. O que pesa mais é a estabilidade: se o cliente mora na mesma casa há tempos, a aprovação é mais fácil; o mesmo vale para o emprego”, completou.

Uriá também dá dicas sobre o que os bancos “adoram”. “Quanto maior a entrada do comprador, o banco entende que há menor risco de inadimplência; com 30% de entrada, o banco adora e isso facilita muito. Prazos de 36 meses são muito bem visto, e a chance para aprovar é muito alta”, orientou.

Ainda de acordo com ele, as taxas bancárias variam entre 1,5% e 3,4%. “O que define a taxa é o score, a condição, a parcela, o valor que vai ser financiado.”

Segundo o gerente comercial de outra concessionária, localizada na Rua Ceará, Zé Luiz Marçal, as vendas cresceram 20% se comparadas ao mesmo período do ano passado. Sobre os financiamentos, ele compartilha da mesma experiência.

“Todo cliente tem potencial; é muito relativo dizer se será aprovado ou não. Eu já vi muitas fichas com o score baixo serem aprovados, porque o cliente tem uma experiência de crédito naquele banco. A gente aprova muitos cadastros sem entrada”, comentou.

Ainda de acordo com ele, também existem maneiras de tentar ajudar o cliente a ser aprovado para o financiamento.

“Acontecem muitos casos, de passar em cinco bancos e só no sexto o cadastro ser aprovado. Acontece caso de mexer no cadastro, de aumentar uma entrada e o cadastro aprovar. Então, a gente tem que trabalhar a ficha”, completou.

No local, também são vendidos seguros, e a maior procura é motivada pela preocupação com roubo e furto. “Hoje, vendemos em média mais de 100 seguros por mês, 70 são contra roubo e furto, porque a pessoa tem aquela segurança, de trabalhar e não acontecer alguma coisa com a moto”, explicou.

Score alto e nome limpo valem mais que renda para financiar uma motocicleta
Arte: Lennon Almeida

Conforme dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), Mato Grosso do Sul contabilizou 2.494 emplacamentos de moto em setembro deste ano, 9,48% maior que agosto, quando foram vendidas 2.278 motocicletas. No acumulado do ano, são 20.757 emplacamentos.

Se comparado ao mesmo período do ano passado, as vendas aumentaram em 4,40%, já que em setembro de 2024 foram vendidas 2.389 motos.

Em Campo Grande, foram 1.113 em setembro contra 978 em agosto, 13,80% a mais. O acumulado do ano está em 9.351.

Segundo o Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito), a frota atual de motocicletas no Estado é de 413.082, sendo 175.563 em Campo Grande.

Seguros - Apesar do aumento no número de motocicletas circulando pelas ruas, o seguro para esse tipo de veículo ainda não é tão comum quanto o de automóveis.

De acordo com o corretor de seguros, secretário adjunto do Sincor-MS (Sindicato dos Corretores de Seguros de Mato Grosso do Sul), Cristiano Costa, pode-se dizer que a cada 10 seguros de carro vendidos, 1 é para moto.

“A grande maioria das pessoas não se preocupa em contratar um seguro para moto da mesma forma que faz com o carro. Esse trabalho já foi realizado pelos corretores e pelas seguradoras há mais de 30 anos; a cultura do seguro de automóvel está difundida e enraizada na população. Já a contratação de seguro para moto é recente. Podemos dizer que, de cada dez seguros de carro, um é para moto, explicou.

Segundo o profissional, há dois perfis principais de motociclistas: os que utilizam o veículo para o lazer e os que dependem da moto como meio de transporte diário.

“Quem tem uma moto de baixa cilindrada, até 400 cilindradas, costuma contratar um seguro voltado para roubo e furto; trata-se de uma cobertura básica, sem assistência de guincho, já que o veículo não é usado para longas viagens. Para motos de média e alta cilindrada, utilizadas em deslocamentos maiores, o cenário muda: o cliente busca uma apólice mais completa, com cobertura contra roubo, furto e colisão, assistência 24 horas e proteção para os acessórios da moto”, detalhou.

Além disso, os números ainda revelam que a maior parte dos veículos no Brasil, incluindo motos e carros, circula sem seguros. De acordo com Cristiano, estima-se que 30% da frota de veículos é segurada e 70% não tem seguro.

Consequência – O avanço da frota também pode trazer uma consequência: mais acidentes. Entre janeiro e outubro de 2025, foram registrados 3.784 atendimentos a vítimas de acidentes de trânsito, segundo dados da Santa Casa de Campo Grande. Desse total, 92,2% envolveram motociclistas, enquanto 7,8% envolveram automóveis.

Os números chamam a atenção para o elevado índice de acidentes com motos, 3.489 atendimentos, em comparação aos 295 atendimentos com carros. A média mensal de atendimentos envolvendo motociclistas é de 348 casos, contra 29 envolvendo automóveis.

O levantamento mostra uma variação ao longo dos meses, com picos de atendimento registrados em janeiro (396 casos), março (388) e agosto (386). O mês com menor número de ocorrências foi outubro, com 221 registros até o dia 20.

Segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), em 2025, até o dia 20 de outubro, foram registradas 11.152 ocorrências de trânsito atendidas pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). No mesmo período de 2024, foram 10.779, e em 2023, 9.877.

Neste ano, as ocorrências mais frequentes envolvem colisões entre carros e motos (4.589 registros), seguidas de quedas de moto (1.949), colisão entre motos (810) e entre carros (582).

Esses dados se referem às ocorrências em que foi necessária a atuação de uma viatura do Samu, podendo ou não ter havido o transporte das vítimas para unidades de saúde.

A Sesau informou ainda que não é possível precisar quantas pessoas foram internadas em decorrência de acidentes automobilísticos, uma vez que os relatórios de internação são organizados conforme os serviços prestados e não pelas causas dos atendimentos.

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