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Economia

Sem queda no movimento, churrascarias atestam força da carne

Para garantir carne de qualidade à mesa, visitas a fornecedores e compra de produto fresco fazem parte do cotidiano dos restaurantes

Elci Holsback | 24/03/2017 12:55
Carne servida é entregue diariamente nas churrascarias (Foto: Marcos Ermínio)
Carne servida é entregue diariamente nas churrascarias (Foto: Marcos Ermínio)

Uma semana após a Operação Carne Fraca vir à tona, não chega a ser de insegurança o clima de empresas que dependem exclusivamente da carne para se manter no mercado. Em algumas das principais churrascarias de Campo Grande, a ordem é mostrar que de fraca a carne não tem nada, já que o churrasco ainda é forte na mesa do consumidor.

A Churrascaria Figueira, na Avenida Cônsul Assaf Trad, está há 16 anos no mercado e, apesar dos impactos para a economia nacional, lá o consumo da carne no local não sofreu alteração de uma semana para cá. No local, são servidos em média 200 rodízios ao dia e o consumo de carne mensal ultrapassa os 4,5 mil quilos.

"Não notamos diferença alguma de público, o fim de semana foi de salão cheio e nos dias seguintes o movimento foi normal. Não acredito que esse problema vai impactar no consumo dos restaurantes", avalia João Francisco Fornari Denardi, proprietário do Figueira.

Mas não há como negar que a situação resultou em novas posturas por parte do consumidor. Quem antes se preocupava apenas em escolher o melhor corte ou a carne mais saborosa, agora, mesmo em tom de brincadeira, questiona a origem da carne.

"Os clientes brincaram muito durante a semana, em geral curiosos se o movimento caiu, de onde é a carne, mas tudo em tom de brincadeira", comenta.

Já a churrascaria Bezerro de Ouro, localizada na Chácara Cachoeira, sentiu o impacto da operação nos primeiros dias. Com consumo médio de 2,5 mil kg de carne ao mês e comercialização de até 300 rodízios em dias mais movimentados, entre os dias 18 e 19 de março, logo após a divulgação da operação, o salão ficou em média 20% mais vazio.

"Nos primeiros dias sentimos que as pessoas recuaram e nem era fim de mês, então foi reflexo desse escândalo, mas esta semana já recuperou. Acreditamos que não haverá mais danos diretos no consumo", avalia o proprietário do restaurante, Renato Meneghini.

Proprietário da Figueira não notou queda no movimento (Foto: Marcos Ermínio)
Proprietário da Figueira não notou queda no movimento (Foto: Marcos Ermínio)

Carne forte na mesa - Nenhuma das churrascarias visitadas comentou a qualidade da carne das empresas envolvidas na operação, como a JBS, que tem unidade em Campo Grande. Os dois empresários entrevistados pelo Campo Grande News afirmaram contar com rigoroso controle de qualidade do produto servido.

Na Figueira, uma nutricionista realiza visitas periódicas ao frigorífico fornecedor das carnes servidas e o processo de entrega é diário.

"Trabalhamos apenas com carnes frescas e a cada dia da semana há entrega de determinados tipos de cortes. Não há carnes congeladas para não haver risco de contaminação. Mas sempre visitamos os frigoríficos e vemos o quanto o controle de sanidade é rigoroso", avalia a nutricionista Pollyana Lemos.

Tanto a Figueira quanto a Bezerro de Ouro utilizam carne da Naturafrig (antiga Navi Carnes), frigorífico localizado em Rochedo - distante 74 km de Campo Grande. Segundo os empresários, a entrega diária e a qualidade são os fatores pela escolha da marca, mas até mesmo açougues da cidade colaboram no fornecimento de carne.

"A carne é sempre resfriada, mas embalada à vácuo, por ser mais seguro. Além do frigorífico, quando necessário também há açougue que fornece aqui na cidade, mas apenas para alguns cortes", comenta o proprietário da Bezerro de Ouro.

Para empresário da Bezerro de Ouro, houve exagero na operação (Foto: Alcides Neto)
Para empresário da Bezerro de Ouro, houve exagero na operação (Foto: Alcides Neto)

Os impactos - Opinião unânime entre os empresários. Para eles, houve exagero na operação, onde empresas idôneas foram envolvidas e julgadas por falhas de outras.

"Não podemos julgar 4,800 frigoríficos que existem no Brasil por causa de algumas unidades. Foi uma estupidez o modo como aconteceu. Para a economia nacional vai ser um rombo", avalia Meneghini.

Já João Francisco Fornari Denardi, avalia que apesar do susto inicial, houve esclarecimento por parte da mídia. Contudo, acredita que os pecuaristas devem amargar grandes problemas.

"Houve alguns exageros, mas depois a mídia esclareceu bem. Essa crise pode até não impactar tanto para nós, empresários, mas com certeza os produtores vão sofrer e isso vai refletir na economia, como já estamos vendo", avalia o empresário.

Empresas reforçam que há controle de qualidade antes da carne chegar ao consumidor (Foto: Marcos Ermínio)
Empresas reforçam que há controle de qualidade antes da carne chegar ao consumidor (Foto: Marcos Ermínio)
Mesmo com crise, consumo não deve cair, avaliam empresários (Foto: Marcos Ermínio)
Mesmo com crise, consumo não deve cair, avaliam empresários (Foto: Marcos Ermínio)
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